Essa está em "João Porém, o criador de Perus", de Tutaméia...
sábado, 5 de janeiro de 2013
Borges e Guimarães (trecho)
Por vários motivos (que conheço e também que desconheço), ainda não tornei leitora de Borges. Talvez por isso, embora conhecesse de tempos a referência, nunca tinha procurado ler o livro "Borges e Guimarães". Também tem que eu não gosto muito da ideia de literarura comparada. Não me toca, sei lá... é que eu gosto de 'encorporar' os textos, dai não olho com bons olhos um terceiro elemento em uma releção tão íntima (imaturidade? ou será porque não sou da letras?) Mas tem momentos que precisamos fazer coisas, mesmo carregando mil apesares. Dei uma olhada no livro e achei bem interessante. Leiamos um aperitivo:
"interessa o processo de elaboração da escrita de Borges e de Rosa, que se faz por meio da ' tatuagem' dos elementos da língua falada no corpo da escritura, seja do ponto de vista do encadeamento sintagmático, seja no de seletividade dos significantes. Não se trata, porém, do puro e simples uso da expressão falada na clausura da escrita; nos dois autores, o caráter assistemático da fala apõe-se ao sistemático da língua, criando-se uma re-codificação que aproveita o aspecto dialético para colocar-se entre duas linhas de força: uma variante popular, falada, da qual se extraem os efeitos estilísticos, criados à revelia das normas da língua, mas que se encaixam no sistema; e outra, variante culta, literária, que implica o uso voluntário, consciente da linguagem.
O estudo comparativo baseia-se no princípio de que se devem opor elementos difereteremetem para que, da proximidade, surjam as semelhanças. As obras de Borges e de Rosa remetem a regiões opostas, geograficamente : os sertões das gerais e as orillas. Consequentemente, os traços regionais devem diferir. A maneira de produção é diversa. Em Borges, organiza-se histórias em camadas 'perolíficas', superpostas, em parco espaço, girando em torno dos mesmos motivos; em Guimarães Rosa, há sede de espaço, a narrativa flui prolífica, poderoso fluxo verbal. "
Vera Mascarenha de Campos. Borges & Guimarães. p. 22.
Mesmo não etendendo nada de Borges, eu concordo com as colocações de Vera; só problematizaria melhor todas as justificativas... de qualquer forma, cá está registrada minha leitura deste texto.
"interessa o processo de elaboração da escrita de Borges e de Rosa, que se faz por meio da ' tatuagem' dos elementos da língua falada no corpo da escritura, seja do ponto de vista do encadeamento sintagmático, seja no de seletividade dos significantes. Não se trata, porém, do puro e simples uso da expressão falada na clausura da escrita; nos dois autores, o caráter assistemático da fala apõe-se ao sistemático da língua, criando-se uma re-codificação que aproveita o aspecto dialético para colocar-se entre duas linhas de força: uma variante popular, falada, da qual se extraem os efeitos estilísticos, criados à revelia das normas da língua, mas que se encaixam no sistema; e outra, variante culta, literária, que implica o uso voluntário, consciente da linguagem.
Mesmo não etendendo nada de Borges, eu concordo com as colocações de Vera; só problematizaria melhor todas as justificativas... de qualquer forma, cá está registrada minha leitura deste texto.
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