sexta-feira, 2 de junho de 2017

No Baile Black do Mano Brown e a dor do não pertencimento



Graças à gentileza de um amigo, consegui comparecer ao baile Black do Mano Brown no dia 01 de junho de 2017... com toda aquela gente preta linda, moços e moças esteticamente belos e alegres... coisa mais linda não há!


Sobre o Mano Brown é  o cara! Que porte, que discurso ...um  homem enorme, exuberante e eu confirmei o que eu pensava antes :não sou tão mulherão para encarar um cara assim, não saberia nem por onde começar...mas chama a atenção, e como chama...

Era meu sonho ir a um baile black e, claro, achei delicioso, encantador. O contato com a  cultura negra, que é parte significativa de mim,  e na qual é comum que me incluam (sem perguntar o que eu sinto, claro) e é um universo que sempre me foi negado e só na  vida adulta que fui resgatar com força  e estudar essa herança. Mas ontem fiz um teste prático e constatei que em meio a todos eles, verdadeiramente, eu também não me senti pertencendo àquilo tudo em nenhum momento.

Sou sempre uma intrusa. Não é nada fácil.

É começar a vivenciar aquela ideia do Sérgio Buarque: Aqui nesse país miscigenado, somos estrangeiros em nossa própria terra (não somos europeus, não somos indígenas, nem africanos... somos brasileiros mestiços). Isso é lindo, mas como dói.



Mas pelo menos naquela noite eu fingi pertencer àquele grupo e cantei, de coração :
"...eu fui no baile, no baile black... ", sem medo do vazio do dia seguinte.