sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

SANTA MARIA, ESTRELA DO DIA ...



Pensando cada vez mais em Elomar, planejando escrever muitos posts sobre ele, eu achei um vídeo fenomenal sobre a referência a sonoridade medieval que nas músicas do sertanejo encontramos. A legenda deste vídeo no Youtube esclarece:
"O concerto Confissões reúne excertos do livro de Agostinho e mais algumas peças de compositores como J.Bach, Villa-Lobos, Elomar Figueira, dentre outros. Cada uma das peças é acompanhada da leitura de trechos das "Confissões", em que a música e a seleção da leitura estão condizentes e coerentes com a narrativa de Agostinho. Esse concerto é mais um dos elementos do projeto "Música & Literatura", Formado por: Petrônio Joabe,Elton Becker,Lana Sheila,João Omar
CANTIGA MEDIEVAL DE St.MARIA, D.Afonso X."
Ao escutar essa canção pensei que ela não me era estranha, a melodia era a mesma que Antonio Nóbrega - pesquisador da Cultura Popular pernambucana - citava em "Abrição de portas", primeira faixa do seu disco "Madeira que cupim não rói" ... Elomar é fortemente influenciado pela musicalidade trovadoresca, mas não só ele, toda nossa cultura popular! Esta é uma das graças da cultura: sozinha ela nunca exclui, apenas agrega e transoforma! Eu adoro História das Culturas!
Talvez no próximo eu volte a escrever mais diretamente sobre Elomar... veremos!

CANTIGA DE ARRUMAÇÃO

Em 2003 eu fiz uma viagem a Minas Gerais, passei dias seguido de Belo Horizonte até Diamantina e vivi muitas experiências estéticas, simbólicas, históricas, musicais e emocionais... Uma delas aconteceu em Diamantina, quando um casal que estava em lua de mel se contaminou com o clima seresteiro da cidade e começou a tocar e cantar em praça pública uma música que eu conhecia de muito tempo, e sempre chamou violentamente a minha atenção: era estranha, a letra era incompreensível e a sonoridade era toda nova, me dava medo... Era a cantiga de Arrumação, do cantador Elomar Figueira de Melo.

Recapitulado: Eu estava no norte de Minas- e um casal em lua de mel começou a cantar uma música que eu conhecia e que sempre me causou medo pelo estranhamento das linguagens utilizadas... deu para perceber, né? Estranhamentos lingüísticos sempre me chamaram a atenção. Eu lembro que eu escutava a finada Musical FM, a rádio MPB e foi nela que entrei em contato com a fina flor da música popular brasileira como Clube da Esquina, Chico e Caetano, Bossa Nova, Rita Ribeiro e... Elomar... Quando eu ouvia os acordes iniciais de Arrumação sentia um medo (medo do que eu não compreendia) mas não conseguia trocar de estação...só pensava “xi, de novo a música do feijão”, já que esta era uma das poucas palavras da letra que eu sabia o que era...(naquela época eu nem conhecia Guimarães Rosa ainda...) acabei me esquecendo dela, já que a Musical morreu e quando o casal começou a cantar, avisando que iam tocar uma música um tanto diferente da sonoridade das serestas dimantineiras, mas ainda assim com seu sentido para aquela viagem, já que estávamos a porta de entrada do sertão, quando Minas se aproxima da Bahia... Elomar é do sertão da Bahia, de Vitória da Conquista, cidade que está sempre aparecendo em minha vida, mas que ainda não conheci... Hoje senti saudade de um lugar que não conheço mas que eu sempre desejei, de Vitória da Conquista. Vamos ouvir a assustadoramente diferente canção de Elomar: