No impactante "O avesso da pele"(114), sobre o qual tenho muito a dizer, mas ainda não tenho tempo para escrever minhas considerações gerais, o narrador lembra uma passagem com o pai, quando contou que não sabia como se declarar a uma colega de faculdade . O pai empresta o "Jogo da Amarelinha" do Cortázar. Deveria emprestar o livro a ela? Claro que não, isso seria muito impessoal, ele deveria COPIAR O CAPÍTULO 7 (Quem leu já sabe qual é, quem não leu, ouça aqui) e entregar para ver como ela ia reagir. Não ficamos sabendo o fim dessa história, mas acho que ele nem chegou a entregar porque a moça, definitivamente, não estava afim dele.
Esta história me lembrou outra, da época da faculdade. Era o "geógrafo de olhos verdes", que sempre pegava ônibus comigo e que eu encontrava "ocasionalmente" todo fim de semana no cinema (como na música do Bituca "no cinema, na escola, cê não me dá bola"), e que incrivelmente, até gostava de prosear comigo, mas era meio tapado, sei lá (homens). Mas eu ia formar e, possivelmente, não o veria jamais, então achei que era bom dar uma de Elvis Presley: It's now or never! Com a letrinha bonitinha que eu tinha antes da EM detonar minha caligrafia, eu escrevi o trecho mais lindo de Herberto Helder
E fiquei estudando na biblioteca (naquela época ainda era no prédio da História) até passar o ônibus das 22 horas. Eu sabia que ele ia pegar no próximo ponto, pois estava fazendo licenciatura na Educação (mulheres sabem tudo, né). Pois então, dito e feito, sentei no banco "de sempre" ele subiu e sentou ao meu lado. Conversamos e eu entreguei para ele o papel.