sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Qualquer semelhança com fatos atuais é só semelhança?


"...Há outros silêncios intencionais, claramente criminosos. Sabemos hoje, com pesquisas históricas e arquivísticas, inclusive aquelas realizadas a pedido da Comissão Nacional da Verdade, que muitos dos fatos sistematicamente negados e desmentidos pelos militares, e que não encontravam comprovação independente de testemunhos das vítimas, aconteceram desde o primeiro dia da ditadura militar instaurada pelo golpe de 1964. Arquivos foram destruídos, outros escondidos, mas sabemos com certeza, hoje, que a tortura e o desapaecimento de pessoas nos porões da ditadura não foram, como tantas vezes nos quiseram convencer, uma reação de um governo em guerra contra a luta armada desencadeada por parte da esquerdaa partir de 1968.Desde o primeiro dia do regime de 1964 prendeu-se e torturou-se neste país. Homens e mulheres, especialmente os sindicalistas de então, fossem comunistas, nacionalistas, trabalhistas, socialistas,ou não,sofreram a violência inominavel da tortura por parte dos Agentes do Estado. Muitos deles perderam seus empregos e ficaram impedidos de conseguir outros pelo conluio entre governantes  e dirigentes das empresas que os demitiram. O silêncio que se difundiu sobre a tortura e o desaparecimento de pessoas no início do período ditatorial, produzido pela covardia dos que apoiaram o golpe nas ruas, nas  associações empresariais e patronais, na imprensa, nos quartéis, aqui e no exterior, contaminou, por muito tempo, a palavra de historiadores que silenciavam sobre o que não podiam comprovar: o terror do regime de 1964, que tomara o poder apoiado por aqueles que diziam falar em nome de Deus, da democracia e da paz social, palavras que, vistas depois da experiência histórica das últimas décadas, me parecem mais heterônimos de certas frações do capital." 

Marcelo Jasmin. "Silêncio da História: experiência, acontecimento, narração" In: NOVAES, Adauto (org).O silêncio e a prosa do mundo. São Paulo: Edições SESCSP, 2014, p.256-7 .

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

LEITURAS DELICIOSAS


Comprei esse na liquidação da Loja Sesc antes do Natal, estou lendo aleatoriamente e demoradamente os artigos e estou ADORANDO...li primeiro o que me levou a comprar o volume que é A descoberta da linguagem, do Francisco Bosco e ele me abriu caminhos para pensar diferentemente sobre as engraçadas falas de crianças ao Pedro Bloch. Bosco fala do gênio como possibilidade inventiva e as palavras em Sartre, e não que ele cite textualmente, mas algumas ideias que ele apresenta me fizeram lembrar de Benjamin lido por Agamben em "Infância e História"... que leitura sensacional essa do Bosco (eu queria escrever claramente assim um dia!).

Esta manhã li a metade de Silêncios da História: experiência, acontecimentos, narração, do Marcelo Jasmim (que nome floral!)... e ele menciona os atos de fala de Austin para abordar o Silêncio da História! Ai fiquei abismada porque isso, de outra forma, também está na minha tese que, embora não pareça, é uma tese de pura Teoria da História, ainda que ninguém quis aceitá-la dessa forma! Lembro que o professor Luiz Costa Lima disse, na defesa, que não via Austin em Rosa em momento algum, que era para eu repensar esta relação na revisão,repensei e deixei como estava, lembando que na hora eu quase recomentei que ele lesse e relesse Os três homens e o boi dos três homens que inventaram um boi!) ...
Ai leio esses artigos e penso que não é possível que eu tenha feito um trabalho tão ruim quanto ficou parecendo, não é !

