terça-feira, 9 de março de 2021

Viajando de táxi por Adis Abeba no filme 'O preço do amor' (2015)


Comecei a ler o E-book sobre a Mostra de Cinemas Africanos 2020 pelo artigo a respeito do primeiro filme etíope que assisti,  'O preço do amor' (2015), da diretora Hermon Hailay, que na época comentei com imagens aqui 

O texto é de Michael W. Thomas, pós doutorando Universidade de Londres. Gostei do trecho porque me identifiquei muito, como se o taxista Tedy , me levasse para passear pela Etiópia:

"O táxi Lada de Teddy não é  apenas central na narrativa de "Preço do Amor", representando um terceiro personagem simbólico, mas também é usado para um excelente efeito cinematográfico, fornecendo uma plataforma móvel para enquadrar as ruas  urbanas de Addis. Na sequência de abertura, as tomadas de um ângulo baixo e os "travellings" através do para-brisa e das janelas do carro oferecem uma perspectiva  dinâmica da cidade no nível da rua, estabelecendo a locação do filme, bem como o ritmo acelerado de sua narrativa. O ritmo da edição e o design de som eficaz aumentaram as mudanças tonais dentro do filme, com uma miríade de tomadas e ângulos de câmara - "panorâmicas", "close ups" e "travellings" usados para criar uma imagem vibrante da turbulenta vida nas ruas - enquadram a natureza flutuante da florescente Adis Abeba e seus habitantes. Imagens das suas de  Adis Abeba contrastam os modernos anéis rodoviários com as ruas laterais de paralelepipidos e Toyotas 4x4 com Ladas da era soviética, criando uma imagem binária da vida contemporânea de Adis - de vencedores e perdedores econômicos e de crescentes desigualdades. Em um país de alto desemprego juvenil, no qual nem Teddy nem Fere têm família para se apoiar, é o amor um pelo outro e a orientação moral do padre, que fornecem um vislumbre de esperança."p. 263

"Reflexões sobre "O preço do amor' (2015) e a paisagem urbana de Addis Abeba por Hermon Hailay" ,  por Michael W. Thomas. In: ESTEVES, Ana Camila e  OLIVEIRA, Jusciele (org). "Cinemas Africanos Contemporâneos: abordagens críticas",  p.261-4.

(O texto originalmente escrito em Língua Amárica, conhecida como Etíope, traduzido para o inglês e depois para o português do Brasil)