quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O Cinquentenário da revista O Tico Tico, em 1955


Achei uma reportagem sobre o cinquentenário de O Tico Tico aqui.
Preciso achar esta edição, mas acho que só tem no Rio de Janeiro.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O Palhaço - Filme ... novamente


Quando assisti esse filme  no cinema já abordei muito aqui. Mas agora, por conta da minha pesquisa de doutorado  estou revendo o DVD e os extras para tentar entrar mais profundamente nesse clima e nesta pesquisa. No livro sobre o filme o diretor/ator Selton Mello deixa o seguinte depoimento que justifica deste filme para minha  pesquisa sobre infância
:


Também porque eu  acho (sempre achei, mesmo bem antes deste filme) que a cultura circense é fundamental para quem quiser entender nossa terra. Isso porque, também a história do Brasil, é aquela dos que se locomovem para garantir a sobreviência, o brasileiro é antes de tudo um  nômade... mesmo que possa não ser no sentido exato de deslocamento do corpo, ele é um nômade interior ... é sobre isso que trata o maravilhoso filme de Selton Melo. Transcrevi um texto do ator Paulo José, lido pelo Selton  nos extras do DVD que dá conta de tocar ligeiramente a experiência do circo e do seu rei que é o palhaço :

"Os palhaços raramente eram apenas palhaços. O palhaço tinha outras técnicas: podia ser a música; a acrobacia; o malabarismo; ser amestrador de animais. Meu pai sempre dizia que não se começava sendo palhaço, isso vinha depois. A primeira coisa era aprender um ofício, uma técnica. E com a vida, com a experiência do contato humano e com o gosto do contato humano, lentamente, a técnica ia se tornando menos importante e o mais importante ficaria sendo a personalidade.O fato de se morar dentro da cerca e ter pouco contato com o mundo lá fora, faz com que a convivência familiar seja mais intensa.
O palhaço permanece sempre no absurdo, sempre no imaginário, no paradoxo, no grotesco. O palhaço deve fazer rir e pensar, sonhar e refletir. O palhaço não tem psicologismos: sua lógica é física, ele pensa e sente com o corpo. Na medida em que o mundo, cada vez mais,  perde a capacidade de brincar e se reinventar, ainda mais fundamental se torna a figura do palhaço, este ser viajante no tempo e na história da humanidade."Paulo José  

 Ainda no  livro sobre o filme,  tem uma crítica linda :


Sempre  fui e vou me tornando  cada vez mais uma fã deste filme, por isso nem ligo que ele acabou nem indo ao Oscar ...quem tem esse repertório cultural e emotivo não precisa de uma estatueta...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Seis passeios pelos bosques da ficção, Umberto Eco


“Qualquer passeio pelos mundos ficcionais tem a mesma função de um brinquedo infantil. As crianças brincam com boneca, cavalinho de madeira ou pipa a fim de se familiarizarem com as leis físicas do universo e com os atos que realizarão um dia. Da mesma forma, ler ficção significa jogar um jogo através do qual damos sentido à infinidade de coisas que aconteceram, estão acontecendo ou vão acontecer no mundo real. Ao lermos uma narrativa, fugimos da ansiedade que nos assalta quando tentamos dizer algo de verdadeiro a respeito do mundo. Essa é a função consoladora da narrativa – a razão pela qual as pessoas contas histórias e têm contado histórias desde o início dos tempos.”
Umberto Eco. Seis passeios pelos bosques da ficção. p.93 

domingo, 13 de janeiro de 2013

Disco Música de Brinquedo Release



Disponível no site do Pato Fu:

