Vivemos na "sociedade dos contatos", ou como se diz, mundo do
"Netmeeting"...então eu tentei manter meus contatos, reiniando o diálogo com pesquisadores de Rosa com os pesquisadores de Rosa que respeito ou me identifico...colo aqui um e-mail que mandei para um dos melhores, na minha opinião, afinal é um retrato de como está minha cabeça de pesquisadora nesse momento, mas vai mudar, você sabem:
SOBRE MEU PROJETO, MAIS UMA VEZ
Caro professor,
Escrevo para lhe informar que acabo de enviar-lhe meu projeto de doutorado impresso pelo correio, até o fim desta semana você o receberá.Agradeço imensamente a sua disposição em continuar o contato comigo.
Fiz questão de lhe enviar por dois motivos principais : Um é receber a sua opinião sobre o grau de legitimidade da pesquisa que estou começando agora, pois acho que os pesquisadores não devem fazer seus trabalhos sozinhos e, como devo ter lhe dito algumas vezes, a sua posição a respeito das relações entre Literatura e História (que é de meu total interesse), como um caminho onde o papel da ficção mediadora deve ser valorizado, é a mais interessante com a qual tomei contato nos últimos tempos. Você perceberá que uso suas idéias como base de pensamento (espero estar usando-as bem, mas isso você me irá confirmar ou não, mas interessa-me muito o diálogo...)
O outro motivo é que, como meu trabalho está inserido na área de Teoria da História, interessam-me os questionamentos epistemológicos que a linguagem de Guimarães Rosa coloca claramente ( de forma repleta de lirismo e genialidade literária, mas com crescente grau de hermetismo que, em última análise, me levou a considerar a crise das possibilidades de narração da História, pensada historiograficamente por Walter Benjamin, mas de forma geral por toda a filosofia da linguagem do século XX ).Então, trata-se de uma pesquisa que não considera a história de forma "documentalista", já que não vai pelos caminhos usuais - que se debruçariam sobre perspectivas como a "História das crianças no tempo de Rosa", mas sim sobre as possibilidades e impossibilidades de representação da linguagem infantil que este autor apresentou em seus textos -, o que está ligado ao contexto da crise epistemológica que levou ao questionamento da legitimidade da História no século XX, e isso sentido aqui no Brasil.
Como vê, meu trabalho parece ser algo original e sei que ele sempre será posto em cheque - tanto por historiadores mais tradicionalistas, quanto por pensadores da literatura menos interessados em tensões epistemológicas -, então um interlocutor como você - que assumiu claramente em seu livro, ser alguém que observa a questão como um "outro" (ou usando suas palavras, assumiu seu olhar de "marciano"), é um tesouro.
É com pessoas como você, como meu orientador Elias Thomé Saliba- que possuem visões mais abertas a outros questionamentos- que é bom estabelecer diálgos.
Uma coisa importante, não tenho muita pressa em receber seu comentário, como disse, eu acabei de escrever o projeto agora, ele ainda está se desenvolvendo, então espero sua resposta quando você puder me enviar, pois não quero atrapalhar muito.
Muito obrigada,
Camila
"Netmeeting"...então eu tentei manter meus contatos, reiniando o diálogo com pesquisadores de Rosa com os pesquisadores de Rosa que respeito ou me identifico...colo aqui um e-mail que mandei para um dos melhores, na minha opinião, afinal é um retrato de como está minha cabeça de pesquisadora nesse momento, mas vai mudar, você sabem:
SOBRE MEU PROJETO, MAIS UMA VEZ
Caro professor,
Escrevo para lhe informar que acabo de enviar-lhe meu projeto de doutorado impresso pelo correio, até o fim desta semana você o receberá.Agradeço imensamente a sua disposição em continuar o contato comigo.
Fiz questão de lhe enviar por dois motivos principais : Um é receber a sua opinião sobre o grau de legitimidade da pesquisa que estou começando agora, pois acho que os pesquisadores não devem fazer seus trabalhos sozinhos e, como devo ter lhe dito algumas vezes, a sua posição a respeito das relações entre Literatura e História (que é de meu total interesse), como um caminho onde o papel da ficção mediadora deve ser valorizado, é a mais interessante com a qual tomei contato nos últimos tempos. Você perceberá que uso suas idéias como base de pensamento (espero estar usando-as bem, mas isso você me irá confirmar ou não, mas interessa-me muito o diálogo...)
O outro motivo é que, como meu trabalho está inserido na área de Teoria da História, interessam-me os questionamentos epistemológicos que a linguagem de Guimarães Rosa coloca claramente ( de forma repleta de lirismo e genialidade literária, mas com crescente grau de hermetismo que, em última análise, me levou a considerar a crise das possibilidades de narração da História, pensada historiograficamente por Walter Benjamin, mas de forma geral por toda a filosofia da linguagem do século XX ).Então, trata-se de uma pesquisa que não considera a história de forma "documentalista", já que não vai pelos caminhos usuais - que se debruçariam sobre perspectivas como a "História das crianças no tempo de Rosa", mas sim sobre as possibilidades e impossibilidades de representação da linguagem infantil que este autor apresentou em seus textos -, o que está ligado ao contexto da crise epistemológica que levou ao questionamento da legitimidade da História no século XX, e isso sentido aqui no Brasil.
Como vê, meu trabalho parece ser algo original e sei que ele sempre será posto em cheque - tanto por historiadores mais tradicionalistas, quanto por pensadores da literatura menos interessados em tensões epistemológicas -, então um interlocutor como você - que assumiu claramente em seu livro, ser alguém que observa a questão como um "outro" (ou usando suas palavras, assumiu seu olhar de "marciano"), é um tesouro.
É com pessoas como você, como meu orientador Elias Thomé Saliba- que possuem visões mais abertas a outros questionamentos- que é bom estabelecer diálgos.
Uma coisa importante, não tenho muita pressa em receber seu comentário, como disse, eu acabei de escrever o projeto agora, ele ainda está se desenvolvendo, então espero sua resposta quando você puder me enviar, pois não quero atrapalhar muito.
Muito obrigada,
Camila