domingo, 26 de outubro de 2014

Reencarnação de Buda?


Mais um trecho de "A casa das belas adormecidas", de Yasunari Kawabata:


"...não era difícil imaginar que esses velhos, do ponto de vista mundano, deviam ser vencedores na vida, e não fracassados. Contudo devem ter conseguido alguns êxitos cometendo o mal, e preservando seus sucessos a custo de males acumulados. Então, eles não teriam paz de espírito, pelo contrário, estariam se sentido derrotados e aterrorizados. Quando se deitavam em contato com a nudez da jovem mulher, os sentimentos que ressurgiam do fundo dos seus âmagos talvez não fossem apenas o medo da morte que se aproximava ou o lamento pela juventude perdida. Talvez houvesse neles também certo arrependimento pelos pecados cometidos, ou pela infelicidade do lar, coisa muito comum nas famílias dos vencedores. Decerto os vencedores não possuíam seu Buda, diante do qual pudessem ajoelhar-se e orar. Por mais que abraçassem fortemente a bela desnuda, derramassem lágrimas frias, se desmanchassem em choro convulsivo ou berrassem, a garota nada ficaria sabendo e jamais acordaria. Os velhotes não haveriam de se envergonhar,nem ficariam com  seu orgulho ferido. Estavam  inteiramente livres para se arrepender e lamentar à vontade. Consideradas dessa forma, seriam as ‘belas adormecidas’ uma espécie de Buda? E, além de tudo, um Buda vivo? A pele o cheiro jovem das garotas seriam, então, o perdão e o consolo desses pobre velhotes. “ Yasunari Kawabata - A casa das belas adormecidas, p.80-1
PS. Direto da Wikipédia:"Buda (sânscrito-devanagari: बुद्ध, transliterado Buddha, que significa "Desperto"1 , do radical Budh-, "despertar") é um título dado na filosofia budista àqueles que despertaram plenamente para a verdadeira natureza dos fenômenos e se puseram a divulgar tal descoberta aos demais seres. "A verdadeira natureza dos fenômenos", aqui, quer dizer o entendimento de que todos os fenômenos são impermanentes, insatisfatórios e impessoais. Tornando-se consciente dessas características da realidade, seria possível viver de maneira plena, livre dos condicionamentos mentais que causam a insatisfação, o descontentamento, o sofrimento."

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