(Imagem é da Gruta Rei do Mato em Sete Lagoas, por Marcelo Sander... Olha de novo : Não parece uma imagem da Oxum? Então : tudo está guardado debaixo do chão de Minas...) |
Que eu sou louca por MG todo mundo já sabe. Me perguntam se é por causa do Rosa, ou se eu gosto de Rosa porque eu amo Minas, mas essa é a pergunta quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha?
Na verdade o que me atrai tanto em Rosa quando em MG é o que está escondido, o mistério. Na paisagem de Minas temos belezas naturais e arquitetônicas, mas em todos os lugares tem sempre um esconderijo, uma gruta, uma mina de pedras ou ouro ( se você olhar por baixo, bem embaixo, é bem capaz de ainda encontrar ouro e diamante!), uma palavra mágica, ora esquecida mas já nascida. Na obra de Rosa, se reparar bem, também é sempre assim: tem sempre algo ou alguém escondido, na vida ou na memória, tem sempre uma palavra "nova" no começo do surgir que guarda em sim mistérios atemporais (e Rosa explora isso ao infinito).
No norte de Minas, sertão, ainda se acham conchinhas, porque hoje Minas não tem mar, mas já teve. Antes da recente história do passado colonia, Minas tem um passado pré-hisstórico de eras e tudo isso está lá, escondido.
Eu sinto muita atração por tudo isso. Mas na mesma medida eu sinto medo e pavor.
Tenho uma impressão forte de que tudo o que eu preciso saber nesta vida não está aqui fora, mas escondido lá dentro de mim, em algum salão ainda não explorado da minha gruta interior. A travessia pelo que está soterrado dentro é a da própria vida e não raro, debaixo daquele chão seco que é vigília racional , emerge do inconsciente alguma conchinha para lembrar que a história é mais antiga do que parecer. Como no conto "Nenhum, nenhuma": do nada estamos naquela "casa de fazenda, achada, ao acaso de outras várias e recomeçadas distâncias, passaram-se e passam-se, na retentiva da gente, irreversos grandes fatos- reflexos... "
Na hora que a vida se revela, num relâmpago fugaz, é impossível dever e tenho certeza que em Minas posso ver mais e melhor...