sábado, 30 de julho de 2016

PORQUE NÃO QUERO ESTUDAR LITERATURA INFANTIL

CIRANDA DE MENINAS -Ilustração de Augusto Rodrigues 1963
PORQUE NÃO QUERO ESTUDAR LITERATURA INFANTIL - Nada contra, claro,e não é só porque já tem muita gente muito boa estudando isso e não há necessidade da minha contribuição.

É que quando leio histórias de crianças nascidas em uma cultura livreira como a alemã, na qual é comum que as crianças recebam de herança um livro que foi lido por várias gerações anteriores, e pensa na diferença em relação realidade brasileira ... cada vez mais acredito que o interessante, aqui, é estudar o poder das brincadeiras e cantigas populares como uma cultura da criança brasileira ...

Um depoimento sobre Pedro Bloch


Ocasionalmente encontrei essa resenha sobre Pedro Bloch autor de livros infantis na internet. Legal, né?

"Fogui 05/12/2010
Os Valores da Humanidade...
Sou suspeita, adoro os livros de Pedro Bloch, sua forma de narração, sua originalidade, seu estilo e sua linguagem sempre atual. E, sobretudo, profundo sentido humano que contem suas histórias.
Em, O Menino Que Inventou A Verdade, ele narra, com muita sensibilidade, o drama do menino órfão, Teco, dando destaque, importantíssimo, aos valores de solidariedade e compreensão entre as pessoas. Na realidade o amor.
Recomendo este livro, principalmente, para aqueles que não conhecem a obra de Pedro Bloch.
ADORO!!!!!!!!!!!!! "

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Indicação de um livro de ficção infantil de Pedro Bloch


No meu pós doc me debruço sobre os livros de anedotas de criança de Pedro Bloch, não sobre seus livros de ficção infantil, mas ao ler o que Nelly Novaes Coelho escreveu sobre ele no Dicionário Crítico de Literatura Infantil e Juvenil Brasileira: Sec XIX e XX, achei que esse  me interessaria, vejam só :


        Bulunga, o Rei Azul (1983)
Divertida estorieta em diálogo, esta conta a maria do garoto Bulunga pela cor azul e as peripércias vividas por ele e várias outras personagens por causa disso. Na verdade, a mania do garoto é apenas pretexto para a conversa aparentemente maluca entre dois interlocutores (que o leitor fica sem saber quem são). Um 'barato', como diz a meninada ...Capa e ilustrações de Carlos Edgard Herrera, em tons azuis, reiteram o ludismo do texto.(COELHO, Nelly Novaes. Dicionário crítico da literatura infantil e juvenil brasileira:séculos XIX e XX. São Paulo : Edusp, 1995).




quarta-feira, 27 de julho de 2016

"Ruptura e subversão na literatura para crianças", de Maria Lucia Machens


Nesse interessantíssimo livro, Maria Lucia Machens começa nos contando que  :

"Na própria história da humanidade as crianças, por sua curiosidade e insaciável fome de conhecimento do mundo, foram com certeza os indivíduos mais interessados em ouvir as primeiras histórias. Muito antes de existirem leitores é provável que, entre os ouvintes os ouvintes, elas tenham sido os mais ávidos consumidores de literatura quando esta se manifestava apenas pela oralidade. 
Inicialmente, as histórias contadas para crianças surgiram como narrativas orais para o público adulto e eram transmitidas de geração em geração.Eram contos que falavam de mitos, aventuras, fábulas, lendas, sagas, teogonias, histórias milagrosas, temas de tradição popular e esses enredos também fascinavam as crianças. 
Afrânio Coutinho ressalta como a tradição oral é uma fonte importante na divulgação da literatura ao afirmar que 
 
"A preferência pela literatura oral. primeiro leite da cultura humana, existe em todas as bibliografias" (COUTINHO, Afrânio. Introdução à literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1964, p. 132)"
Maria Lucia Machens "Ruptura e subversão na literarura para crianças", p. 10



No caso do Guimarães Rosa, a oralidade sempre foi a pedra fundamental da sua literatura, ele que contava que, de menino, ouvia sempre as narrativas dos velhos... e depois escreveu uma literatura toda estruturada nos princípios da oralidade... e não deve ter sido à toa que Rosa e Pedro Bloch ( o médico da fala de crianças) foram amigos íntimos, né?

sábado, 23 de julho de 2016

Dez cordas e um Chamamé - Sidnei de Oliveira



"A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende, é um exercício de metafísica do inconsciente, no qual o espírito não sabe que faz filosofia,"
Arthur Schopenhauer
(no encarte do disco Prólogo, de Sidnei de Oliveira)