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Os Emigrantes de W.G. Sebald e a História (pode conter spoiler)

Se é que de fato sou historiadora, devo muito isso aos clássicos lidos na graduação e às experiências de pesquisa, mas acho que aprendi mesmo sobre as possibilidades e limites dela através da literatura. É sempre bem vinda a presença de um contraponto inicial. Em 2005 eu estava muito doente e mesmo assim tentava fazer mestrado, foi quando li esse fantástico livro de Sebald, para um curso de pós...lembro dele sempre, especialmente desse fragmento, que me ensinou tanto sobre História, suas narrativas e fluxos. Sim, isso já estava em outros textos, especialmente nas Teses sobre o conceito de História de Benjamin, mas ficou registrado em mim, mesmo, por essa narrativa:

Mas, cada vez entendo melhor, certas coisas têm um jeito inesperado de retornar, muitas vezes depois de longo tempo ausentes. Pelo fim de julho de 1986 passei alguns dias na Suíça. Na manhã do dia 23 fui de trem de Zurique a Lausanne. Quando o trem cruzou lentamente a ponte do Aare, entrando em Berna, meu olhar viajou da cidade à cadeia de montanhas. Se não estou apenas imaginando agora, lembrei-me do dr. Selwyn nessa ocasião pela primeira vez depois de muito tempo. Quarenta e cinco minutos depois, para não perder a visão daquela magnífica paisagem do lago de Genebra, já ia deixando de lado um jornal de Lausanne, comprado em Zurique, que estivera folheando, quando uma noticia chamou minha atenção: dizia que os restos mortais do guia de montanhas Johannes Naegeli, desaparecido em 1914, tinha sido devolvido depois de 72 anos pela geleira de Oberaar. - Assim, pois, retornam os mortos. Às vezes depois de sete décadas eles saem do gelo e ficam deitados na beira da morena, um montinho de ossos polidos e um par de botas com cravos. W.G. Sebald Os Emigrantes, p. 28.

O passado não passa assim tão facilmente, tem sempre algum corpo em alguma geleira, alguma foto, algum resquício, alguma nota ...tudo isso é narrativa e também pode contar história.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Vovô Joãozinho de chupeta



Depois de cerca de dois anos, enfim, um artigo meu saiu do prelo. Trata-se de Vovô Joãozinho de chupetacorrespondência de Guimarães Rosa para Vera Ooó e novas visões sobre acriança no século XX, 
Este texto é muito importante, pois ele apresenta, a um só tempo, faces da minha tese sobre infância em Guimarães Rosa e já indica s ideia que tento desenvolver no meu pós-doc, de observar uma certa  preocupação por parte do século XX em valorizar a voz da criança, da forma mesma como ela é expressa.  Não vou mais falar tanto dele, deixo apenas as palavras de um dos pareceritas que o aprovou na revista:


"A historiadora da infância Egle Becchi defende que o historiador da infância deve estar aberto à multidisciplinaridade, para dar conta de interpretar as experiências da criança de um outro tempo. O trabalho submetido é um ótimo e refinado exemplo dessa interdisciplinaridade:recorrendo à linguística, à psicologia, à antropologia, à sociologia,à história, constrói, com extrema habilidade, um consistente objeto de pesquisa. De fato, o artigo traz um arcabouço teórico de peso, que,infelizmente, não é comum na historiografia da infância brasileira,razão pela qual é modelar para estudos futuros, merecendo, por essa razão, ser publicado e amplamente veiculado.Também é interessante a riqueza empírica de que o trabalho se apropria, recorrendo à fontes imagéticas, escritas ordinárias, história oral, literatura, construindo, assim, imagens bem matizadas das experiências históricas que se propõe a interpretar e analisar.A narrativa é fluída e agradável, fazendo jus ao estilo narrativo de Guimarães Rosa, que é, em última análise, o personagem central por meio do qual a infância e a criança da década de 60 vão emergindo na narrativa histórica empreendida." 

  A quem interessar a leitura, é só clicar no link acima.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

RETROSPECTIVA 2016: Dias melhores ainda virão...

JANEIRO -   No primeiro mês do ano eu estava no melhor dos mundos com a visita de um dos meus grandes amigos da vida, o Rafael. Nós nos encontramos algumas vezes, fomos ao cinema assistir Macbeth e planejamos nos rever durante o ano MG, o que realmente acabou acontecendo e foi ótimo. Fiz óculos novos.  

