"O fim da história esteve na base da discussão epistemológica desde o século XIX e ganhou força renovada quando serviu de tônica para legitimar uma crise da historiografia no final do século XX. Depois do declínio do socialismo, da queda do Muro de Berlim em 1989, a história - como uma sequência de processos de mudanças contínua – pôde ser amplamente questionada.
Em fins dos anos 80, o estadunidense Francis Fukuyama escreveu um artigo sobre esta temática, (Fukuyama, Francis. Fim da historia e o ultimo homem. Rio de Janeiro : Rocco, 1992) no qual desenvolve uma análise panorâmica das abordagens históricas desde a Antigüidade para concluir que, após a destruição de projetos políticos como o socialismo, a humanidade teria atingido o ponto máximo de seu desenvolvimento com a democracia liberal decretando, assim, o fim da história.
Parece-nos claro, entretanto, que a história - como relação dos homens e o tempo em que vivem - não acabou, porque seu objeto legitimador - a humanidade - ainda persiste no mundo, e para nós não só é possível, como é fundamental articular, lembrar, reconstruir narrativas das nossas experiências no tempo, mesmo que os cenários – reais, políticos ou epistemológicos – possam nos parecer insustentáveis.