Agosto, eu de #leianordeste: um clássico e um contemporâneo |
Naquela vibe de #leianordeste, em agosto escolhi o Stênio Gardel e um do Jorge Amado que não tinha lido, achei que ia terminar rapidinho o contemporâneo, que é bem curtinho, mas como é muito denso, carregado de poesia, levei mais tempo para terminar e escrever sobre aqui, e o do Jorge Amado ficaria para setembro. Uma pena, afinal setembro é o mês de aniversário de Amado, mas não é que deu para ler toda essa poesia em um só mês? Pois então!
Mar Morto JA |
Já vou adiantando que se trata de um dos livros mais bonitos que já li em toda a minha vida, é lírico, mítico, cheio de amor, cheio de dignidade e de orixás. Imagino como o Brasil dos anos 1930 recebeu essa obra. Soube que antes desse lançamento, Jorge Amado tinha estado preso por ser comunista, mas o resultado foi um dos seus livros mais poéticos e menos políticos de todos os que li dele, embora tenhamos denuncias sociais, claro, mas o foco é outro e é lindo
Queria transcrever muitos trechos maravilhosos, mas tenho pena de vocês e RECOMENDO VIVAMENTE QUE LEIA! Mas aqui trago alguns trechos e registros que fui fazendo durante minha rápida leitura!
Quando comecei, estranhei a capa dura, mas me apaixonei de imediato:
"as canções dos marítimos, por mais diversas que sejam a sua língua e a sua música, falam sempre em amor e em morte no mar. Por isso todos os marítimos as compreendem, mesmo quando são cantadas por um árabe das montanhas que as ouviu num pôrto sujo da Ásia."(p.219)
A história de amor do livro, a de Guma, o pescador, e Lívia, a mulher que Janaína lhe deu de presente e, como bem da terra, como diz a canção do Caymmi, ficava na "beira da praia quando a gente sai aquela que chora, mas faz que não chora quando a gente sai"
"veio da África para a Bahia ver as águas do rio Paraguaçu. E ficou morando no cais, perto do Duque, numa linda pedra que é sagrada. Lá ela penteia os cabelos (vêm mucamas lindas com pentes de prata e marfim). ela ouve as preces das mulheres marítimas, desencadeia as tempestades, escolhe os homens que há de levar para o passeio infindável do fundo do mar" (p.81)