Na deliciosa tese "Pequenos poemas em prosa: vestígios da leitura ficcional na infância brasileira, nas décadas de 30 e 40", de Patricia Tavares Raffaini, que foi uma das minhas principais inspirações para pensar a ideia do meu doutorado, Patricia explica coisas assim:
"A transitoriedade da infância: ela está destinada a não mais ser, a se tornar adulta.(...) é nesta característica efêmera da criança que Lobato aposta suas fichas. Seu projeto era tornar a literatura palatável as crianças para que elas, gostando de ler, se tornassem ao crescer um público leitor. A constituição de um público leitor era, desde o século XIX, um sonho almejado por literatos e intelectuais, sem o qual não se via a constituição de uma nação. Desta forma, durante os anos de formação do público leitor, Lobato pretendia despertar a crítica, a autonomia de pensamento, a irreverência e também o humor nesse indivíduo em formação."
RAFFAINI, Patricia Tavares. Pequenos poemas em prosa: vestígios da leitura ficcional na infância brasileira, nas décadas de 30 e 40, p. 16
Clique no link disponível no título da tese para baixá-la, pois vale muito a pena.
sábado, 25 de maio de 2013
Apelidos, alcunhas, epítetos, corruptelas de nomes e sobrenomes pitorescos e pedantes nas Primeiras Estórias
“Assinale-se mais de uma fonte de
sonoridades sugestivas e classificadoras: os expressivos nomes próprios com que
Guimarães Rosa gosta de brindar-nos, enfileirando–os às vezes em saborosas
enumerações rabelasianas. Nenhum outro autor nosso armazena tantos apelidos,
alcunhas, epítetos, corruptelas de nomes e sobrenomes pitorescos e pedantes. Só em Primeiras Estórias encontramos os
quatro irmãos Dagobé: Damastor, Doricão, Dismundo e Derval, além de Tãozão,
Mão-na-Lata e Zé Centeralfe. E ainda a sistra tríade formada por Mula-Marmela,
Mumbungo e Ratrupé; e Nhinhinha e a Nhatiaga; e e Vagalume, de seu verdadeiro nome (!) João
Dosmeuspés Felizardo: Curucutu, Cheira-Céu, Jiló, Pé-de-Moleque, Barriga Cheia,
Corta-Pau, Rapa-pé,o Gorro-Pintado... todo um catálogo bem brasileiro de
extravagância denominativa. ”
Paulo Rónai ‘Os vastos espaços’
In: Primeiras Estórias. 11ª. ed, Rio
de Janeiro: José Olympio, p. xxxvi
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