Música de Brinquedo


por John Ulhoa                                                                       
"E se…?
O Pato Fu sempre levou a sério essa pergunta e sempre pagou pra ver. Dessa vez a pergunta foi: e se gravássemos um disco inteiro só usando instrumentos de brinquedo? Não um disco de música infantil, mas um disco de música “normal” filtrada por essa sonoridade.
A ideia pareceria absurda há poucos anos. No entanto, desde o CD Daqui Pro Futuro (2007) começamos a flertar com sons de caixinhas de música, realejos, pianos de brinquedo… Em algumas de minhas produções recentes usei muitos desses instrumentos, muitos comprados como presente à nossa (minha e de Fernanda) filha de 6 anos, mas que acabavam invariavelmente na frente de um microfone na sala de gravação do estúdio que temos em casa.
E tinha mais. Quase todos nós – e os amigos próximos – viramos papais e mamães nos últimos anos. A temática infantil passou a nos comover. Ao mesmo tempo, sentimos que seríamos capazes de fazer algo para pais e filhos que tivesse uma das características que mais gostamos na música: terem duas (ou mais) camadas de entendimento, um “Muppet Show” de carne, osso e música, diversão para os adultos, sem aborrecimento pros pequenos, e vice-versa.
Decidimos então gravar uma primeira música como um teste. Essa foi “Primavera”. Ficamos muito empolgados, parecia algo do tipo “por que não pensamos nisso antes!?”. Registramos em vídeo o processo, fizemos uma rápida edição pra mostrar pra alguns amigos. O efeito “sorriso estampado” que tínhamos na nossa cara apareceu instantaneamente na face das outras pessoas também. Chegamos à conclusão que não estávamos ficandos loucos.
Isso faz mais de um ano, foi no começo de 2009. De lá pra cá, muito trabalho – e diversão. Um projeto como esse é mais complicado que um disco comum. A começar pelos próprios instrumentos. Não só são mais difíceis de se tocar, mas também de se encontrar. Nem todos os instrumentos de brinquedo são “tocáveis” e separar as tranqueiras das verdadeiras jóias é uma empreitada e tanto. Bastante pesquisa foi feita em lojas, oficinas artesanais e sites. Eu, por exemplo, em qualquer viagem que fiz nesse período, voltava com a mala cheia de cornetas de plástico, tecladinhos eletrônicos baratos e qualquer tipo de traquitana que pudesse fazer um som e tivesse um apelo infantil.
Outro fator estranho ao nosso método habitual de fazer discos foi o repertório. Estamos acostumados a ir juntando material inédito, novas composições, letras, melodias soltas ao longo de uma turnê, pra gerar um disco novo ao final. Isso nunca parou, e de fato temos um tanto de material que poderia ser justamente o ponto de partida para um novo álbum de inéditas (não, não estamos em crise criativa, antes que alguém pergunte…). Mas esses arranjos de brinquedo teriam um efeito muito mais potente se aplicados a canções conhecidas. Aí é que estava a graça, que ficou muito clara quando fizemos “Primavera”: colar essa sonoridade em clássicos do pop, recriar todas as frases melódicas de músicas que não fossem só conhecidas, mas que tivessem arranjos emblemáticos. O que procuramos é o prazer de ouvir velhas canções adultas em seus arranjos originais, tirados praticamente nota por nota, só que com instrumentos de brinquedo. E assim fizemos. Descobrimos quais seriam estas canções. Foi mais difícil do que a gente pensava. Eram muitos os pré-requisitos que as candidatas tinham que trazer. Mas estão aí, e estamos muito orgulhosos de como ficaram ao final.
Por último, o elemento surpresa: a participação das crianças cantando. Bem, nunca se sabe o que uma criança vai fazer. Às vezes ela não faz o que você quer. E às vezes o que ela faz é muito melhor do que o que você queria. Não queríamos aquela sonoridade “coral de crianças”, e sim pequenas participações, marcantes e carregadas da inocência e desafinação pura de espírito que só as crianças conseguem. Acho que conseguimos, e foi um aprendizado e tanto.
E sim, o disco foi todo gravado com instrumentos de brinquedo ou miniaturas. Também foram utilizados instrumentos ligados à musicalização infantil como flauta, xilofone, kalimba e escaleta. Um cavaquinho foi usado como violão folk e também como baixo. O piano de brinquedo, o glockenspiel de latão e o kazoo de plástico foram os reis do pedaço. Um tecladinho-calculadora Casio VL1 fez a alegria das crianças na faixa dos 40 aqui. Qualquer brinquedo valeu, seja de madeira, pelúcia ou eletrônico. Em uma outra ou outra raríssima ocasião, sampleamos o brinquedo para que fosse mais fácil (na verdade o certo seria dizer “possivel”) tocá-lo com alguma eficiência. E chegamos ao ponto de usar um reverb de mola de brinquedo para processar alguns sons. Tudo está gravado com suas imperfeições, afinação duvidosa e barulho de articulação de peças móveis. Se você prestar atenção – como um adulto – vai perceber. Ou apenas se divirta – como uma criança.
Foi um prazer fazer esse disco, esperamos que sintam o mesmo ao ouví-lo.
Belo Horizonte, maio de 2010"
 
