sábado, 26 de dezembro de 2020

Relendo Lavoura Arcaica 22 anos depois

 

Tinha lido para o vestibular em 1998, achei bonito, mas difícil, não me apaixonei. 
Quando terminei Torto Arado (que tiro foi esse?), fiz algo que costumo fazer e não né arrependi: vou ler o livro citado na epigrafe

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No caso não sei se é o Lavoura, mas esse  é o único do Raduan que tenho aqui, fui reler. Estou na metade e escrevi sobre a releitura:
LAVOURA ARCAICA - É um livro bem curto, mas substancioso. Raduan é verboragico, perfeito pra escrever romance que flerta com o fluxo de consciência, tem aquele gosto pelas palavras e parece se angustiar quando vai percebendo  que elas não dão conta de expressar a experiência, não importa quantas forem . Acho que consigo  entender parte do encantamento causado pela obra na década de 70, mesmo que outros já tivessem pelejado pra tentar se expressar antes. Não achavam as palavras certas (Clarice e Guimarães por exemplo), mas buscavam... Raduan parece diferente, apostou que talvez se utilizando todas as palavras possíveis, condensadas num texto curto, conseguisse algum bom resultado. Acho louvável a tentativa. Não é um livro que pegaria para reler (nunca peguei), mas Itamar atiçou minha curiosidade.
Um adendo, na iniciativa de reler o romance de Nassar, agora em busca de referências ao texto de Itamar, fui me desesperando porque  lia o texto em detalhes, mas não achava o pequeno trecho da epigrafe. Qual não foi minha surpresa quando descobri, já ao final da leitura, que ela é exatamente um capítulo do romance : 


Não posso esquecer que nesse livro ele também está tratando de uma lavoura (arcaica) de palavras, tem toda uma reação com o tempo que tanto aparece em "Torto Arado", acho lindo.
Isso, a meu ver, é realmente inovador e foi por isso que quis reler a obra. Estou na metade e em breve termino o passeio por essa obra que sinto ser  masculina demais pra nossa sensibilidade do século XXI.