Saiu no dia 14 de janeiro a lista de livros obrigatória para o vestibular 2010 da USP e UNICAMP.
Somente três obras foram substituídas. Saíram Sagarana de Guimarães Rosa, A Rosa do povo de Drummond e Poemas escolhidos de Alberto Caeiro, e estraram Capitães de areia de Jorge Amado, Antologia 1960 de Vinicius de Moraes e O Cortiço, de Aluisio Azevedo.
Penso que a opção por Capitães da Areia, de Jorge Amado, ao invés de Sagarana me parece mais adequado para um vestibulando, pois não é um livro raso, mas também não exige uma interpretação tão profunda quando pede uma obra de Guimarães Rosa... Claro que Rosa é (para mim) incomparável, mas justamente por isso sou contra a obrigatoriedade de sua leitura. Se for para ler obrigado, acho bem melhor que seja Jorge Amado, que também tem muito pano para manga, pois trás sempre conflitos culturais e sociais a serem discutidos.
Já em relação à retirada de A Rosa do Povo, de Drummond, sou contra. Claro que é um livro bastante denso como todo Drummond, mas é de agradável leitura (apesar da densidade de alguns poemas...) e tem em sua base todo um contexto histórico (a Segunda Guerra) e todas as insatisfações frementes nesta época, o que poderia ser muito mais explorado, apesar de eu também ser a favor da entrada do poetinha nesta lista (poetinha sempre foi discriminado academicamente, mas ele também é um dos "grandes poetas do Brasil", como Drummond...) neste livro que foi indicado temos alguns dos meu favoritos dele,como Pátria minha e Operário em construção... talvez se ao invés de apostar na poesia de Vinicius para a inserção do autor no contexto da academia, pudéssemos ter apostado na prosa de Vinícius (que é forte também!) e mantido Drummond ... mas para começo, está bom.
Sobre o livro de Aluízio Azevedo, penso que é uma escolha padrão - embora o realismo já estivesse representado por Eça de Queirós com A Cidade e as Serras, mas Brasil já não é mais Portugal na época do realismo, então é interessante que apareçam as duas faces.
Resumindo eu achei a lista boa, espero dar muitas aulas sobre esses livros todos esse ano (porque as de literatura são as aulas que eu mais gosto de dar, apesar de eu estar redescobrindo o gosto bom da história, que pode ser muito divertida). Um dos nove livros da lista eu nunca li, o do Eça, mas como ele continua firme na indicação, acho que vou animar ler.
Esta nova lista de livros de leitura obrigatória, ao que me parece, apresenta alguma espécie de mudança na mentalidade pois derruba preconceitos tolos, mas vejamos como esses autores que sempre estiveram à margem serão aproveitados.
Somente três obras foram substituídas. Saíram Sagarana de Guimarães Rosa, A Rosa do povo de Drummond e Poemas escolhidos de Alberto Caeiro, e estraram Capitães de areia de Jorge Amado, Antologia 1960 de Vinicius de Moraes e O Cortiço, de Aluisio Azevedo.
Penso que a opção por Capitães da Areia, de Jorge Amado, ao invés de Sagarana me parece mais adequado para um vestibulando, pois não é um livro raso, mas também não exige uma interpretação tão profunda quando pede uma obra de Guimarães Rosa... Claro que Rosa é (para mim) incomparável, mas justamente por isso sou contra a obrigatoriedade de sua leitura. Se for para ler obrigado, acho bem melhor que seja Jorge Amado, que também tem muito pano para manga, pois trás sempre conflitos culturais e sociais a serem discutidos.
Já em relação à retirada de A Rosa do Povo, de Drummond, sou contra. Claro que é um livro bastante denso como todo Drummond, mas é de agradável leitura (apesar da densidade de alguns poemas...) e tem em sua base todo um contexto histórico (a Segunda Guerra) e todas as insatisfações frementes nesta época, o que poderia ser muito mais explorado, apesar de eu também ser a favor da entrada do poetinha nesta lista (poetinha sempre foi discriminado academicamente, mas ele também é um dos "grandes poetas do Brasil", como Drummond...) neste livro que foi indicado temos alguns dos meu favoritos dele,como Pátria minha e Operário em construção... talvez se ao invés de apostar na poesia de Vinicius para a inserção do autor no contexto da academia, pudéssemos ter apostado na prosa de Vinícius (que é forte também!) e mantido Drummond ... mas para começo, está bom.
Sobre o livro de Aluízio Azevedo, penso que é uma escolha padrão - embora o realismo já estivesse representado por Eça de Queirós com A Cidade e as Serras, mas Brasil já não é mais Portugal na época do realismo, então é interessante que apareçam as duas faces.
Resumindo eu achei a lista boa, espero dar muitas aulas sobre esses livros todos esse ano (porque as de literatura são as aulas que eu mais gosto de dar, apesar de eu estar redescobrindo o gosto bom da história, que pode ser muito divertida). Um dos nove livros da lista eu nunca li, o do Eça, mas como ele continua firme na indicação, acho que vou animar ler.
Esta nova lista de livros de leitura obrigatória, ao que me parece, apresenta alguma espécie de mudança na mentalidade pois derruba preconceitos tolos, mas vejamos como esses autores que sempre estiveram à margem serão aproveitados.