segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

João Donato e Paula Morelembaum: Porque, ás vezes, música é muito bom de ouvir...

Comecei 2011 com real clima de renovação ... ontem eu assisti ao primeiro show de domingo no SESC do ano! Que gostoso, num dia típico de verão como estava ontem, ver muita gente bonita e alegre ali, tomando banho de piscina, sorvete, apenas passeando... mas um clima muito up! Muito melhor do que ficar assistindo TV ou morgando na Internet (coisas que me dão vontade de me matar nos domingos!).
Para além do clima ensolarado, curti um show de música de muita qualidade: João Donato e Paula Morelembaum, fazendo a gente lembrar que, às vezes é muito bom de ouvir!
Teria dado tranquilamente para assistir ao show no piso superior (onde a gente pode dançar...), mas de qualquer forma, foi femais! Sobre João Donato, não preciso nem falar muita coisa, é muito sensacional! Sobre a Paula Morelembam (que eu conhecia bem pouco), digo que ela é uma bela mulher, um poço de simpatia e energia... tem uma boa voz, mas às vezes o som do cantar dela me incomodava (talvez ela pudesse fazer um trabalho num fono... ou será que esse é o "estilo" dela? Não sei...)
De qualquer forma, passei uma relaxante tarde de verão, me reconciliando com o ato de ouvir música muito boa.
Para vocês, deixo um aperitivinho para vocês:

DETALHE: Esta gravação foi quase um mês atrás, mas ontem a Paula estava com este mesmo vestido SHOW! :)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Yamandu Costa e Dominguinhos : Todo mundo merece!



Destaque para a cara de "mestre que observa seu aprendiz" do Dominguinhos para o Yamandu e os "maneirismos" do violonista para se haver com a Feira de Mangaio ... É demais esse vídeo! Tem um outro no qual o Yamandu Costa fala (ele também fala agora) de como o encontro com Dominguinhos foi importante para ele... só sei que fico aqui me deliciando...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Projeto "Tambores de Minas": uma declaração de amor de Milton Nascimento às Minas Gerais

Como sabemos, Milton Nascimento não nasceu nas Minas
Gerais, mas isso não o impediu de assumi-la profundamente, fazendo com que sua voz se tornasse a voz de Minas. Ese projeto Tambores de Minas (disco, show, DVD) é uma linda declaração de amor àquelas terras, que pôde ver por imagensou pelo texto que ele lê em off no show

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Cines Negros


Agora todo mundo fala em "Cisne negro" por conta de um filme novo, não é isso? Não sei sobre o que trata esse filme, mas ele me lembra um livro de Nassim Nicholas Taleb, que foi um dos que me fez formatar novos significados para ser uma PESQUISADORA CIENTÍFICA em uma área como a HISTÓRIA, tão insólita às ciências hard... com livros como este percebemos que a falta de certezas que certa a lógica da História (a boa História) talvez esteja muito mais próxima de alguma verdade que as leis irrefutáveis da Física ou da Matemática... quis apenas compartilhar essa referência

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

ENTRANDO NO CLIMA DO ELOMAR

Na edição especial da Bravo "100 canções essenciais da música brasileira", que saiu em 2008, a 100a. canção citada foi "Cantiga de Amigo" do Elomar, justamente a que eu já usava em minhas aulas ... Tô entrando no clima do show do Elomar(que verei com o Caio no dia 09 de fevereiro)! Que medo!
Clique na imagem para ler o texto:


Gosto bastante deste textinho, apesar de eu não concordar com a separação violenta que ele faz entre músicas como "Cantiga de Amigo" - inspiradas nas canções trovadorescas - e outras canções de Elomar - que no texto chamam de canções no dialeto 'sertanês' (que eu ADORO) - é que para mim cantiga medieval e em sertanês são dois momentos de um mesmo processo de contato com o ESTRANHAMENTO, pelo contato com outro tempo passado, ou com outra geografia mais interiorana, o que acaba resultando no que hoje eu chamo de OUTROS ESPAÇOS DE LINGUAGENS. Isso foi o que sempre me atraiu no Elomar e até hoje continua chamando minha atenção. O que Elomar faz é puro poema. EU ADORO!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O poeta, mas crianças, a poesia ..

No final, em cerca de seis minutos, Willer me dá de presente uma espécie de depoimento legitimando a minha pesquisa! Como eu adoro este poeta!

Fita verde no cabelo - a nova velha estória


Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam.
Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.
Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia.
Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas.
Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo.
Então, ela, mesma, era quem se dizia:
– Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou.
A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são.
E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vinha-lhe correndo, em pós.
Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa.
Vinha sobejadamente.
Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque, bateu:
– Quem é?
– Sou eu… – e Fita-Verde descansou a voz. – Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com a fita verde no cabelo, que a mamãe me mandou.
Vai, a avó, difícil, disse: – Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençoe.
Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou.
A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: – Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo.
Mas agora Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou:
– Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!
– É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta… – a avó murmurou.
– Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados!
– É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta… – a avó suspirou.
– Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido?
– É porque já não estou te vendo, nunca mais, minha netinha… – a avó ainda gemeu.
Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez. Gritou: – Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!…
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo.

Texto primeiramente publicado em 8 de fevereiro de 1964, no Suplemento Literário do Estado de São Paulo, e republicado na obra póstuma João Guimarães ROSA. Ave, palavra.