sábado, 14 de junho de 2014

Sobre Benjamin, traduzido por João Barrento e publicado pela Editora Autentica

Como eu já falei muitas vezes, eu gosto muito do livro "Infância berlinenses, 1900" editados no Brasil em 2013. Muita gente não gosta, acha fraco, etc... mas eu acho muitas coisas naquela edição. Vamos ver um trechinho dela :

Este foi um dos trechos retirados por Walter Benjamin das versões originais mais conhecidas de seu livro "Infância Berlinense, 1900" e que constam nos anexos da edição brasileira da Editora Autêntica. Eu só conheço esse livro, mas sei que a Autêntica tem (re)editado também outras obras benjaminianas e, tomando por esse livro, eu  continuo dando o maior valor a essas edições. Especificamente sobre o  "Infância...", ela me apresentou dados que nós, aqui no Brasil, desconhecíamos (como correspondências,fontes de jornal, manuscritos que nos dão conta de acompanhar minimamente o ritmo da escritura ... coisas de total interessa a historiador). Não acho que essas coisas se apresentam para contrapor ou se sobrepor  ás traduções  que tínhamos aqui,e  muito menos  às interpretações de Benjamin mais conhecidas no Brasil ( Jeanne Marie Gagnebin ou Michel Löwy), até porque o forte deleas não é a interpretação, mas a pesquisa de Barrento que  nos trazem faces das  "notas e materiais" de Benjamin (lembrando a terminologia de Willi Bolle) referentes a composição do texto de "Infância...".  É um prato cheio aos que se interessam pela morfologia da história...

Sobre este pensamento, considero-o  simbólico do ideário do começo do século XX, especialmente   lembrando as descobertas de Freud e etc...

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Passeios pela infância, com Walter Benjamin

Neste livro, em uma tradução e seleção diferente, eu achei neste livro outros flagras do que Walter Benjamin pensava sobre infância:


Belas imagens como :

"Como uma mãe que aperta ao peito o recém-nascido sem o acordar, assim a vida trata durante muito tempo a recordação ainda tênue da infância." (Walter Benjamin, Varandas. In:Infância berlinense 1900, trad João Barrento, p. 70.)

Ou mesmo :

"Todo mundo têm uma fada a quem podem pedir a realização de um desejo. Mas só poucos são capazes de se lembrar do desejo que formularam; e por isso só poucos reconhecem mais tarde, ao longo da vida, que o seu desejo foi satisfeito. (...) " Walter Benjamin, Manhã de inverno.In:Infância berlinense 1900, trad João Barrento,  p. 82-3. 

Inclusive, sobre esta imagem, achei neste link uma figura com ele todinha :


 E, voltando ao livo,  pude reler uma das mais belas :
Walter Benjamin, A Meia.In:Infância berlinense 1900, trad João Barrento,  p. 101.

Na minha opinião esta é uma das  imagens mais sublimes de Benjamin:
"nada me dava mais prazer do que enfiar a mão por elas adentro, o mais fundo possível. Não o fazia para lhes sentir o calor. O que me atraia para aquelas profundezas era antes 'o que eu trazia comigo', na mão que descia ao seu interior enrolado... "

Bela, cotidiana, sensual, literária,poética,  histórica, psicanalítica, filosófica, infantil... tudo isso que Benjamin via onde muitos de nós enxerga só uma criança e seus afazeres...  
Na minha opinião esta é uma das  imagens mais sublimes de Benjamin:

"nada me dava mais prazer do que enfiar a mão por elas adentro, o mais fundo possível. Não o fazia para lhes sentir o calor. O que me atraia para aquelas profundezas era antes 'o que eu trazia comigo', na mão que descia ao seu interior enrolado... "

Bela, cotidiana, sensual, literária,poética,  histórica, psicanalítica, filosófica, infantil... tudo isso que Benjamin via onde muitos de nós enxerga só uma criança e seus afazeres...  

Mas como Benjamin não para de abrir caminhos para pensar o tempo e a criança (em outras palavras, em História e Infância), vou lendo e garimpando preciosidades como esta descrição de um adulto do seu sentimento ao ter sido uma criança constantemente doente:
Walter Benjamin, A Febre.In:Infância berlinense 1900, trad João Barrento,  p. 88. 

Como vimos no trecho acima, quando fala da infância,Benjamin é  profundamente proustiano ao abrir seu  repertório de sensações. Neste, talvez o  diálogo mais direto seja com Henri Bergson e a ideia de tempo como  duração (durée), e portanto uma dialética com o espaço e as atuações cotidianas...

Só uma pergunta: dá para não amar?