terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O Palhaço - Filme ... novamente


Quando assisti esse filme  no cinema já abordei muito aqui. Mas agora, por conta da minha pesquisa de doutorado  estou revendo o DVD e os extras para tentar entrar mais profundamente nesse clima e nesta pesquisa. No livro sobre o filme o diretor/ator Selton Mello deixa o seguinte depoimento que justifica deste filme para minha  pesquisa sobre infância
:


Também porque eu  acho (sempre achei, mesmo bem antes deste filme) que a cultura circense é fundamental para quem quiser entender nossa terra. Isso porque, também a história do Brasil, é aquela dos que se locomovem para garantir a sobreviência, o brasileiro é antes de tudo um  nômade... mesmo que possa não ser no sentido exato de deslocamento do corpo, ele é um nômade interior ... é sobre isso que trata o maravilhoso filme de Selton Melo. Transcrevi um texto do ator Paulo José, lido pelo Selton  nos extras do DVD que dá conta de tocar ligeiramente a experiência do circo e do seu rei que é o palhaço :

"Os palhaços raramente eram apenas palhaços. O palhaço tinha outras técnicas: podia ser a música; a acrobacia; o malabarismo; ser amestrador de animais. Meu pai sempre dizia que não se começava sendo palhaço, isso vinha depois. A primeira coisa era aprender um ofício, uma técnica. E com a vida, com a experiência do contato humano e com o gosto do contato humano, lentamente, a técnica ia se tornando menos importante e o mais importante ficaria sendo a personalidade.O fato de se morar dentro da cerca e ter pouco contato com o mundo lá fora, faz com que a convivência familiar seja mais intensa.
O palhaço permanece sempre no absurdo, sempre no imaginário, no paradoxo, no grotesco. O palhaço deve fazer rir e pensar, sonhar e refletir. O palhaço não tem psicologismos: sua lógica é física, ele pensa e sente com o corpo. Na medida em que o mundo, cada vez mais,  perde a capacidade de brincar e se reinventar, ainda mais fundamental se torna a figura do palhaço, este ser viajante no tempo e na história da humanidade."Paulo José  

 Ainda no  livro sobre o filme,  tem uma crítica linda :


Sempre  fui e vou me tornando  cada vez mais uma fã deste filme, por isso nem ligo que ele acabou nem indo ao Oscar ...quem tem esse repertório cultural e emotivo não precisa de uma estatueta...