Na foto os  brinquedos que podem ou não servirem como instrumentos ... eis um exemplo da definição de INFÂNCIA como se referindo a um "being in becoming" ...  é legal pensar esse "ser tornando-se" podendo experimentar novas formas de inclusão no mundo adulto? Acho super hiper atual esta discussão ... 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A estória do Sorôco no Facebook


Hoje de manhã entrei no Facebook e recebi logo meu bom dia:

Assim não tem como o dia não ser bom, não é?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Fortuninha Crítica de "Fita Verde no cabelo", de Guimarães Rosa

Desenho de 'Fita verde no cabelo', feito à giz, por Julia (7 anos) em 2004 

Usei a expressão "fortuninha crítica" porque falarei apenas de dois textos que escolhi, que experimentaram uma análise crítica ao conto de Guimarães Rosa. Sobre ele  existem duas análises de pesquisadoras de Rosa que eu gosto muito : a mais  recente de Adélias Bezerra de Menezes (2010) e a mais antiga é a de Suzy Sperber (1987).Ninguém me perguntou de qual eu gosto mais, mas eu respondo mesmo assim: Achei que a  da Suzy é melhor. Até porque é uma análise literária propriamente dita  do texto e se debruça atenciosamente sobre ele, cogitando seus DIÁLOGOS com a matriz popular, suas  versões escritas por  Charles Perrault (1697) e pelos  irmãos Grimm (1812) e todo um repertório da literatura universal, se eu fosse da área de letras ia querer aprender a fazer uma leitura assim! Enquanto que a  Adélia (que é uma crítica literária de quem eu gosto muitíssimo),  neste texto  também indica tudo isso, até mesmo o texto de Suzy Sperber, mas como ela  está propondo uma COMPARAÇÃO (trata-se de um estudo de literatura comparada entre os textos de Rosa; de Chapeuzinho Vermelho de Perrault e Chapeuzinho amarelo do  Chico Buarque),  acaba que passando mais ligeiramente pelo texto do Rosa, o que achei uma pena. De qualquer forma, acho salutar podermos ler as duas leituras, disponíveis na internet :)

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Rosa entre seus livros


Páramo, Guimarães Rosa


"Não me surpreenderia, com efeito, fosse verdade o que disse Eurípides: 'Quem sabe a vida é uma morte, e a morte uma vida?'" PLATÃO, "GÓRGIAS"

