O dia não estava muito normal, uma garoa fina e constante (São Paulo , terra da garoa!), manifestações bolsonaristas contestando o resultado das últimas eleições (nada mais anti democrático) bloquearam as rodovias, causando uma espécie de caos no acesso à cidade, tinha tudo para eu não ir,mas eu fui.
Tudo bem que foi mais fácil, porque saí da terapia ali no metrô Praça da Árvore, ainda deu pra dar aquela passadinha na Livraria Martins Fontes cheirar livro novo, tomar um capuccino com um lanchinho na comedoria do Sesc Consolação. Todo esse ambiente que me faz bem frequentar.
Queria ter me arrumado mais, mas estava atrasada e estava frio, fui de cara lavada. Mas de azul...Ouvi elogios de senhoras gentis no Sesc:"uma menina bonita dessas..." Eu recebi e tomei posse!🤩 |
Claro que não sabia quem ia se apresentar, foi Lello Bezerra, de olhar os instrumentos no palco antes de começar , achei que fosse um percussionista
Mas não é. Embora ele tenha trazido maravilhosas mulheres pretas, Sthe e Valentina, que temperaram a percussão. No site do Instrumental o apresentam assim
Lello é um músico pernambucano, faz um som muito complexo, pra bons ouvintes, e como o teatro não chegou a encher muito devido ao contexto caótico daquela noite, e o som não era simples,nem todos ficaram até o fim, o que lamentei.
Sobre Lelo, sua guitarra é doce e límpida, sempre ponteada por sons sampleados, me lembrei de certas faixas da Orquestra Popular de Câmara, é um som pra apreciadores de música Instrumental.
Como você pode conferir abaixo:
Seu som limpo, mas sempre entrecortado de ruídos, era uma novidade para mim, fui recebendo e curtindo como pude. Como era um som cheio de movimento,pareceu trilha sonora de algum filme, sonoplastia de alguma animação tipo "O menino e o mundo".
Lembrei de como estranhei quando, há muitos anos, ouvi o maravilhoso grupo UAKTI fazer a sonoplastia de um filme ao vivo no Sesc Vila Mariana,mas meus ouvidos não estavam apurados. Imagina sem filme pra apoiar... Foi um espetáculo pra escutadores.
Quando entrou a Patrícia Palumbo o Lello enfim explicou que o "deposito emocional" daquele som contava uma história mesmo, a de um retirante chegando na cidade... Fez ainda mais sentido para mim ouvir aquilo. Amei.
Devia ter dado um zoom nos crespos delas. Pena não ser fotógrafa |
Mas bonita mesmo foi a participação das percussionistas negras maravilhosas, com seus crespos exuberantes os quais não conseguia parar de olhar ! Elas trocaram "muitos brinquedos" e até som eletrônico no computador (isso muito sonoplastia) e meu coração as aplaudiu.
Foi atípico, mas aprendo sempre ouvindo música Instrumental e estando num ambiente tão saudável como esse.