domingo, 15 de fevereiro de 2009

OS CAMINHOS DA NOSSA FORMAÇÃO...

Todos nós sabemos que somos seres em formação, por isso estamos ainda vivos. O mais bacana é quando você chega a um grau onde é possível revisitar momentos importantes dela, como aconteceu comigo esse fim de semana. Eu estou tentando escrever um pré-projeto para uma futura pesquisa de doutoramento em História Cultural. Quero continuar estudando Guimarães Rosa, mas a partir de uma perspectiva mais voltada para discursos lúdicos. Para que eu conseguisse mapear o contexto do tema, fui buscar onde tudo começou na contemporaneidade, falo do livro “História social da criança e da família”, de Philippe Ariés.
Meu primeiro contato com esse livro deu-se no primeiro semestre do ano 2000, eu estava no
segundo ano de faculdade e cursava a disciplina “História Moderna I” e esse era um texto colocado para discussão. Eu xeroquei o capítulo sugerido e quando entrei em contato com ele agora, depois de nove anos, ele trazia marcas do tempo (está um pouco amarelado), mas o mais interessante são os comentários nas margens... Eu escrevia comentários como “um diário!”, “um desenho!”, "um poema!",“um livro de anotações!”, o que me levou direto a minha admiração pelo tipo de fonte que Ariés analisava para concluir suas posições... Eu nunca tinha entrado em contato com um texto de historiografia que fizesse algo assim, para mim era novidade! Ok, ok, eu li com atenção e na hora da discussão, NINGUÉM QUIS COMEÇAR A FALAR, então, como eu sempre queria falar sobre os textos, a professora colocou meu nome na berlinda “Camila, então comece você a discussão...”, poxa, a única coisa que eu tinha para falar – a surpresa dos tipos de documentação escolhida- era também a única coisa que eu jurei a mim mesma que eu não ia comentar em público jamais, pois achei ser a maior bobagem... Como não tinha outra saída, acabei falando, colocando mais como questionamento, mas morrendo de medo de ter falado bobagem. E qual não foi a minha surpresa quando ela disse: “Bom, Camila, você foi direto ao ponto principal sobre esse livro, é por causa desse "detalhe" que causou estranhamento em você que esse livro se tornou uma referência e também uma das obras mais criticadas da segunda metade do século XX...” Eu devo ter olhado com uma cara de “Ah é? E eu que jurava que estava falando somente besteiras...” Não estava. Porque com aquele livro eu descobri que podia usar fontes não tão formais (eu ainda queria estudar um romance de Saramago, mas não sabia se seria possível, e foi, com aquela professora como orientadora que eu fiz uma das coisas mais legais que eu j á a fiz na vida: Um estudo historiográfico sobre Memorial do Convento). Assim começou tudo, mas eu não me lembrei mais desse livro durante minha formação, tanto que quando esta mesma professora , no exame de qualificação do meu mestrado, me perguntou qual o livro mais importante da minha formação como historiadora até aquele momento, eu não hesitei em responder “Os reis taumaturgos”, de Marc Bloch, porque eu sempre lembrei desse livro corajoso (que estudou e explicou uma sociedade a partir de um fenômeno religioso/social , se ele conseguiu fazer isso com a Idade Média, por que eu não conseguiria estudar a História em Guimarães Rosa?) ... só sei que nem me lembrei de Ariés nessa hora... Mas ele tornou a aparecer diante de mim, para que eu não me esquecesse que eu estou em pleno processo de formação e que é sempre saudável lembrar os seus momentos iniciais.

ACHO QUE EU ENVELHECI

Sim, eu já tenho cá meus 29 anos, mas vivi muitas coisas fortes há uns 4 anos atrás, e saí renovada delas, tanto que depois disso era comum me darem cerca de 20 anos (risos)
Eu tinha aquele sorriso aberto, vontade de por o pé na estrada, de dividir tudo (inclusive o coração) com outros, mas conheci alguém que era seco e mesmo seco era bom demais, tanto que eu acho que sequei também. Fiquei velha, de uma hora para outra, meus cabelos começaram a embranquecer, meu Drummond virou aquele "Eu também já fui brasileiro, moreno como você..."
Não sou mais morena como vocês, pois "é sempre no passado aquele orgasmo" (Ê Drummond!), é sempre no passado a lágrima de emoção que eu soltei em 1984, mesmo sem entender nada direito, mas todos se emocionavam e eu também. Me emociono até hoje.
Desculpe o gosto amargo na boca... é saudade de quando eu gostava e me emocionava com rosas pelas ruas, quando o vir a ser me atraia demais, quando eu tinha um coração de estudante: