sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Sobre "No Mar", de Toine Heijmans


Pela terceira vez comecei a a ler o livro "No mar", de Toine Heijmans, que me dei de presente de aniversário, mas não consigo engrenar na leitura, embora, acreditem, esteja gostando muito. Certamente a irregularidade na leitura deve-se a problemas meus. A escrita é fluída e começa logo levando a gente para dentro de um barco nomeio ao mar ...não me assustou nem me atingiu de cheio, mas é bom de ler. O navegador está em seu barco, apenas na cia de sua filha Maria, de 10 anos, e sabe que precisa manter tudo sob controle por ele por ela:
"Na primeira noite de nossa viagem no mar, Maria apareceu de repente na porta da cabine, um espectro:
'Não estou conseguindo dormir. Tudo estala e range', ela disse.
'Eu também passo por isso na primeira noite no mar', comentei.
'Posso ficar com você?'
'Amanhã. Primeiro vá dormir. No mar é importante que você durma bem.'
'Mas primeiro você precisa tirar aquele morto de lá. Aquela coisa pendurada dá medo.'
'Vou tirar.'
Tirei o macacão do gancho e pendurei em outro lugar. Levei Maria de volta ao camarote de proa, coloquei-a sob as cobertas e entoei canções que cantava quando ela era bebê. Ela pegou no sono.
Naquela noite, ainda acordou mais uma vez. Na segunda noite, não mais.
Maria é uma criança forte. Foram poucas as vezes que a vi com medo. De qualquer forma, ela não conhece o medo adulto, que esmaga os miolos da gente. Medo de criança é diferente. É fácil de espantar. Como uma lâmpada que você acende e apaga: você canta uma musiquinha ou inventa uma história, ai ela ri e logo dorme.
Medo mesmo a gente só sente mais tarde.
Agora ela está dormindo e eu preciso lutar contra meus próprios medos. Tenho que permanecer tranquilo. Se estou tranquilo, Maria se sente tranquila. Funciona assim com as crianças." (P.11-2)

Eu tenho uma amiga  que sempre diz que eu sou uma criança grande. Quando eu li esse trecho lembrei del, porque ontem (hoje também) só queria que alguém me fizesse dormir cantando Murucututu ou outro acalanto... como não tem mais isso aqui, eu mesma me acalentei (privilégios de ser grande, talvez), mas o medo (e o frio) continuam...