sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Sócrates, de Alexandre Moratto: Um filme dramático sobre o direito de ser


Depois de ficar muito impactada com o trailer do filme Sócrates, de Alexandre Moratto, já estava ansiosa para ver o longa e foi uma grata surpresa saber que o seu lançamento nos cinemas de São Paulo se daria numa sessão gratuita no Cinecesc na noite de  26 de setembro, seguido de um bate papo  com o diretor do filme, seu ator protagonista Christian Malheiros e o Youtuber ativista das causas LGBT e Negra  Spartakus Santiago. E eu consegui  assistir a essa sessão tão especial.

Sobre o filme, acho que vale mostrar o trailer, que é tão impactante, e assim como no longa todo, destaca-se a destacada dilacerada atuação de Christian

No filme ficamos sabendo a história de Sócrátes, um belo rapaz de quinze anos, que acaba de perder a mãe e fica sozinho no mundo. Por ser "de menor" não consegue emprego, por ser  homossexual não tem contato com o pai ou nenhuma parte da família. Sócrates não confia no amparo do Estado, não confia em ninguém, porém é um sujeito altivo, cheio de força e dignidade, um cara admirável. Tantas vezes me deu vontade de abraçá-lo, pois a perda da mãe foi meio que a perda do chão. 
Sobre a trilha sonora do filme, não consegui prestar muita atenção, não, só reparei que nas cenas de Sócrates, sozinho, sofrendo de angustia, ele ouvia um duro rap, já seu parceiro Maicon, está sempre ouvindo um sensual funk. Não vou falar mais para não das spoiler do roteiro e quero muito que todo mundo assista ao filme.
Bate Papo sobre o filme :
Spartacus, a mediadora, Christian Malheiros e Alexandre Moratto


Ao final da exibição, demorou alguns minutos até que o filme fosse calorosamente  aplaudido, é que o soco no estômago foi forte. A mediadora, que não me lembro o nome, era uma garota negra que parecia muito antenada no ambiente do cinema, começou conversando com Christian Malheiros, jovem ator já reconhecido por interpretar negros periféricos e ele falou sobre essa experiência, sobre o quanto de Sócrates e suas perdas estavam também na sua vida pessoal. Algumas pessoas da platéia se manifestaram e contaram que, infelizmente, histórias como a de Sócrates acontecem na realidade.

Depois a fala passou para Spartakus, que também falou sobre o que reconheceu e o que não na trajetória de Sócrates, falou o quanto casos parcidos com o filme existem no universo LGBT e que, embora um filme trágico como esse seja importante como denúncia, seria tão importante quanto se as representações de homossexuais no cinema e na TV não fossem apenas trágicas, pois isso poderia até evitar suicídios, assunto sobre o qual ele já tratou em seu canal aqui.

Sobre o diretor, que se atrasou um pouco, foi importante ouvi-lo falar de sua história, com pai americano e mãe brasileira, e seu interesse em causas sociais no Brasil , tanto que esse filme, de baixíssimo custo, só nasceu a partir de uma  interação com o Instituto Querô, uma instituição de acolhimento que capacita jovens para atuarem no audiovisual do litorial do São Paulo. O jovem Chritian ainda disse que, nas filmagens do filme , era muito significativo  ver quantos Sócrates (jovens, negros, pobres, periféricos, e até gays) trabalharam na obra, Foi muito aplaudido.

Não é para menos, o filme estreou no Brasil com vitoriosa carreira internacional



Assistam Sócrates , ele vai ficar em cartaz no Cinecesc de 26 de setembro a 02 de outubro, confira os horários aqui. Vale muito a pena. 
   


quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Ainda Sobre Bacurau : "Adeus ao fim do mundo!", por Marcos Silva




Colo aqui um texto do professor Marcos Silva, sobre o filme Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, 2019, originalmente publicado no portal da GGN.