Vi o último do Tarantino, Os oito odiados, sozinha e foi legal me sentir pertencendo a uma geração. Estava firme me preparando para escrever um artigo sobre o disco Minas e a resenha do livro de Benjamin. A resenha eu escrevi e está em avaliação, mas o artigo ainda não, ou seja, cumpri 50% do planejamento de janeiro para o ano de 2016. Ainda bem que fiz mais coisas, né? 

FEVEREIRO – Teve carnaval e desta vez, depois de anos, eu me permiti pular e foi demais. Teme homenagem ao Bituca na Escola de Samba Tom Maior. Tivemos os deliciosos blocos de rua, me diverti como nunca antes nas ruas da minha cidade, especialmente no Tarado ni você, do Caetano; e fui ao baile do Sesc Pompéia, com a Orquestra Contemporânea de Olinda em um dia em que eu estava me sentindo linda, de verdade. Nessa vibe assisti a um jogo de futebol no estádio pela primeira vez e fiquei encantada com a beleza da torcida do Palmeiras.No final do mês me matriculei no curso de extensão sobre Januz Korczak, com muitas expectativas que acabaram não se realizando, como tantas das coisas que tentei em 2016, ano em que eu só consegui mesmo foi ganhar alguns quilinhos a mais, agora sou uma gordinha sexy.

MARÇOEm março a vida pública começou a desmoronar sobre a pessoal,  que até então era uma forte possibilidade de golpe, se instaurou, amargando muito minha boca e para sobreviver, tentei escapar mergulhando no meu trabalho de pós doutorado. Meu  artigo "A respeito dos cadernos de Guimarães Rosa e o questionamento da História" que foi publicado no livro "Compêndio de Crítica Genética na América Latina" (2015) .



ABRIL - Vi e me deliciei com o espetáculo Crianceiras – música inspirada na poesia de Manoel de Barros.

Ganhei o excelente livro Arco de virar réu, de Antonio Cestaro como cortesia literária e adorei. Assisti ao meu primeiro show do ano no Instrumental SESC Brasil, que foi com a viola do Gabriel Satter. Dias depois fui com minhas amigas a um evento sobre literatura infantil no instituto Goethe e foi muito rico. Vi com uma amiga a exposição Histórias da Infância no MASP, que foi maravilhosa.






MAIO – Assisti ao curso Canção na Era do Vinil, com Sérgio Molina, no Centro Cultural Maria Antonia, tudo isso ainda pensando no artigo sobre o disco Minas, que ainda vai sair. Além disso, em maio eu apenas estive me preparando para as atividades de junho, que foram excelentes.




JUNHO – Em junho eu ministrei uma palestra sobre as quatro personagens meninas das estórias de Guimarães Rosa, na UNIBES cultural e em seguida segui para Belo Horizonte, onde ministrei um minicurso sobre a História nos Cadernos manuscritos e Guimarães, além de ter vivido dias no melhor dos mundos na capital mineira, ao lado dos meus amados grandes amigos da vida, Rafael e Lucas... foi memorável.





JULHO – Foi o mês do luto pelo primeiro ano da morte do meu pai. Eu relembrei a data, de todo coração, assistindo a um curso inteirinho sobre viola caipira no SESC, com Jair Marcatti e a participação do violeiro Sidnei de Oliveira, que me emocionou demais. Como dói a saudade de um ente querido! Em julho, meio que metaforicamente, eu cai de boca no chão e meu joelho esquerdo nunca mais foi o mesmo desde então, e também me parece que a vida toda caiu, ladeira abaixo...essa foto eu tirei no dia que eu cai, mas um pouco antes ...




