sábado, 25 de maio de 2013

Cartas que crianças escreveram ao Monteiro Lobato

Na deliciosa tese "Pequenos poemas em prosa: vestígios da leitura ficcional na infância brasileira, nas décadas de 30 e 40", de Patricia Tavares Raffaini, que foi uma das minhas principais inspirações para pensar a ideia do meu doutorado, Patricia explica coisas assim:

"A transitoriedade  da infância: ela está destinada a não mais ser, a se tornar adulta.(...) é nesta característica efêmera da criança que Lobato aposta suas fichas. Seu projeto era tornar a literatura palatável as crianças para que elas, gostando de ler, se tornassem ao crescer um público leitor. A constituição de um público leitor era, desde o século XIX, um sonho almejado por literatos e intelectuais, sem o qual não se via a constituição de uma nação. Desta forma,  durante os anos de formação do público leitor, Lobato pretendia despertar a crítica, a autonomia de pensamento, a irreverência e também o humor nesse indivíduo em formação."
RAFFAINI, Patricia Tavares. Pequenos poemas em prosa: vestígios da leitura ficcional na infância brasileira, nas décadas de 30 e 40, p. 16

Clique no link disponível no título da tese para baixá-la, pois vale muito a pena.

Apelidos, alcunhas, epítetos, corruptelas de nomes e sobrenomes pitorescos e pedantes nas Primeiras Estórias

“Assinale-se mais de uma fonte de sonoridades sugestivas e classificadoras: os expressivos nomes próprios com que Guimarães Rosa gosta de brindar-nos, enfileirando–os às vezes em saborosas enumerações rabelasianas. Nenhum outro autor nosso armazena tantos apelidos, alcunhas, epítetos, corruptelas de nomes e sobrenomes pitorescos e pedantes.  Só em Primeiras Estórias encontramos os quatro irmãos Dagobé: Damastor, Doricão, Dismundo e Derval, além de Tãozão, Mão-na-Lata e Zé Centeralfe. E ainda a sistra tríade formada por Mula-Marmela, Mumbungo e Ratrupé; e  Nhinhinha e a  Nhatiaga; e  e Vagalume, de seu verdadeiro nome (!) João Dosmeuspés Felizardo: Curucutu, Cheira-Céu, Jiló, Pé-de-Moleque, Barriga Cheia, Corta-Pau, Rapa-pé,o Gorro-Pintado... todo um catálogo bem brasileiro de extravagância denominativa. ”
Paulo Rónai ‘Os vastos espaços’ In: Primeiras Estórias. 11ª. ed, Rio de Janeiro: José Olympio, p. xxxvi