"Sei, irmãos, que todos já existimos, antes ou em diferentes lugares, e que o que cumprimos agora, entre o primeiro choro e o último suspiro, não seia o equivalente de um dia comum, senão que ainda menos, ponto e instante efêmeros na cadeia movente: todo homem é um ressuscita no primeiro dia.
Contudo, às vezes sucede que morramos, de algum modo, espécie diversa de morte, imperfeita e temporária, no próprio decurso desta vida. Morremos, morre-se, outra palavra não haverá que defina tal estado, essa estação crucial. É um obscuro finar-se, continuando, um trespassamento que não põe termo natural à existência, mas em que a gente se sente o campo de operação profunda e demandadora, de íntima transmutação precedida de certa parada; sempre com uma destruição prévia, um dolorido esvaziamento; nós mesmos, então, nos estranhamos. Cada criatura é um rascunho, a ser retocado sem cessar, até a hora da libertação pelo arcano, a além do Lathes, o rio sem memória. Porém, todo verdadeiro grande passo adiante, no crescimento do espírito, exige o baque inteiro do ser, o apalpar imenso de perigos, um falecer no meio de trevas; a passagem. Mas o que vem depois, é o renascido, um homem mais real e novo, segundo refém os antigos grimórios. Irmãos, acreditem-me.”

GUIMARÃES ROSA, ‘’Páramo”. In: Estas estórias, p. 261/2

Guimarães Rosa Diplomata


Vamos ler uma carta escrita por Guimarães Rosa?Tem gente que fala que esta carta foi enviada por Rosa a João Cabral de Melo Neto, mas na verdade - como está no livro "Guimarães Rosa diplomata" p. 160-1 - ela foi escrita em resposta ao ao diplomata Jorge Kirchhofer Cabral, trata-se de uma correspondência profissional! De qualquer forma acho primorosa a carta.

"Consul caro colega Cabral,
.
Compareço, confirmando chegada cordial carta.

Contestando, concordo, contente, com cambiamento comunicações conjunto colegas, conforme citada consolidação confraria camaradagem co...nsular.
Conte comigo: comprometo-me cumprir cabalmente, cabralmente condições compendiadas cláusulas contexto clássico código. (Contristado, cumpre-me consolidação coligar cordialmente conjunto colegas?...crês?...crédulo!...considera:...”cobra come cobra!...” coletividade cônsules compatrícios contém, corroendo cerne, contubérnios cubiçosos, clãs, críticos, camarilhas colitigantes... contrastando, contam-se, claro, corretos contratipos, capazes, camaradas completos.) Concluindo: contentemo-nos com correspondermo-nos, caro Cabral, como coirmãos compreensivos, colaborando com colegas camaradas, combatendo corja contumaz!...

Contudo, com comedida cólera, coloco-me contra certos conceitos contidos carta caro colega, cujas conclusões, crassamente cominatórias, combato, classificando-as como corolários cavilosos, causados conturbação critério, comparável consequências copiosa congestão cerebral. Caso concordes cancelá-los , confraternizaremos completamente, com compreenção calorosa, cuja comemoração celebrarei consumindo cinco chopes (cerveja composta, contendo coisas capiciosas: corantes complicados, copiando cevada, causando cólicas cruéis...)

Céus! Convém cobrar compostura. Cesso contumélias, começando contar coisas cabíveis, crônica comtemporânea:
Como comprovo, continuo coexistindo concerto conviventes coevos, contradizendo crença conterrâneos cariocas, certamente contando com completa combustão, cremação, calcinação corpos cônsules caipiras cisatlânticos...

Calma completa? Contrário! Cessado crepúsculo, céu continuamente crepitante. Convergem cimo curvos clarões catanúvens, cobrindo campinas celestes, crivadas constelações.

Convidados comparecem, como corujas corajosas, contra cidade camuflada. Coruscam célebres coriscos coloridos. Côncavo celeste converte-se cintilante caverna caótica, como casa comadre camarada. Crebro, cavernoso, colérico, clama colossal canhonêio. Canhões cospem cometas com cauda carmesim. Caem coisas cilindro-cônicas, calibrosas, compactas, com carga centrífuga, conteúdo capaz converter casas cascalho, corpos compota, crâneos canjica. Cavam-se ciclópicas crateras (cultura couve-colosso...). Cacos cápsulas contraaéreas completam carnificina. Correndo, (canta, canta calcanhar!...) conjurando Churchil, conjeturando Coventry, campeio competente cobertura, convidativo cantinho, coso-me com chão, cautelosamente. Credo! (como conseguir colocar-me chão carioca Confeitaria Colombo, C.C., Copacabana, Catumbi???)
Cubiço, como creme capitoso, consulados Calcutá, Cobija!... Calma, calma; conseguiremos conservar carcaças.