AGOSTO – Eu fiz uma espécie de balanço de trabalho do meu primeiro ano de pós-doc, no qual me aprofundei no estudo dos livros – dicionários  e anedotários infantis- e fui me aprofundar neles, pensei em escrever um artigo sobre a presença de Portinari neles, que ainda vou escrever, e e também escrevi um capítulo de livro ser editado no ano que vem sobre o humor naqueles anedotários. Dei-me conta de que não iria conseguir mais abordar a coluna de Bloch nas revistas, não do jeito que eu me propus inicialmente, que precisarei fazer um grande recorte nas fontes para que elas sejam citadas. Recebi um enorme  parecer positivo a respeito do meu artigo 'Dicionários infantis de Pedro Bloch', que me sugeria abordar, também, os autores de literatura infantil brasileira na década de 1970 e isso me levou a ricas reflexões sobre o trabalho de Bloch com as crianças, foi um ânimo imenso tê-lo recebido. Em agosto eu fui a dois shows sensacionais no SESC, um do Duofel, Carlos Malta e Robetinho Silva e outro do violeiro  Ivan Vilela e as irmãs Ana e Marlui Miranda, que foi muito emocionante. Também vi Tom Zé e como sempre foi um deleite!




SETEMBRO – Passei com frequência  a todos os concertos do Instrumental Sesc Brasil  SESC Consolação, ali vi Wagner Tiso. Também assisti outros shows, como o Toninho Horta e em 30 de setembro assisti ao insuperável João Omar e me senti desabrochando com a primavera.





OUTUBRO – Depois de ver o talentoso filho, assisti ao show de Elomar, o que é sempre uma emoção. Assisti ao show de 80 anos de Tom Zé, Canções eróticas de ninar, Fui avaliadora em evento científico na USP, muito bonitinho. Vi a exposição de Cândido Portinari no MASP, excelente. Voltei a  ver concerto no Instrumental SESC Brasil, com o compositor, arranjador e bandolinista  Marcos Rufato. E no meu aniversário ganhei cesta de café da manhã, muito chique!



NOVEMBRO – No começo desse mês eu segui para Araraquara para participar do XVII Congresso da Sociedade Internacional de Estudo de Humor Luso-Hispânicos, que foi muito bom falar de Pedro Bloch entre especialistas de humor infantil, como Sírio Possenti e Alessandra Del Ré. Quando voltei, assisti concertos no Instrumental SESC Brasil,o mineiro  Rafael Pansica.


DEZEMBRO – Eu e amigos visitamos o Festival Toyo Matsuri , no bairro da Liberdade. Comecei o mês no Instrumental SESC Brasil,só com a Nelson Ayres Big Band (que som maravilhoso!), depois ainda fui ao show Baile do Almeidinha, do Hamilton de Holanda, com participação da Paula Lima e tudo mais e para fechar com chave de ouro o ano do Instrumental SESC Brasil, acompanhei a superlativa apresentação do Projeto Coisa Fina, que na verdade é coisa finíssima.



Assim foi  meu 2016, foi pesado como foi para todo mundo, mas também teve coisas boas e bonitas. Que venha 2017, animado e mais leve que esse para todos nós.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Sobre o catálogo da Exposição "Histórias da Infância"



Eu "participo" dessa exposição no MASP desde o curso antes dela acontecer, que eu assisti, mas não concordei muito com a maioria do que ali foi dito, mas valeu para que eu percebesse como existem perspectivas muito diversas da minha para pensar em História e crianças. O que me incomodava mais era que as crianças até apareciam, mas sua não aparecia nunca nas falas, tudo muito de "História da Infância", tudo muito perspectiva de adulto apenas.

Mas tivemos momentos ímpares no curso, inesquecíveis mesmo, como a participação da professora Telma Piacentini, do Museu do Brinquedo de Santa Catarina, e seu trabalho com o brincar (que, para ela, é o 'ser criança' e desde então para mim também é).

Porém a exposição foi ótima. reveladora, inspiradora, etc...Arte é sempre mais, não é? Ao contrário do que aconteceu na maioria do curso, na mostra, as crianças também puderam expressar a sua voz, não apenas nos desenhos que estavam emoldurados juntamente com as obras dos autores, mas também com vídeos delas realmente falando, conversando, tudo como acontece na vida real: criança e adulto estão sempre juntos, não faz sentido separá-los definitivamente. Assim que uma ala da atual antropologia da criança também pensa.

No catálogo eu reencontrei as duas faces : Inicialmente temos textos da Lilia Moritz Schwarcz, Maria Helena P. T. Machado e até do Philippe Àries, etc, mas nenhhum da Pieacentini... e eles meio que repetiram alguns discursos do curso.

