Oxum "Òsun òyéyéni mò" (Oxum é cheia de compreensão).
Oxum, cortadora de cabeças
Oxum assumiu na diáspora o papel da mãezinha cuidadora pela necessidade dos pretos órfãos buscarem em seu colo o acolhimento necessário para sobreviver às violências da escravidão. ⠀⠀
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Sim, ela cuidava das suas subjetividades, das suas emoções enxugava as suas lágrimas. Oxum, entretanto, não é apenas sensibilidade e delicadeza. Quando ela traz a espada, a guerra se enche d’água que afoga. ⠀⠀
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Não existe homem capaz de vencer a sua lâmina afiada. Estrategista, ela vê o inimigo com olhar da paixão. O encanta. Seu feitiço entra pelos olhos. O que ela deseja, no entanto, é saber seu ponto vital. ⠀⠀
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Oxum não derruba para desequilibrar apenas. Em guerra, Oxum é a potência feminina que dar a rasteira e o homem caído jamais conseguirá se levantar. ⠀⠀
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A Oxum acolhedora traz o rio na espada. Defende seus filhos como leoa faminta. Ela não mais perguntará, pois já fez todas as perguntas antes e as corujas de olhos grandes lhe trouxeram as respostas. A verdade é o seu julgamento. ⠀⠀
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Quando toma seu inimigo não tem pena. A força da guerreira sai do fundo do seu útero. Ela elimina uma comunidade de aborós agressores de mulheres pela espada. ⠀⠀
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Montada em seu cavalo, afia sua lâmina em água corrente, brava e forte. Manda chuva, alaga a aldeia, os homens correm, e com espada em punhos, Oxum elimina um a um. Decepa suas cabeças, traz para os pés das iyabás e anuncia ao mundo o seu poder cuidador e mortal. ⠀⠀
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Assim, Oxum mostra que não existe uma dicotomia entre o ser sensível e o ser da guerra. Que o feminino não representa apenas sensibilidade e delicadeza, mas também é vigor, estratégia e luta. Oxum é a água doce que gera a vida e também é a água límpida que afoga e leva à morte.
Texto: Van Sena Omoloji - @nagoterapia ⠀
Imagem, Arte: Breno Loeser