sábado, 21 de janeiro de 2017

Dois irmãos ( a minissérie) conta uma história dos brasileiros

Como eu ainda não li o livro Dois Irmãos de Milton Hatoum, então não ia comentar nada sobre a minissérie, que assisti todinha (o que achei que fosse me afastar da leitura por um tempo, mas o efeito foi contrário: agora quero muito ler o texto). Não ia comentar nada mesmo, especialmente depois de ler no Facebook um comentário do professor Júlio Pimentel Pinto (não posso opinar sobre qualquer comparação entre a série e o livro) , mas porque também não posso dizer que não fui tocada pela série, cá estou eu comentando. Como já esperava, o primor do diretor Luiz Fernando Carvalho encheu meus olhos de cabo a rabo, a trilha sonora e o enredo... Outra coisa que não foi surpresa para mim foi que meu personagem favorito da série foi mesmo o latente Nael, vivido pelo excepcional Irandhir Santos, que penso que até poderia ter vivido os papeis dos gêmeos, claro, mas ele não é galã como o Cauã Raymond (que nem se saiu mal, vamos ser francos), mas será que Cauã se sairia bem na profundidade silenciosa de Nael? Acho que não ...assisti tudo com atenção, fui imensamente tocada, mas como sou chorona, é interessante que só fui chorar ontem, no último capítulo... e nem foi quando vi a casa (e tudo que ela representa) da mãe Zana ser demolida ao som dessa música linda interpretada por Jo Stafford...mas foi quando  Nael reencontra Omar depois de tudo, e estende a mão para ele, ainda esperando um pedido de perdão que o pai nunca pode fazer. Essa é também a história dos brasileiros (dos sem pais, que estão sempre calados observando tudo) e é também a minha história, sem Nael para contá-la...Em tempo: Luiz Fernando Carvalho em entrevista aqui disse:

"Também não tenho palavras para Irandhir Santos e seu Nael. Um personagem praticamente sem texto, pouquíssimas palavras, mas repleto de gritos no espírito. Nael é a metáfora do povo brasileiro. Seria “o primeiro brasileiro”, aquele miscigenado, filho do cruzamento da raiz indígena com a imigração árabe. Nael é o amanhã, somos todos nós, aquele que vencerá a polaridade mesquinha que nos afoga no presente. Esta é a sua mensagem final. Debaixo de um sorriso — seu único sorriso em toda a série — ele atravessará o encontro das águas do rio Negro e o Solimões, que não se misturam, guiado pelos ensinamentos de Halim."

Halim , seu  pai (o que escolheu seu nome!) e  amigo de Nael  !