Capas da 1a. ed "Primeiras Estórias" de João Guimarães Rosa, 1962, desenhada por Luiz Jardim |
Com a entrada da primavera fui reler uma crônica de Drummond escrita em 1962 para o Correio da Manhã, na qual ele cita o lançamento do livro "Primeiras Estórias" e que foi muito citada em outros textos da recepção crítica guardada por Rosa. Um trechinho dela:
"...Mas comparece outro sinal de primavera. Da mesma cor do ipê amarelo é a capa, desenhada por Luís Jardim, do livro de João Guimarães Rosa, com que a Editora José Olympio celebra a nova estação: “Primeiras Estórias”. E o próprio livro é primaveril, como tudo que sai da cabeça mágica do Rosa : a língua se enfestoa de formas e arranjos novos, alguns tão cheirando a terra que é como se brotassem do chão. O sentimento sutil que ele capta no coração da gente chamada simples lembra as flores e folhas passadas a limpo pela natureza, tão complexas em sua exatidão. Tudo é novo de novo, e tocado de um alegre mistério, sem embargo do trágico de certas situações. E mais uma vez, não facilitem com o Rosa: ele diz sempre ‘outra coisa’ além do que está dizendo; sua arte não fica nas palavras, vai à captação do sentido metafísico do universo." Carlos Drummond de Andrade. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 19 de setembro de 1962
Um último comentário: Eu mesma (e só eu própria) me surpreendo com o trabalho que eu fiz nesse doutorado. Todos os textos de recepção das estórias guardados por Rosa (cerca de 300) estão transcritos e organizados em planilhas comentadas, por isso é bem fácil encontrar o que se quer nesse material...
Será que um dia eu serei tão feliz com um trabalho como fui nesse, que nem sentia como um trabalho, mas um enorme deleite?