sexta-feira, 29 de junho de 2012

"O cérebro é plástico e a experiência o molda constantemente." Oliver Sacks



Esta entrevista de Oliver Sacks é interessante, emocionante, humana! Seu interesse declarado em ouvir a narrativa dos pacientes neurológicos, saber o que eles contam sobre como aprenderam a conviver com suas moléstia se isso deve ter despertado seu interesse em narrar. Isso me lembra tanto o Guimarães Rosa: ouvir todos como se fossem o mais interessantes dos fenômenos, essa foi a profissão de fé de Rosa, não foi?
Mas os médicos não costumam trilhar esse caminho até o humano. Eu sei como é isso, convivi muito com neurologistas e eles, em especial, nos fazem esquecer que somos também pessoas, como eles e que não nos ajuda sermos tratados como máquinas, mas ao sentirmos estranhamentos causados por distúrbios neurológicos, sentimos mesmo que o mundo foi dado completamente a nós, desde que nosso cérebro funcione perfeitamente e se ele não funciona, cabe a voz apaziguadora do médico nos falar palavas incentivadoras, que nos fale de possibilidades de contorno de situações aparentemente incontornáveis: O cérebro é plástico  e  a experiência o molda  constantemente.
Acho linda a ideia da narratologia! Escrevi sobre isso na minha dissertação: nós, seres humanos, podemos ser biologicamente parecidos, mas é preciso ter sempre em mente que cada um de nós possui um cérebro único, que está constantemente sendo modelado a partir de nossas vivências, das nossas narrativas individuais e intransponíveis. É por isso que pessoas intelectualmente bastante  comprometidas precisam tentar conseguir alguma forma de cantar, ou dançar, atuar, ou simplesmente contar causos.  O sentido das nossas vidas é narrá-las de alguma forma, para isso nosso cérebro está sempre de moldando e ai, na narrativa, temos as curas de moléstias incuráveis!
Gostei, especialmente, do depoimento final sobre o fato de não conseguir mais se lembrar tão facilmente dos nomes das pessoas, por isso ele anota, mesmo sendo um pouco desagradável.
Eu sei bem o que é isso. Nem sempre me lembro dos nomes das pessoas, dos livros, das obras...eles não foram perdidos, uma hora qualquer eles aparecem, pena que  não sempre que preciso deles! (rs)
Vale muito a pena ouvir/ Oliver Sacks!