sexta-feira, 11 de junho de 2010
A voz do escritor com os poetas Ricardo Aleixo e Waldo Motta
Ontem à noite estive assistindo uma parte do encontro "A voz do escritor" aqui na USP. Recebemos dois poetas, o mineiro Ricardo Aleixo e o Capixaba Waldo Motta. Intressante ouvir esses poetas.
Do Waldo Motta e seu livro "Bundo" eu já tinha ouvido falar aqui nas letras, mas não tinha lido nenhum poema. Ele mesmo leu para nós e, assim como ele mesmo, os poemas são escatológicos, homo-eróticos,reliosos e filosóficos, o que me levou a me perguntar (eu que eventualmente acompanho os saraus dos poetas na Casa das Rosas): Que poeta atual segue caminhos muito diferentes desses? Ao contrário do que ele gostaria, sua poesia não me chocou, nem interessou ou marcou. Lembro apenas frases divertidas dele, como quando se definiu como "bicho e bicha" que adota uma "perspectiva anal" em seus poemas (rs)Foi legal, mas fiquei pensando no perspectivismo do Viveiros de Castro ... será que ele consiguiria "comer" essa perspectiva tão "corporal" de Waldo Motta e voltar a ser Viveiros de Castro? Nunca saberemos. (rs)
Já com a fala do Ricardo Aleixo eu me identifiquei mais e como não o conhecia, foi uma agradável surpresa. Sua narrativa sobre os primeiros contatos com a poiesia, que teria se dado à partir do futebol-arte de Ademir da Guia, o "filho do Divino Mestre", que encarnava um "histórico" familiar de poetas da bola ao relembrar constantemente seu pai Domingos da Guia, o "Divino Mestre". Interessou ao Aleixo todo o conjunto de linguagens que o futebol que proporcionou desde a infância: a poesia dos toques de bola; a rapidez das "narrações" ouvidas no rádio - ele se espantou chamarmos de "narradores de futebol", porque o que um narrador narra algo que já aconteceu e esses narram o acontecimento enquanto ele ainda está em processo, por isso tanta velocidade - a força de possibilitar uma inclusão social do jogo... esse tipo de percepção é coisa de poeta, não acham? Um olhar para o mundo procurando um "não-lugar" onde a vida não seria, de antemão, nem boa nem ruim, mas diferente: a poesia. O que interessou ao Aleixo não foi a competição, mas o jogo, porque para o futebol-arte o processo de constução da poesia interessa mais que o resultado final(me lembrou muito os times do Santos))! Isso me emocionou muito e eu me lembrei de quando eu li as crônicas de Nelson Rodrigues sobre futebol: Era, como a literatura também é,uma reenunciação da vida e dos seus dramas. Adorei!
Uma coisa se repetiu na fala dos dois poetas sobre a sua vida até então: Sempre há um momento em que as condições pioram e a poesia não se torna a melhor opção possível, mas sim a única possibilidade de permanecer vivendo, ou seja, a poesia não é mais uma forma de ressignificar o mundo, mas é ela mesma o próprio sentido, justificativa e finalidade da existência... Isso é a paixão, que deve envolver todos os homens, de preferência sempre...
Adorei mesmo ter ouvido vozes poéticas, nesse mundo tão raso e seco...
Do Waldo Motta e seu livro "Bundo" eu já tinha ouvido falar aqui nas letras, mas não tinha lido nenhum poema. Ele mesmo leu para nós e, assim como ele mesmo, os poemas são escatológicos, homo-eróticos,reliosos e filosóficos, o que me levou a me perguntar (eu que eventualmente acompanho os saraus dos poetas na Casa das Rosas): Que poeta atual segue caminhos muito diferentes desses? Ao contrário do que ele gostaria, sua poesia não me chocou, nem interessou ou marcou. Lembro apenas frases divertidas dele, como quando se definiu como "bicho e bicha" que adota uma "perspectiva anal" em seus poemas (rs)Foi legal, mas fiquei pensando no perspectivismo do Viveiros de Castro ... será que ele consiguiria "comer" essa perspectiva tão "corporal" de Waldo Motta e voltar a ser Viveiros de Castro? Nunca saberemos. (rs)
Já com a fala do Ricardo Aleixo eu me identifiquei mais e como não o conhecia, foi uma agradável surpresa. Sua narrativa sobre os primeiros contatos com a poiesia, que teria se dado à partir do futebol-arte de Ademir da Guia, o "filho do Divino Mestre", que encarnava um "histórico" familiar de poetas da bola ao relembrar constantemente seu pai Domingos da Guia, o "Divino Mestre". Interessou ao Aleixo todo o conjunto de linguagens que o futebol que proporcionou desde a infância: a poesia dos toques de bola; a rapidez das "narrações" ouvidas no rádio - ele se espantou chamarmos de "narradores de futebol", porque o que um narrador narra algo que já aconteceu e esses narram o acontecimento enquanto ele ainda está em processo, por isso tanta velocidade - a força de possibilitar uma inclusão social do jogo... esse tipo de percepção é coisa de poeta, não acham? Um olhar para o mundo procurando um "não-lugar" onde a vida não seria, de antemão, nem boa nem ruim, mas diferente: a poesia. O que interessou ao Aleixo não foi a competição, mas o jogo, porque para o futebol-arte o processo de constução da poesia interessa mais que o resultado final(me lembrou muito os times do Santos))! Isso me emocionou muito e eu me lembrei de quando eu li as crônicas de Nelson Rodrigues sobre futebol: Era, como a literatura também é,uma reenunciação da vida e dos seus dramas. Adorei!
Uma coisa se repetiu na fala dos dois poetas sobre a sua vida até então: Sempre há um momento em que as condições pioram e a poesia não se torna a melhor opção possível, mas sim a única possibilidade de permanecer vivendo, ou seja, a poesia não é mais uma forma de ressignificar o mundo, mas é ela mesma o próprio sentido, justificativa e finalidade da existência... Isso é a paixão, que deve envolver todos os homens, de preferência sempre...
Adorei mesmo ter ouvido vozes poéticas, nesse mundo tão raso e seco...
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