Voltando a leitura de Antonio Céstaro

Julho chegou, encerrando o semestre. Com isso eu parei a corrida maluca : "largue tudo e escreva um novo artigo em 3 dias para ser avaliado ainda esse ano"... agora posso ir mais devagar, então ontem a noite eu pude voltar a ler o sensacional "Arco de virar réu", do Antonio Céstaro. Saindo das ofegantes e belas páginas iniciais que fizeram PIRAR (sobre elas, leia aqui ) a leitura agora se se assenta bem (não sei se por causa da narrativa, ou porque eu , já não sou aquela leitora que começou o livro em março ... como em um campo minado, temos agora uma narrativa memorialística, pontuada de bombinhas que podem estourar a qualquer momento, mas por enquanto não interrompem o fluxo. Agora, com tempo para ler ,já tô imaginando que será um livro do tipo que vou ler devagar, para não acabar logo, sabe? Delicioso.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Sobre viola e filosofia, com Sidnei de Oliveira


Acompanho o curso "A viola que pensa: música caipira e filosofia matuta", no Centro de Pesquisa e Formação do SESC.
No site do maravilhoso violeiro Sidney de Oliveira aqui, temos acesso ao artigo "A viola capipita como estandarte", no qual ele reflete sobre a viola e algumas coisas que filósofos falaram sobre música. Vale muito a pena.

Mas como ele é um violeiro premiado,  também vale, claro, ouvi-lo tocar sua viola nesta composição inédita chamada Esplendor:

Ou então curtir todo o seu sensacional álbum Prólogo :

domingo, 17 de julho de 2016

Walter Benjamin e a essência do seu método historiográfico

Les Cahiers de L'Herne - Walter Benjamin(2013)

TEORIA DA HISTÓRIA -‘La quintessence de sa méthode réside dans as forme de présentation’ Walter Benjamin

Esses dias mesmo eu escrevi e submeti a um periódico de História um texto sobre os fragmentados manuscritos literários de Guimarães Rosa e alguns questionamentos que aquele material propunha à História. Mas, mesmo que eu tenha abordado, nele, que aqueles documentos são fruto de todo o contexto da crise da crise dos grandes paradigmas no século XX - quando passou-se a duvidar de grandes explicações para tudo -, não me será muito estranho se,  já no século XXI, meu artigo não seja  tão bem aceito de antemão, afinal ainda existem os que se  levam a sério demais.

Tem coisas que demoram para mudar, outras nunca mudam.


Acordei pensando nisso, ai abri meu 'Les Cahiers de l'Herne - Walter Benjamin' para reler o artigo "Les Passages - livre, arquives ou enciclopédie magique?" de Willi Bolle, no qual ele aborda a construção de um método historiográfico de trabalho de Benjamin (para mim eis o cerne daquela teoria da história constelacional que tanto me encanta).

Adoro e acho importante o meu estudo sobre História 'Cultural do Humor', com Pedro Bloch e as crianças, mas no fundo no fundo, sei que essa é uma forma original (e divertida) que encontrei de problematizar aqui no Brasil essas teoricamente complexas ideias historiográficas. 

Não será fácil ser aceita ou compreendida, mas acredito em tudo isso e vou insistir até não poder mais, perdoem-me.
Antes do fim eu espero ter publicado um ou outro artiguinho sobre, ou então ter "contaminado' com esses pontos luminosos artigos sobre outras coisas, como venho fazendo sempre...

EM TEMPO: Sem mais comentários sobre o significado de abordar esse tema teoricamente pesado numa manhã de domingo... eu nunca disse que eu sou uma mulher fácil, né? kkkkkkkkkkkk

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Conversando sobre Literatura infantil...


No comentário de 13 páginas (quase um elogio) que meu artigo sobre os 'Dicionários infantis de Pedro Bloch' recebeu, o/a analista começa com um comentário quase melancólico, que ressente pela falta da citação ao grupo de escritores infantis da revista Recreio e dos anos 1970 (Ana Maria Machado, Joel Rufino, etc), que segundo o aparecer, conversariam sem maior dificuldade com o trabalho de Bloch.