Mas o catálogo vale mesmo pela amostra das obras expostas.. inclusive os desenhos e os diálogos do vídeo, tudo exposto detalhadamente, então podemos reencontrar algumas obras interessantíssimas. Acho que valeu a a pena ter comprado o catálogo de presente de Natal.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Pré retrospectiva musical 2016

 O ano está quase acabando e eu ainda vou assistir alguns shows e, possivelmente, posso comprar mais álbuns, mas por agora já não sei mais qual o melhor disco que comprei esse ano (eu ainda compro CDS quando assisto aos shows e gosto). Como escolher?
Comecei com um disco da Banda Dissonatz, que ganhei de  um amigo, que me pediu para avaliar a banda dele, eu tentei discorrer sobre, mas entendo pouco de rock, mas achei que era muito clima rock brasileiro, anos 80 


De memória adquiri o  "Indomável" Gabriel Sater - viola moderna, coisa linda 




Ou então o  "Crianceiras e Manoel de Barros " do Márcio Camilo e as crianças, em um dos shows mais divertidos que eu já fui na vida 



Ainda sobre crianças, tem o emocionante  disco "Fala de Bicho, Fala de Gente", com  canções de ninar Jurunas, coletadas pela Marlui Miranda

Ai teve mais violas, com o primeiro dico que da Orquestra Filarmônica de Violas, como eu chorei ! 


Continuando nas cordas, fiz o curso de Música Caipira em julho e adquiri o sensacional disco "Alma Caipira", com o violeiro Claudio Lacerda, que é isso ai que tá no disco, o chapéu, os causos, as violas e as modas ... ele arrancou muitas lágrimas de mim quando tocou ao vivo no curso 



 Ainda no curso, joinha foi ouvir o virtuose na viola Sidney de Oliveira, com seu disco "Prólogo",disco que toda vez que ouço, quero aplaudir ao final das faixas,ele tocando ao vivo, então, até me envergonhei de tando que eu chorei, que beleza ter vivido para ouvir aquilo

 

Ai teve o que, em condições normais, seria o campeão de melhor disco do ano, porque é mesmo bom demais,  que é o  "Canções eróticas de ninar"  Tom Zé, mas é que esse ano a concorrência foi muito forte, Tom ... mas sua contribuição octogenária é excelente 

 mas o fim finzinho do ano me  reservou pequenas joias e agora nessa semana adquiri o belo disco de bandolim "Fábio Peron e a confraria do som" , outro cara que, ao vivo, me encantou demais
 



Mas nesse ano sonoro,  de todos os álbus que ouvi, ,o que não paro de ouvir e divulgar  é mesmo o "Ao Sertano" do João Omar. Sem palavras pra esse trabalho muito, mas muito acima da média! De lembrar já me emociono

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domingo, 27 de novembro de 2016

Pedro Bloch : personagem da História Cultural


SOBRE O PEDRO BLOCH - Conversava com uma amiga esta manhã e ela disse que gostava do meu trabalho com Pedro Bloch porque ela semprese interessa pelos "perdedores" ... eu tentei "corrigi-la" dizendo que ele foi tudo, menos perdedor na vida, manteve os mais quentes contatos, viveu em Copacabana e foi muito conhecido enquanto viveu... ai foi vez dela me "corrigir": sim, é verdade, mas ele foi muito rapidamente esquecido e tornou-se um "perdedor para a História"... ela tem razão e um baita faro de historiadora cultural :)
Comprovando tudo isso, até hoje nenhuma das ex-crianças de Pedro Bloch ainda me escreveu no meninadapedrobloch!gmail.com, como venho pedindo há 2 anos!

