domingo, 3 de outubro de 2021

“Knuckle City”, África do Sul | 2019, Direção:Jahmil X. T. Qubeka

 



Sinopse: Um boxeador profissional mulherengo e decadente tenta recuperar a academia de seu falecido pai com a ajuda de seu irmão gângster imprudente. Para isso eles devem enfrentar o submundo que cerca o boxe, colocando tudo em risco enquanto tentam salvar o que seu pai lhes ensinou que era a coisa mais valiosa para um homem: sua família. Enquanto os acompanhamos nesta aventura, o diretor e roteirista sul-africano Xolani Thandikaya Qubeka nos mostra a vida nas ruas da meca do boxe na África do Sul: Mdantsane.

Reza a lenda que cinema africano só tem filme monótono e chato, né? Quem acompanha essa Mostra sabe muito bem que isso é o maior mito do mundo. Uma prova é esse filme. Eu confesso que não esperava muito dele, o tema "mundo do Boxe" não me atrai, mas gostei de saber que existe uma "meca do boxe" na África do Sul! Essa mostra me ensina tantas coisas! 

Ao contrário da maioria dos filmes africanos, que falam de mulheres, são dirigidos ou encenados por elas, esse filme é absolutamente masculino, clima de gangsters, cheio de lutas, muito sexo e nudez, violência, tiro, porrada e bomba, facções, tradição e amor familiar, tem de tudo! Não sou grande conhecedora de filme de boxe, mas do que eu conheço, esse não deixa a desejar, a ordem é a SUPERAÇÃO e, francamente, não dá para cochilar um segundo nas duas horas de fita.

Trilha sonora maravilhosa, especialmente na primeira parte, quando trata da infância de Dudu (o boxeador) e seu irmão mais novo Duke, nos 1970 , que me lembrou tanto a primeira parte de Cidade de Deus, sim aquela com as crianças atirando ou sendo baleadas, enfim ... não estamos falando de filme infantil. 

Mas não posso deixar de  dizer que adorei ter visto! Mesmo que você (como eu) nem goste tanto de filmes com essa temática, esse é bem legal, juro! Vai chamar muito a sua atenção até o fim. Pensei que ia tirar algumas fotos, acabei tirando várias, lá vai:
Dudu pede forças aos ancestrais antes de lutar

Campeão



Força

Um escritório de boxe, mas na África, não esqueça

Família

Gângster

Essa hora não dá para não arrepiar!

Treino entre o mar e o céu

Nocaute

Dudu chama os ancestrais, mas não recusa ajuda de Jesus

Sobreviventes

Desde a infância: Brigas

Né? kkkkk


“Para Maria”, Nigéria | 2020, Direção: Damilola Orimogunje


 

Sinopse: Depois de um parto complicado em que sua vida estava em jogo e que resultou na perda de seu útero, Derin tem dificuldade de se conectar com sua filha recém-nascida, Maria. Isso faz com que Derin se desconecte cada vez mais do mundo ao seu redor, incluindo seu relacionamento com o marido Afolabi, que está cheio de ansiedade por não ser capaz de compartilhar a alegria da paternidade com sua esposa. O diretor e roteirista nigeriano Damilola Orimogunje nos apresenta ao mundo da depressão pós-parto após partos traumáticos e suas consequências na saúde mental da mãe.

Mais ou menos como  acontece com Juju Stories, esse longa explora a mesma temática de um dos curtas que assisti anteriormente, falo de A Renascida, de Damilola Orimogunje , que é esteticamente muito bonito e que comento  aqui. No longa temos a história do nascimento da Maria, filha da mãe Derin e do pai Wizo. Após um parto traumático onde seu útero precisou ser retirado, Derin não consegue conviver com a bebê, tocá-la, chamar seu nome,  olhar para ela, muito menos amamentá-la. A única pessoa que parece acolhe-la, até mais que ela própria, é o marido, que é sempre um fofo, carinhoso, defende-a dos ataques da sogra que, de forma bruta. joga na cara da mulher o quanto ela é uma mãe inadequada, o quanto ela deve se acostumar com as dores físicas e psicológicas, pois ser mãe é mesmo isso, enquanto que ela não é capaz de fazer nada nem mesmo comer direito para seu leite não secar e não deixar a filha passando fome. Mas Derin não consegue, é sempre uma tortura para ela, quando sua gengiva começa a sangrar, seus cabelos a cair, ela percebe que perdeu o senso de humor, o marido está perto, mas ele também não é capaz de tudo...

Maria, tão pequena, também não é capaz de compreender o inferno onde sua mãe vive, então chora, chora muito, sem parar: falta-lhe o laço materno, o mesmo que falta a Derin, que não se formou, se desfez após o parto, criando uma bebê sem mãe e uma mãe traumatizada e culpada.

Esse filme é muito sofrido,  especialmente para nós mulheres, mas esteticamente é belo observar como a ideia foi se desenvolvendo e passou de um breve poema imagético, no curta, para um longa mais realístico, ainda que não tenha aberto mão do caráter dramático. Algumas imagens:


A sogra acusadora, também acolhe

Mãe inadequada!

Pós parto traumático

Primeiro banho de Maria

Maria conhece o pai

Pai sofre por não viver alegria da paternidade,
mas é sempre só acolhimento

Mão e filha não se reconhecem

Mãe tenta pegar Maria no colo

Sogra que só acusa

Mãe : perdida

O útero teve que ser retirado

Você continua linda, como sempre

Pare de chorar Maria

Vai de chamar Maria! Todos alegres, menos a mãe

A mesma estética do curta: azul nos azulejos brancos

Ela tenta, mas não consgue

nem trabalhar 

Diagnóstico de depressão pós parto

Não reconheço minha filha

Maria chora e Derin força a estar com ela

Maria chega em casa

Primeiro beijo em Maria

Sem vínculo entre mãe e filha



Pouca celebração da paternidade

Um dos raros momentos em que
o casal se acolhe mutuamente