É verdade, sim, mas em relação àqueles 'Dicionários',nesse primeiro momento, preferi não pensar o Bloch como autor de livros infantis, porque isso ele também foi mesmo e muito, mas eu quis destacar (até como fontes de pesquisa) os dicionários e os anedotários bloquianos como um grupo autônomo da produção literária infantil de Bloch, afinal eu percebo que nesse grupo de anedotas e compêndios, vejo que as crianças aparecem não só como destinatárias, mas como co-autoras dos livros e isso é o que me chama atenção. Mas é claro que, se as crianças puderam ser efetivas co-autoras daquelas obras, isso tem relação direta com um oxigênio de ideias que circulava desde aquela década de 1970 e por isso os autores citados serão lembrados em outros trabalhos meus, frutos da pesquisa de pós-doc. Afinal aqueles foram SIM os autores que eu li na infância (especialmente a Ana Maria Machado e a Ruth Rocha - as quais eu leio até hoje). E são deliciosos os livros daquela galera, não?

Sobre esse grupo, achei na internet um texto delicioso aqui.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Balanço do 1o. ano do pós-doc "Anedotas infantis de Pedro Bloch: Narrativas de história cultural do humor e da criança (1952 - 2002)"


Esse grupo de livros (anedotários) escritos por Pedro Bloch e publicados entre 1963 e 1998 são a primeira parte das fontes de pesquisa que estou usando no  pós-doutorado “Anedotas infantis de Pedro Bloch: Narrativas de história cultural do humor e da criança (1952 - 2002)"em História Cultural, por Camila Rodrigues e em desenvolvimento pela  USP.

Nesse primeiro ano da investigação (julho de 2015- julho 2016) eu garimpei essas publicações e descobri que existe muito mais livros do Bloch (sobre foniatria, livros infantis, peças dramatúrgicas, etc), mas os que atendem aos critérios do meu filtro (dedicam-se aos ditos infantis) acho que são esses mesmo.

Sobre Criança diz cada uma!,  título que julgo sintetizar a ideia de Pedro Bloch em reunir historinhas de crianças, reescrevê-las e  publicar na  imprensa e em livros. Também com esse nome sei que  existem muitos volumes, alguns até em edições de bolso, contendo diversas historinhas de crianças, mas como preciso filtrar, escolhi o volume de 1963,  que seria o primeiro anedotário infantil bloquiano ao qual tive acesso.

Pensei muito sobre esse material, e a respeito de outras publicações de Bloch sobre falas de criança, mas em forma de compêndios, escrevi o artigo "Dicionários infantis de Pedro Bloch: compêndios sobre a graciosa sabedoria da criança" que foi considerado (em seus alcances e limitações) pelos avaliadores e que agora está no prelo da Revista Tempo (UFF). 

Agora é me dedicar ao segundo grupo de fontes sugeridas no pós-doc, que é um recorte da coluna Criança diz cada uma! publicadas na Revista Manchete (escolhi a  década de 1970 para recortar essas colunas).   

Parece que está tudo dando certo.  Sigamos.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Leandro Karnal no Roda Viva

Com Leandro Karnal no centro a Roda Morta renasceu momentaneamente ...

sexta-feira, 1 de julho de 2016

"As siglas em cores no Trabalho das passagens, de W. Benjamin" de Willi Bolle e a História da minha vida!

As siglas em cores nos manuscritos de Passagens, de W. Benjamin, interpretados por Willi Bolle

Depois de algum tempo a  gente vai descascando a cebola e achando alguns motivos das coisas. 
Li "As siglas em cores no 'Trabalho das passagens', de W. Benjamin", de Willi Bole,  em 2003 ou 2004, quando eu já estava formada, queria estudar Guimarães Rosa e ministrava uma oficina sobre ele com as CRIANÇAS.
Ai conheci o trabalho do Willi Bolle e, por consequência ,Walter Benjamin. 
Não que minha ficha tivesse caído imediatamente, eu achei tudo tão nebuloso, mas Benjamin e seu universo me pareceram sensacionais, foi amor a primeira vista.

Neste texto,  Bolle fala de uma consulta aos MANUSCRITOS BENJAMINIANOS, e das misteriosas CORES  encontradas nele, que segundo a leitura de Bolle, poderiam ser uma representação da  HISTÓRIA.

Lembro que aquela pesquisa que eu chamo de PESQUISA DA VIDA,que ainda vou fazer, é uma consulta aos manuscritos de Benjamin, para estudar as referências a infância neles. Não dá para dizer que a leitura desse texto não me influenciou, né?

Mas qualquer semelhança com as ideias que desenvolvi depois, especialmente na  tese "Escrevendo a lápis de cor : Infância e História na escritura de Guimarães Rosa", não são mera coincidências (mas também não são diretas, juro que só me dei conta agora!).