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Breve balanço da minha participação no XVII Congresso de Humor Luso-Hispânico

Entre os dos 09 e 11 de novembro de 2016 deu-se em na UNESP de Araraquara, interior de SP, o Congresso internacional de humor. Não estive lá os três dias, como eu gostaria, mas sim em apenas dois, nos quais pude falar um pouco sobre "Pedro Bloch e o Humor com crianças" e deixado um monte de gente que não o conhecia encantada, ter reencontrado e conhecido gente, ter aprendido coisas e, claro, ter dado muitas risadas, pois estávamos lá para isso mesmo !
O pessoal do meu grupo de estudos sobre História e Humor ia se apresentar na quinta feira  dia 10, quando eu também me apresentei,  mas eu fiz questão de ir para Araraquara já no dia 9, porque na noite de quarta ia ter a mesa do grupo de estudos Na Língua, coordenado pela professora Alessandra Del Ré, mostrando lindos trabalhos sobre a inserção do ser humano no diálogo:




No telão a professora Marly de Bari Matos falando sobre a criança humor e riso na Antiguidade. Na mesa,da esquerda para a direita, a professora Marina Célia Mendonça falando sobre humor nos parâmetros nacionais de educação; Paula Cristina Bullio e Alessandra Dek Ré falaram  sobre humor nos enunciados de crianças monolíngues e bilíngues e por último Christele Dodane, que falou  sobre o riso a partir de análises acústicas.

Também na quarta feira, antes da mesa sobre crianças, assisti o  minicurso "Teóricos Del Humor Del Siglo XX", ministrado em espanhol, com com o professor mexicano Rubén Olachea. Claro que, sobre os teóricos, eu conhecia quase todos apresentados (Berson, Freud, Bakthin, Koostler), mas descobri outros como o canadense Freye e a feminista francesa  Helene Cixous, a partir da qual Olachea  concluiu que também era possível para as mulheres teorizar sobre humor, o que mostrou falado do filme Mental , ao qual pouco temos acesso no Brasil.
Mas o dia mais produtivo foi mesmo a quinta feira, quando eu me apresentei, e conheci ou reencontrei pessoas. Primeiro alguém me apontou o Sirio Possenti, da UNICAMP e eu , indo na onda dos linguísticas que o consideram um mito, até tirei foto com ele .

 Como ele é o  autor do livro Os Humores da Língua, que foi o primeiro que li a ter um capítulo sobre "humor infantil", Eu imaginando que fosse encontrá-lo por lá, levei meu volume e ele autografou divertidamente :

 Mas não foi só isso, eu também tive o privilégio de ser prestigiada com a presença e os comentários mais do que pertinentes dele e da Alessandra Del Ré sobre a minha comunicação. Ai que os pesquisadores sentem que a pesquisa pode ser bacana e e ser um campo de diálogo.
Nesse mesmo dia, o professor Elias e a professora Alessandra Del Ré, que, cada qual a seu modo, coordenam grupos de pesquisa sobre humor, planejaram mais eventos para 2017 em Araraquara e eu nem achei ruim, claro.
Gostaria demais de participar de outros eventos, no pós- doc, quem sabe o Menino Jesus de Praga (seu padroeiro) não me proporciona essa alegria novamente?

domingo, 6 de novembro de 2016

Tom Zé e a Cultura Oral



No disco "Estudando o Samba":

"... a utilização de interjeições como parte de uma estrutura quase verbal operava pequenas subversões no corpo da língua culta, prejudicando a comunicação semântica, mas favorecendo as inflexões rítmicas (...) [com as canções ] "Mã", "To", "Toc" "Heim?","Vai", "Só", "Se" o autor elabora todo um arsenal de possibilidades interjetivas, conferindo forma sonora a uma porção generosa desses vocábulos incompletos, que primam pela característica fragmentária: quase dizem aquilo que nós quase ouvimos." 

Bernardo Oliveira, p. 87 <3 span="">

Ai, A CULTURA ORAL! <3 span="">

"Tom Zé ou Quem irá colocar uma dinamite na cabeça do século?", filme de Carla Regina Gallo Santos, lançado no ano 2000.

Nesse filme TEM IMAGENS DO TOM ZÉ TRABALHANDO NOS ANOS 70!

domingo, 30 de outubro de 2016

Entortando o Samba


Tom Zé e o preço da crítica ...


