Copiando da Wikipéidia . Vejo que depois de longos anos acompanhando o trabalho dos violeiros, muita coisa que está escrito aqui eu já sabia, ainda que eu não toque viola, nem nada!
Viola caipira
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Viola caipira | |
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Viola caipira com trabalho de marchetaria | |
Informações | |
ClassificaçãoHornbostel-Sachs |
Viola caipira, também conhecida como viola sertaneja, viola cabocla e viola brasileira, é um instrumento musical de cordas. Com suas variações, é popular principalmente no interior do Brasil, sendo um dos símbolos da música popular brasileira.
Origem[editar | editar código-fonte]
Tem sua origem nas violas portuguesas, oriundas de instrumentos árabes como o alaúde. As violas são descendentes diretas da guitarra latina, que, por sua vez, tem uma origem arábico-persa.[1] As violas portuguesas chegaram ao Brasil trazidas por colonos portugueses de diversas regiões do país e passou a ser usada pelos jesuítas na catequese de indígenas.[1]Mais tarde, os primeiros caboclos começaram a construir violas com madeiras toscas da terra. Era o início da viola caipira.
Tipos de viola[editar | editar código-fonte]
Existem várias denominações diferentes para Viola, utilizadas principalmente em cidades do interior: viola de pinho, viola caipira, viola sertaneja, viola de arame, viola nordestina, viola cabocla, viola cantadeira, viola de dez cordas, viola chorosa, viola de queluz, viola serena, viola brasileira, entre outras.
O instrumento[editar | editar código-fonte]
A viola caipira tem características muito semelhantes ao violão. Tanto no formato quanto na disposição das cordas e acústica, porém é um pouco menor.
Existem diversos tipos de afinações para este instrumento, sendo utilizados de acordo com a preferência do violeiro. As mais conhecidas são Cebolão, Rio Abaixo, Boiadeira e Natural. É comum a utilização da afinação Paraguaçu pelos repentistas nordestinos, apesar de também ser encontrada na região do Vale do Paraíba.
A disposição das cordas da viola é bem específica: 10 cordas, dispostas em 5 pares. Os dois pares mais agudos são afinados na mesma nota e mesma altura, enquanto os demais pares são afinados na mesma nota, mas com diferença de alturas de uma oitava. Estes pares de cordas são tocados sempre juntos, como se fossem uma só corda.
Uma característica que destaca a viola dos demais instrumentos é que o ponteio da viola utiliza muito as cordas soltas, o que resulta um som forte e sem distorções, se bem afinada. As notas ficam com timbre ainda mais forte pois este é um instrumento que exige o uso de palheta, dedeira ou principalmente unhas compridas, já que todas as cordas são feitas de aço e algumas são muito finas e duras.
Símbolo nacional[editar | editar código-fonte]
A viola é o símbolo da original música sertaneja, conhecida popularmente como moda de viola ou música raiz.
No Brasil, é um instrumento tradicional. Músicas entoadas em suas cordas atravessaram décadas e gerações e até hoje estão presentes no nosso dia a dia da cultura brasileira.
Em Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e parte de Tocantins, dentre outros, a viola tem destaque na música, onde a tradição da moda de viola é passada de geração em geração. A viola é um instrumento com um potencial fora do normal. O músico e instrumentista já falecido Renato Andrade comprovou isso em meio de estudos em que conseguiu imitar instrumentos como: Harpa de concerto, Harpa Paraguaia, Guitarra Portuguesa, Bandolim Napolitano, Balalaica Russa, e como ele sempre dizia: "...também imita a viola!"
Lendas e histórias[editar | editar código-fonte]
Existem diversas lendas e histórias acerca da tradição dos violeiros.
Há diversas lendas e histórias a respeito das afinações da viola. O nome da afinação Cebolão seria do fato de as mulheres chorarem, emocionadas ao ouvir a música, como quem corta cebola.
A afinação Rio Abaixo seria originada na lenda de que o Diabo costumava descer os rios tocando viola nessa afinação e, com ela, seduzindo as moças e as carregando rio abaixo. Do violeiro que utiliza esta afinação diz-se, eventualmente, que pode estar enfeitiçado ou ter feito pacto com o demônio.
