Já falei aqui sobre uma verdade que sempre nos causa estranhamento: O amor acaba. E isso nunca nos parece natural, já que nascemos para amar, dependemos disso tanto quanto do ar para respirar então é inconcebível que ele também acabe, e acaba mesmo muitas vezes na vida. Pensar nisso é bastante asfixiante. Já perguntava Drummond:
"Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar? "
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar? "
Mas os relacionamentos acabam, a gente acha que o amor acabou, mas talvez ele só tenha que se renovar, em outras direções com outras pessoas.Isso acontece no espaço do mundo. No meu caso pessoal, existe pelo menos um lugar na cidade onde eu posso identificar claramente esse movimento: a esquina das ruas Clélia e Turiassu na Pompéia. Foi lá que, anos e anos atrás, aconteceu o meu primeiro beijo, e também foi lá que (ocasionalmente?), ontem aconteceu o beijo de despedida da história de amor mais recente que vivi: O espaço do encontro é também o da despedida... por isso que minhas últimas palavras, apesar da situação de final, apontavam para um futuro, não porque o amor tinha acabado completamente, mas porque ele apenas mudaria de direção : "tchau meu amor, seja feliz"
Um dia a gente aprende que, apesar da sensação de estar em 'terra arrasada' que nos coloca o fim de uma relação, ela acaba fazer o amor renascer , é inevitável... e isso pode ser no mesmo lugar (a tal terra arrasada) e tempo (o presente radical onde morreu) : são só dois lados da mesma viagem...