Sobre Tom Zé e a universidade, a partir da   canção COMPLEXO DE ÉPICO:

"... A identificação do aluno com "a rua" indica o tipo de distanciamento característico que os intelectuais mantêm em relação à maneira veloz e atual com que ocorrem os fenômenos na modernidade, turvados pela selva dos conceitos e da linguagem escrita, negando-se ao conhecimento de outras perspectivas culturais e saberes nos quais estão imersos, por exemplo, seus alunos"
Bernardo Oliveira. "Estudando o Samba", p. 38.

Ai, quando vejo a apologia sem nenhuma crítica à cultura livresca no Facebook e torço o nariz para esse 'monopólio cultural', as pessoas não gostam e tal, mas eu sei que o Tom Zé já havia sido banido por PENSAR DIFERENTE da massa (ainda que de intelectuais), faz muito tempo ... temos muito o que aprender com esse jovem de oitenta anos!  





terça-feira, 18 de outubro de 2016

domingo, 2 de outubro de 2016

Um concerto de João Omar tocando as peças de Elomar Figueira Melo


VIOLÃO DE JOÃO OMAR - Na sexta feira dia 30 de setembro eu assisti a um concerto do João Omar no lançamento do álbum "Ao Sertano", e como eu tive a oportunidade de dizer ao próprio João , esse álbum só de composições de Elomar Figueira Melo para violão, é hipnotizante, não consigo parar de ouvir. Adoro especialmente a faixa 9, "Prelúdio No. Sexto" (pena que não achei no Youtube para mostrar pra vocês, mas ele está inteiro para ouvir no Spotify), que é muito impressionante, que achei (quase com certeza) que tinha outros sons embutidos nela,para além do som do violão, porém EU VI ELE TOCAR SÓ COM O VIOLÃO BEM NA MINHA FRENTE, reproduzindo inclusive esses sons...E eu chorei de emoção pensando : esse é um artista de verdade, que honra poder ouvi-lo!
Agora volto a ouvir o álbum sem parar, porque a vida não é só um pedaço duro e amargo, também tem muitas belezas sublimes! 

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Herança imemorial do Paredão de Januária - MG


Recentemente estudo científicos estão encontrando vestígios do mar no norte das Minas Gerais, como lemos nessa reportagem.

Sobre o uso das ideias referentes ao universo marítimo em Tutaméia de Guimarães Rosa, tem o excelente texto:
  "Metáforas Náuticas", de Walnice Nogueira Galvão ...
REPEITA JANUÁRIA - Nessa foto de Pedro Strikis para a Revista Pesquisa Fapesp de junho de 2014, vemos o "Paredão em Januária, norte de Minas Gerais: fósseis de diminutos animais marinhos foram achados na Formação Sete Lagoas, que faz parte da unidade geológica chamada Grupo Bambuí"
O que a gente fala sobre as Minas Gerais, gente?

sábado, 17 de setembro de 2016

"Mãos vazias e pássaros voando" : Um trabalho de Teoria da História



"A Estória não é História. A Estória quer ser contra a História." G. Rosa
"Deus é paciência. O contrário é o diabo".G. Rosa
"
"Deus é definitivamente; o Demo é o contrário".G. Rosa

Por muito tempo, talvez um pouco influenciada por algumas outras opiniões azedas, eu acabei rejeitando o resultado final da minha dissertação de mestrado "Mãos vazias e pássaros voando : Memória, invenção e não-história em Tutaméia de João Guimarães Rosa"  (2009). Hoje peguei meu exemplar e, folheando, me orgulhei dele. Lembrei de toda travessia, da ousadia de pesquisar Rosa na História, da tensão de ter duvidado até o último minuto da defesa que eu ia ter condições de saúde para terminar... e terminei. Hoje eu concordo com algumas pessoas que, desde então, me disseram que é uma boa dissertação e para mim tem valor especial ela ser na área de TEORIA DA HISTÓRIA, propriamente dita (como eu sempre quis assumir, mas que depois nem sempre me deixaram fazer, porque agora é "História Intelectual" :s ). 

