terça-feira, 7 de setembro de 2021

A leveza (extrema) de "Apague a luz se for chorar", Fabiane Guimarães

 


Começo com a premissa 


Como sempre, quis ler em setembro pelo menos um contemporâneo e um livro mais clássico. De contemporâneo eu tinha algumas opções, mas achei que estava lendo muitos homens, novamente.

O livro chegou no dia 2 de setembro e a primeira coisa que observei foi que é um livro usado, mas guarda cheiro de novo, como se nunca tivesse sido manuseado, uma delícia. A edição da Alfaguara traz na capa "Alfaguara"(2020), de Marcelo Cipis, e as cores, a ousadia, me dão vontade de vestir o livro, pôr na cabeça como um turbante.

Observando a edição, vi que o livro é dividido em curtos capítulos, , que se intitulam "Cecília" ou "João". Sem medo de spoiler, não resisti a observar se no final tinha um "Cecilia e João", mas a Fabiane não me deu essa brecha.

Apesar do titulo que me lembra um filme, foi com um pouco de desencanto que, antes de começar a ler, ouvi uma resenha comparando o livro a uma série da Netflix, Não sei do que se trata e não sei se é elogio, mas comecei a vislumbrar a chance de eu achar uma bobagem, mas precisava ver como a autora escreve.

Como foi? Logo no começo escrevi :

Estou ainda no comecinho e, embora a leitura flua, não é tão rápida quanto imaginei, é leve, sem aquele absurdo inesperado de poeticidade que foi "a palavra que resta", ou mesmo "mar morto", é um livro legal apenas e gostaria de ter lido um assim depois do desconfortável "o ano em que vivi de Literatura". Mas estou lendo agora, depois de excessos líricos, vamos com calma. As curtas narrativas de Cecília e João se alternam e isso ainda me incomoda, logo acostumo. Por hora, incrivelmente, estou preferindo a da Cecília e o mistério da morte dos pais, pois desperta curiosidade. A do João, o belo e dedicado pai solteiro de uma criança sem cérebro não me desperta muitos sentimentos. Embora ambos sejam veterinários, a história do João é a mais cheia de pets (saudáveis ou doentes) e isso demora a me interessar (pet, prefiro o dos outros, nas casas deles). Sigamos a leitura da jovem escritora guianense ”


No final, acabei achando os dois personagens bem fracos e escrevi um resumo bem sintético sobre o livro :

Achei o livro leve, até demais. Antes de ler, ouvi de alguém disse que podia ser uma série da Netflix, e agora que acabei tenho que concordar. De um livro, sempre espero mais, mesmo de uma estreia (acabei de ler o primeiro romance de Stênio Gardel "A palavra que resta" e achei a qualidade literária infinitamente maior, por exemplo). No começo achei a história da Cecília mais interessante por ser mais suspense e mistério, mas concordo que ela, como personagem, é bem fraca, cria histórias malucas e acredita nelas, tornando muito mais enfadonho. Já o João, achei bem sacal, pra falar a verdade. Talvez eu esteja traumatizada com o Graciliano de “O ano em que vivi de literatura”, mas problemas masculinos me interessam zero, Ok, é um pouco de maldade minha, o veterinário João é um pai dedicado de uma criança deficiente, mas não me tocou, não mesmo. Na verdade tanto João quanto Cecilia achei personagens ruins. Só me identifiquei com eles em dois momentos, com Cecília que não gosta de música sertaneja, e com João, que detesta comida japonesa. De resto, nada muito original, duas personagens de classe média e estudados que, cada um a seu modo, julgam o resto do mundo a partir da sua régua. Gostaria de saber mais sobre o personagem Caio, que traria outros assuntos densos pra trama, pois é homossexual, sofreu homofobia, tem muito menos formação, dinheiro e oportunidade do que os personagens principais , mas poderia ter melhorando bem o romance.

 Enfim, valeu a experiência de ler uma autora nova, espero ler trabalhos melhores adiante.

Espero voltar a ler um romance que me toque, me perturbe, me tire da zona de conforto.