Contestando, comunico cá conseguimos comboiar cobre captado (colheita consular comum), creditando-o cofres consignatário competente, calculo consegui-lo-ás, contanto caves corajosamente.

Conforme contas, consideras cós curtos como cômoda conjuntura, configuradora cinematográficoa contornos carnes cubicáveis. Curioso! Caso curtificação continue, conseguiremos conhecer coxas, calças?...Cáspite
Continuarei contando. Com comoção consentânea com cogitações contemporâneas, costumo compor canções. Convém conhêças:


CANTADA


Caso contigo, Carmela
Caso cumpras condição
Cobrarei casa, comida,
Cama, cavalo, canção
Carinho, cobres, cachaça,
Carnaval camaradão
Cassino (com conta certa)
Cerveja, coleira e cão,
Chevrole cinco cilindros
Canja e consideração,
Calista, cabelereiro
Cinema, calefação,
Chá, café, confeitaria,
Chocolate, chimarrão
Casemira – cinco cortes
Cada compra, comissão,
Conforto, comodidades,
Cachimbo, calma,... caixão,
Convem-te, cara Carmela?
Cherubim!...Consolação!...
(caso contrário, cabaças!
Casarei com Conceição.)
Caso contigo, Carmela,
Correndo com coração!...

Chega. Caceteei? Consola-te: concluí.

Com cordial, comovido: colega constante camarada,

Consul, capitão, clínico conceituado.

Confirme chegada carta, comunicando-me com cartão.


João Guimarães Rosa"

Guimarães Rosa : Definição


sábado, 5 de janeiro de 2013

Viver é...



Essa está em "João Porém, o criador de Perus", de Tutaméia...

Borges e Guimarães (trecho)


Por vários motivos (que conheço e também que desconheço), ainda não tornei leitora de Borges. Talvez por isso, embora conhecesse de tempos a referência, nunca tinha procurado ler o livro "Borges e Guimarães". Também tem que eu não gosto muito da ideia de literarura comparada. Não me toca, sei lá... é que eu gosto de 'encorporar' os textos, dai não olho com bons olhos um terceiro elemento em uma releção tão íntima (imaturidade? ou será porque não sou da letras?) Mas tem momentos que precisamos fazer coisas, mesmo carregando mil apesares. Dei uma olhada no livro e achei bem interessante. Leiamos um aperitivo:

"interessa o processo de elaboração da escrita de Borges e de Rosa, que se faz por meio da ' tatuagem' dos elementos da língua falada no corpo da escritura, seja do ponto de vista do encadeamento sintagmático, seja no de seletividade dos significantes. Não se trata, porém, do puro e simples uso da expressão falada na clausura da escrita; nos dois autores, o caráter assistemático da fala apõe-se ao sistemático da língua, criando-se uma re-codificação que aproveita o aspecto dialético para colocar-se entre duas linhas de força: uma variante popular, falada, da qual se extraem os efeitos estilísticos, criados à revelia das normas da língua, mas  que se encaixam no sistema; e outra, variante culta, literária, que implica o uso voluntário, consciente da linguagem.
O estudo comparativo baseia-se no princípio de que se devem opor elementos difereteremetem para que, da proximidade, surjam as semelhanças. As obras de Borges e de Rosa remetem a regiões opostas, geograficamente : os sertões das gerais e as orillas. Consequentemente, os traços regionais devem diferir. A maneira de produção é diversa. Em Borges, organiza-se histórias em camadas 'perolíficas', superpostas, em parco espaço, girando em torno dos mesmos motivos; em Guimarães Rosa, há sede  de espaço, a narrativa flui prolífica, poderoso fluxo verbal. " 
Vera Mascarenha de Campos. Borges & Guimarães. p. 22.


