Historiadores sabem que este é um dos livros mais criativos e instigantes de historiografia, mesmo que na tradução brasileira o original “The Making of the working class” foi traduzido por um simplificador “Formação da classe operária inglesa”, ainda que essa troca deixe de lado toda a idéia de movimento que deve ser ressaltada na análise de todo processo expressa pelo verbo “making”, o “fazer-se”. (É, eu estudei Guimarães Rosa, a mim esse tipo de “detalhe” não passa mesmo despercebido!)
Nesse livro, Thompson afirma a classe como um fenômeno histórico diferente de “categoria” ou de “estrutura”, como quiseram estudos de sociologia (sempre sociologia para incomodar estudo da história... pufff), isso porque para ele nada que não possa estabelecer relações precisas com pessoas ou fatos reais pode ser considerado como história, não aquela que ele quer escrever, a que busca entender os fenômenos e processos em seu contexto, não a partir de acontecimentos posteriores, com isso impossibilitando que somente os que defenderam anteriormente as aspirações que teriam obtido sucesso sejam lembrados.
Para Thompson também é importante destacar que os trabalhadores foram força ativa na sua formação, foram eles – seus atos, idéia, pensamentos, etc - que nos permitiram observar o processo histórico em seu funcionamento. Como historiadora eu acho isso uma das coisas mais deslumbrantes de se observar.
Sempre achei interessantíssimo isso, quando eu estava no Ensino Médio (que ainda se chamava colegial kkk) eu li um livro paradidático do qual nunca mais esqueci, chama-se “As lutas do povo brasileiro- Do descobrimento a canudos”, de Julio José Chiavenato e a idéia é resgatar que o povo brasileiro esteve sempre lutando pela posição de sujeito – não objeto – do processo histórico, mesmo que sob brutal opressão e derrotas consecutivas, ao contrário do que rezava a historiografia oficial até pouco tempo e que ainda é ensinada como verdadeira nas escolas.
Sendo assim, mesmo correndo o risco de ser leviana, não posso negar uma relação entre esse tipo de opção de perspectiva histórica primeiro optada por Thompson e depois até identificada a História do Brasil. Para mim, quando a gente depara com esse tipo de “virada de perspectiva” de análise, que a história vira uma coisa deliciosa, que eu escolhi estudar o resto da vida!
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
DIA DO CENTENÁRIO DE CARMEM MIRANDA...
Eis nossa primeira (e única?) Diva, que nem tendo nascida por aqui reuniu em sim mesma - na voz, nos adornos, do gingado...- tudo aquilo que fomos educados para decodificar como modo de ser brasileiro, um símbolo nacional.
Quando ela canta nosso "hino patriótico" - Aquarela do Brasil - quem se lembra que ela é lusa? Nem dá, porque toda a imagem foi montada para que a relação fosse direta: Carmem Miranda = Brasil!
Claro que seu talento foi arbitrariamente utilizado em virtude de intenções que talvez ela nem tivesse, mas hoje podemos desfrutá-lo com algum senso crítico e o que é melhor: Ele resiste!
Carmem Miranda, parabéns!
Quando ela canta nosso "hino patriótico" - Aquarela do Brasil - quem se lembra que ela é lusa? Nem dá, porque toda a imagem foi montada para que a relação fosse direta: Carmem Miranda = Brasil!
Claro que seu talento foi arbitrariamente utilizado em virtude de intenções que talvez ela nem tivesse, mas hoje podemos desfrutá-lo com algum senso crítico e o que é melhor: Ele resiste!
Carmem Miranda, parabéns!
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