Era o pagamento de uma promessa que eu fiz à memória de Rosa, mas era também a agradável sensação de ter encontrando " a minha casa de verdade", no mundo de Rosa, então escrevi um trabalho bonito, que continua interessante (ainda uso as ideias nos artigos que tenho tentado publicar ) ...
Aquilo vale à pena fazer...

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

O Palhaço Carequinha



O PALHAÇO CAREQUINHA - As crianças leitoras, personagens e coautoras das anedotas de Pedro Bloch o reconheciam como produtor de humor pois se divertiam com ele e percebiam que os adultos também riam. Mas como a tarefa de fazer rir, para as crianças do século XX, era executada pelo palhaço, não é raro que o comparem com o palhaço Carequinha.

O cômico carioca George Savalla Gomes, o Carequinha (1915-2006) foi um palhaço de televisão desde pelo menos a década de 1950, tendo atuado em emissoras regionais, na TV Tupi, na Globo, Manchete e etc,era bastante conhecido das crianças durante todo o período que Pedro Bloch escreveu suas anedotas infantis.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Anedotas de Pedro Bloch e Guimarães Rosa


Guimarães Rosa era amigo, vizinho e leitor das anedotas infantis de Pedro Bloch, tanto que cita algumas no prefácio de seu livro Tutaméia (1967), introdudizo-as assim:

“deixemos vir os pequenos em geral notáveis intérpretes, convocando-os do livro ‘Criança diz cada uma!’, de Pedro Bloch”. Destas selecionei uma referente ao humor infantil:
“A RISADA. A menina – estavam de visita ao protético – repentinamente entrou na sala, com uma dentadura articulada, que descobrira em alguma prateleira: - Titia! Titia! Encontrei uma risada!” (ROSA, Guimarães. Tutaméia, 1967, p. 08-09).



quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Morte a antiga "gramática" para o "mundo tornar a começar"




O que me espanta é que mesmo depois do auge da crise dos paradigmas no século XX, da História em migalhas, da estória contra a História de Rosa, da sociedade líquida no século XXI, etc... ainda tem gente querendo fortemente ler o mundo a partir daquela antiga "gramática" ...
Quem trabalha com pesquisa em História Cultural sabe que aquelas regras tão rígidas já não valem de nada (nem devem valer) ... só nos restaram os fragmentos para serem rearranjados então eu só posso dizer: que girem os globos da morte de tudo isso para "o mundo tornar a começar"...

domingo, 4 de setembro de 2016

Globo da Morte de Tudo - Sesc Pompéia


"Dois globos da morte ocupam uma sala tomada por itens que fundem memória e colecionismo consumista. A instalação, um inventário simbólico da cultura prestes a desabar, apresenta um ambiente visitável para os públicos, revestido de prateleiras de aço que sustentam cerca de 1.500 peças selecionadas a partir das categorias cotidiano, morte, luxo e ancestralidade. Em um primeiro momento, o ambiente está intacto revelando seus objetos. No meio da mostra, uma dupla de motoqueiros circulam no interior dos globos de aço do interior da estrutura de modo contínuo, até que os objetos expostos caiam e se quebrem. 


De Nuno Ramos e Eduardo Climachauska."
Eles vão tentar manter tudo organizado até da forma como está, até o dia 4 de outubro, às 20:00, quando os Globos da Morte vão girar e tudo vai simplesmente desabar ... assim como a modernidade...



terça-feira, 30 de agosto de 2016

Meu ideal seria escrever - Rubem Braga

A "casa de Sorôco, de verdade"


Vai i ter o evento para Rosa na FAU em Setembro e nessa hora eu amargo a dor de lembrar que não sou mais uma pesquisadora rosiana 

Eu gosto do humor e tal, mas evidentemente era muito mais feliz quando pesquisava Rosa, acordava e ia dormir imersa naquele universo... abordar outros temas é bom para meu currículo, mas essa oxigenação não me faz tão bem pessoalmente.


Rosa me ensinou que nossa casa, de verdade, a gente só encontra seguindo "aquela cantiga"... e eu não vou ao evento sobre ele, mas todo fim de semana vou procurar a minha cantiga. Obrigada Rosa!