Acredita-se que a arte de tocar viola seja um dom de Deus, e quem não o recebeu ao nascer nunca será um violeiro de destaque. Porém, a lenda diz que mesmo a pessoa não contemplada com este dom pode adquirir habilidade de um bom violeiro. Uma das opções seria uma magia envolvendo uma cobra-coral venenosa e é conhecida como simpatia da cobra-coral. Outro modo seria fazer rezas no túmulo de algum antigo violeiro na sexta-feira da paixão. Há ainda a possibilidade de o violeiro firmar um pacto com o Diabo para aprender a tocar viola.
O pesquisador Antônio Candido conta que na região da Serra do Caparaó, assim como em outras, o Diabo é considerado o maior violeiro de todos. Tal mito explica a quantidade de histórias, em todo o Brasil, de violeiros que teriam feito pacto com o Diabo para tocarem bem. Porém, o violeiro que faz este tipo de pacto não vai para o inferno já que todos no "céu" querem violeiros por lá.
Uma característica dos violeiros típico do nordeste são os duelos de tocadores. Todo bom violeiro se auto-afirma o melhor da região. Se outro violeiro o contraria, o duelo está começado.
Em certas regiões, por tradição, as violas carregam pequenos chocalhos feitos de guizo de cascavel, pois segundo a lenda, tem poder de proteção para a viola e para o violeiro. Segundo contam os violeiros de antigamente, o poder do guizo chega a quebrar as cordas e até mesmo o instrumento do violeiro adversário.
Folclore brasileiro[editar | editar código-fonte]
A viola está presente em diversas manifestações brasileiras, como Catira, Fandango, Folia de Reis, e outras, pelo Brasil afora.
Ver Também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ ab Ivan Vilela (2003). O caipira e a Viola em: Sonoridades luso-afro-brasileiras (PDF). Brasileira. Lisboa: ICS. pp. 173–189
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Araújo, Rui Torneze de (1998). Viola Caipira. Estudo Dirigido. São Paulo: Irmãos Vitale S/A. 64 páginas. CDD 787.3
- CASTAGNA, Paulo; SOUZA, Maria José Ferro de; PEREIRA, Maria Teresa Gonçalves (2012). Domingos Ferreira: um violeiro português em Vila Rica. In: LUCAS, Maria Elisabeth; NERY, Ruy Vieira. As músicas luso-brasileiras no final do antigo regime: repertórios, práticas e representações; colóquio internacional, Lisboa, 7 a 9 de junho de 2008. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda e Fundação Calouste-Gulbenkian. pp. 667–704. ISBN 978-972-27-2026-7
- Corrêa, Roberto (2000). A Arte de Pontear Viola. Brasília/Curitiba: Edição do Autor. 259 páginas. ISBN 85-901603-1-9
- Moura, Reis (2000). Descomplicando a Viola. Método Básico de Viola Caipira. 1. Brasília: Edição do autor. 62 páginas. ISBN 85-901637-1-7 Parâmetro desconhecido
|volumes=
ignorado (|volume=
) sugerido (ajuda) - Queiroz, Enúbio Divino de (2000). Repertório de Ouro para Viola Caipira. São José do Rio Preto: Ricordi. 76 páginas
- Viola, Braz da (1992). A Viola Caipira. São Paulo: Ricordi. 47 páginas
- Viola, Braz da (1999). Manual do Violeiro. São Paulo: Ricordi. 74 páginas
- Viola, Braz da (2001). Um Toque de Viola. São Paulo: Edição do autor
- Viola, Braz da (2001). 10 peças para tocar. São Paulo: Edição do autor
- Viola, Braz da (2003). Pagode de Cabo a Rabo. São Paulo: Edição do autor
- Viola, Braz da (2004). Viola-de-Cocho. método prático. São Paulo: Edição do autor
- Viola, Braz da (2004). Ponteios, O Pulo do Gato. São Paulo: Edição do autor
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Título não preenchido, favor adicionar (em português)
- Viola caipira no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (em português)
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