domingo, 26 de junho de 2016

"História. Ficção. Literatura." de Luiz Costa Lima



Quem esteve na defesa da minha tese ou me acompanhou durante o doutorado deve se lembrar como eu pirei com esse autor e esse livro, não é?
No caso dessa publicação, mais do que seu conteúdo - resultado parcial de longa pesquisa sobre Ficção que ainda está se desenvolvendo -, chamou  a minha atenção o título:



História. Ficção. Literatura.

Temos aqui representados, três tipos diferentes  de discursos, que de comunicam e  interagem, embora nenhum chegue a se transformar no outro (cada um tem seu próprio ponto final, que demarcando seu limite).


Se começamos admitindo que a  História é o discurso que se apresenta como verdade dos fatos. Terminamos na Literatura, que é o discurso que se apresenta como verdade da arte da palavra.
Entre elas está a FICÇÃO, que é um processo complexo  de INTERMEDIAÇÃO CRIATIVA entre a realidade histórica e a arte literária.

Eu ainda gosto dessa ideia e a considero mais complexa e respeitosa com as peculiaridades de cada discurso do que  tentar nivelar tudo em comparações grotescas.
Mas essa é apenas a minha opinião, não é uma verdade absoluta. 

SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE HISTÓRIA E LITERATURA, NOVAMENTE

Guimarães Rosa escrevendo
Na última vez que ouvi Carlo Ginzburg falar sobre as relações entre História e Literatura (em 2007, no contexto do lançamento de O fio e os rastros, na FFLCH), ele se colocou contra o estabelecimento do que chamou de "relações 1 a 1" (que entendi serem relações diretas entre os discursos).
Adorei isso, porque, pensando em minha longa pesquisa histórica sobre Guimarães Rosa, acho que o projeto literário rosiano é grande, minucioso e poderoso por si só. Compará-lo diretamente a textos sociológicos ou a historiografia é uma boa forma de não compreendê-lo.
Também penso que cobrar dele militância ou posicionamentos mais objetivos é desprezar (ou rejeitar mesmo) sua mais profunda forma de expressão, que está escorada nos movimentos da linguagem, e é dali que ele pode expressar melhor a sua voz.
E não acho pouco. Tanto que até hoje buscamos compreende-lo em sua plenitude.
Viva a literatura. Viva a literatura de Guimarães Rosa.