Mesmo não etendendo nada de Borges, eu concordo com as colocações de Vera; só problematizaria melhor  todas as justificativas... de qualquer forma, cá está registrada minha leitura deste  texto.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Donzela Guerreira


Tudo começou quando eu vi uma caixinha vermelha intitulada Donzela Guerreira na loja SESC. Tratava-se de
 
Resultado de um projeto cultural do grupo Anima, inspirado no livro "Donzela Guerreira: Um estudo de gênero", de Walnice Nogueira Galvão. Só de olhar a caixinha, imediatamente eu entendi porque aquilo serviria a mim - tem Diadorim, que é a própria Donzela Guerreira. N a página 80 do  livreto achei logo aquilo que eu procurava:



 
Olha ai Diadorim, em um dos momentos mais belos do romance Grande Sertão: Veredas (Ainda mais bonito só o trechinho logo em seguida, quando, depois da desoberta, Riobaldo diz algo como "não sabendo como chamar, disse apenas MEU AMOR") e o agradecimento a D. Aracy - outra donzela guerreira- que emociona muito. Mas, para além disso tudo,  não fazia ideia de quanta riqueza traria este material: 

 
 
Lá estava eu no centro do meu repertório cultural: uma sonoridade muito medieval, que  me lembrou tanto algumas interpretações de canções deo Elomar, não? Será que, mesmo sem querer, neste doutorado eu não estou, de alguma forma, realizando aquele meu desejo de ser medievalista? (rs) Possibilidades abertas pela longuíssima duração da História Cultural...

Tom Zé = Máquina de criatividade

Começando 2013 com muita criatividade,  tem Tom Zé no Sesc Consolação:

"INSTRUMENTAL SESC BRASIL 
Na universidade, com a orientação teórica de Koellreuter, Tom Zé incorporou à sua música conceitos modernistas. Uniu elementos de música erudita e de vanguarda ao folclore e às canções de trabalho de sua cidade, do povo de sua região. Em seus arranjos e orquestrações, acrescentou liquidificadores, rádios, máquinas de escrever, enceradeiras, gravadores, teclados e garrafas. Juntou-os a instrumentos convencionais, a par de um complexo sistema de som construído por ele próprio. Inventou, em 78, o sampler brasileiro. As letras de Tom Zé, influenciadas pela poesia concreta, privilegiam o essencial e, algumas, a síntese. Seus arranjos originais e a riqueza rítmica de suas composições o transformaram num dos mais irônicos e irreverentes criadores do Brasil. Ampliando os limites da canção popular, expressa a um só tempo rudimentaridade e alta tecnologia, realidade virtual e sonoridade naif. Une o pop à música experimental. Na década de 90 foi convidado pelo multiartista David Byrne, líder do Talking Heads, para ser o primeiro contratado pela gravadora Luaka Bop, que ele acabara de fundar. Os lançamentos dos CDs do brasileiro foram um sucesso planetário, com resenhas entusiásticas em toda a imprensa mundial. Recentemente lançou o CD “Tropicália Lixo Lógico”, elaboração musical e poética do movimento tropicalista. Para o Instrumental Sesc Brasil Tom Zé apresentará show inédito. Com Tom Zé - Triângulo e Instrumentos especiais; Daniel Maia – Guitarra e Instrumentos especiais; Cristina Carneiro – Teclados e Instrumentos especiais; Jarbas Mariz - Viola 12 Cordas, Bandolim e Instrumentos especiais; Felipe Alves – Baixo; Rogério Bastos – Bateria. Teatro Anchieta. "


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