Estou achando,por enquanto, que fazer doutorado na área de Teoria da História é como ouvir umas músicas do Gilberto Gil, que sempre estão meditando sobre o tempo e os tempos que vão se seguindo...
Começando com Parabolicamará,trazia os primeiros pensamentos sobre as novas relações entre Tempo - o da "onda luminosa" que, para transmitir informações, levava "o tempo de um raio, tempo que levava Rosa pra aprumar o balaio quando sentia que o balaio ía escorregar"... isso em um baião super dançante "ê, mundo dá volta, Camará!"
E depois a genial Tempo Rei:
Eu acho que a gente estuda História (especialmente a Teoria da História) para levantar questionamentos assim : "Tempo Rei, Oh Tempo Rei!Transformai as velhas formas do viver ensinai-me Oh Pai! O que eu, ainda não sei"
Eu acho que a gente estuda História (especialmente a Teoria da História) para levantar questionamentos assim : "Tempo Rei, Oh Tempo Rei!Transformai as velhas formas do viver ensinai-me Oh Pai! O que eu, ainda não sei"
Ninguém, sozinho, poderá resolver todos os problemas da História do Brasil, mas nos vale levantar questionamentos, sem sermos bruscos ou formalistas , o que significaria uma crença errônea na absoluta capacidade humana de viver somente a partir do racional ... como pensaríamo, então, nossa cultura baseada na cordialidade e em tudo o que isso acarreta de bom e de ruim (como nos alertou Sérgio Buarque), como poderíamos analisar as coisas apenas pelo racional (por exemplo, como um estudioso de um músico como Tom Zé conseguiria um bom resultado se apenas assistisse aos seus shows sentado e analisando racionalmente? E as outras linguagens que ele desperta para serem desenvolvidas - a dança, os ritmos, etc?)
Um dos pontos chave dos estudiosos é perceber um espaço ótimo entre ele e as fontes, sempre descoberto a partir de tentativas de aproximação e afastamento: mobilidade de perspectiva é uma noção importantíssima para o Historiador da Cultura...
No Brasil, questionamentos claros podem estar expressos em letras de canções (como não cansa de dizer Luiz Tatit) e aí não é preciso falar alemão para filosofar, mesmo que a própria canção de Gil nos lembre que a quaqlquer momento o pensamento "poderá não mais fundar nem gregos, nem baianos"... e então?
Então sigamos, lembrando que Guimarães Rosa respondeu em uma entrevista que brasilidade seria um "sentir pensar"... se é assim, porque nós precisamos interpretar a História da Cultura do Brasil como se esta fosse um "pensar sentir"? Não é! É primeiro um sentir e muitas vezes só um sentir, é preciso prestar atenção nisso pra que depois possamos pensar sobre...
Chega, né?
Bom fim de semana a todos os meus possívies leitores !