sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Oxum foi cigana


"Diz-se que Oxum foi cigana, daí gostar de enfeitar seus cabelos, o gosto pelas travessas e pentes, pelas argolas e aros de ouro. "(http://www.templodovaledosoledalua.org.br/orixas/oxum/)

Um mito da princesa Oxum

Princesa Oxum, de branco para Oxalá!

Um mito dos orixás que, como tantos, se assemelha muito a histórias que a gente conhece desde criança. No caso tratamos da princesa Oxum, sua narrativa tem semelhanças grandes à da de Aurora, a Bela Adormecida, confiram:

Porque Oxalá usa o Ekodidé
Conta a lenda que Oxalá, numa de suas caminhadas pelo mundo, iria passar pela aldeia de Oxum, onde pretendia parar e descansar.
Exú, mensageiro dos orixás, correu para avisar Oxum que o grande orixá fun-fun estava a caminho de sua cidade. Era preciso organizar uma grande recepção, pois a visita era muito importante para todos. Ela, então, apressou-se com os preparativos da festa, ordenando a limpeza de todas as casas e lugares públicos da aldeia, bem como que os enfeites utilizados fossem da cor branca. Oxum cuidou pessoalmente da ornamentação e limpeza de seu palácio, pois tudo tinha que estar perfeito, à altura de Oxalá.
Com tantos afazeres importantes, em tão curto espaço de tempo, Oxun não se lembrou de convidar as Iya-mi para a grande festa.
As feiticeiras não perdoaram essa desfeita. Sentindo-se muito desprestigiadas, resolveram desmoralizar Oxum perante os convidados.
No dia da chegada de Oxalá à cidade, Oxorongá entrou disfarçada no palácio para colocar, no assento do trono da Oxum, um preparado mágico, que não fora notado por ninguém.
Toda a cidade estava impecavelmente limpa e ornamentada. O palácio de Oxum, que fora caprichosamente preparado, tinha seus móveis e utensílios cobertos por tecidos de uma alvura imaculada. Branca também seria a cor das roupas utilizadas na cerimônia.
Oxalá finalmente chegou, sendo respeitosamente reverenciado numa grande demonstração de fé e admiração ao grande mensageiro da paz.
Oxun, sentada em seu trono, esperava com impaciência a entrada de Oxalá em seu palácio, quando iria oferecer-lhe seu próprio assento. Mas, ao tentar levantar-se, percebeu que estava presa em sua cadeira e, por mais força que fizesse, não conseguia soltar-se. O esforço que empreendeu foi tão grande, que, mesmo ferida, conseguiu ficar em pé, mas uma poça de sangue havia manchado suas roupas e também sua cadeira.
Quando Oxalá viu aquele sangue vermelho no trono em que se sentaria, ficou tão contrariado, que saiu imediatamente do recinto, sentindo-se muito ofendido.
Oxum, envergonhada com o acontecido, não conseguia entender porque havia ficado presa em sua própria cadeira, uma vez que ela mesma tinha cuidado de todos os preparativos.
Escondendo-se de todos, foi consultar o oráculo de Ifá para obter um conselho. O jogo, então, lhe revelou que Oxorongá havia colocado feitiço em seu assento, por não ter sido convidada.
Exú, a pedido de Oxum, foi em busca do grande pai, para relatar-lhe o ocorrido.
Oxalá retornou ao palácio, onde a grande mãe das águas estava sentada de cabeça baixa, muito constrangida. Quando ela o viu, começou a abanar seu abebe, transformando o sangue de suas roupas em penas vermelhas, que, ao voar, caíram sobre a cabeça de todos os que ali estavam, inclusive a de Oxalá. Em reconhecimento ao esforço que ela empreendeu para homenageá-lo, ele aceitou aquela pena vermelha (ekodide), prostrando-se à sua frente, em sinal de agradecimento.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Van Gogh e o amarelo


"... o amarelo que emergirá na pitura de Vicente até os quadros dos girassóis amarelos, num vaso amarelo, sobre fundo amarelo, esse ouro bronzeado que vai brilhar e emitir seus últimos fogos no outono de 1888..." David Haziot

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Hamilton de Holanda e Armandinho : Noite dos bandolins no SESC Instrumental


2018 começou com as cordas dos bandolins de Hamilton de Holanda e do Armandinho no SESC Intrumental. Sensacional! 

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Flash da vida amorosa de Van Gogh

Avançando um pouco na bio de Van Gogh muito bem escrita por David Haziot, percebo que assuntos amorosos não eram de seu maior interesse até ter uma vida adulta. Ele se interessou por uma jovem casada na adolescência e foi por ela rechaçado (quem nunca?), sofreu um pouco, mas superou. Já aos vinte e oito anos conheceu a viúva Kate Vos-Stricker e por ela se apaixonou de verdade, mas também foi rejeitado. Dela temos apenas essa foto com o filho que morreu cedo. 
Fotografia de Kate Vos-Stricke com o filho no século XIX
Tempos depois ela  também foi representada por ele no quadro "Memórias do jardim de Etten", de 1888. 
Memórias do jardim de Etten. Vicente Van Gogh, 1888
Esse jardim era o cenário das conversar dela com o jovem Vicent e esses diálogos mostraram a ele o que poderia ser ter o amor de uma mulher companheira, com quem ele poderia dividir sonhos, planos e angustias. Porém a viúva Kate já era uma criatura muito sofrida, não estava aberta para relacionamentos amorosos novamente, uma pena para Vicent.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Pedro Bloch: Um escutador de crianças



Cumprindo a meta 3 para meu 2018, acaba de ser publicado na revista childhood & philosophy o artigo "Pedro Bloch: Um escutador das crianças", a primeira produção sobre o meu pós-doutorado! O conteúdo é o mesmo da palestra que ministrei na UERJ em agosto de 2017 e trata dos anedotários infantis de Bloch! Boa leitura!

domingo, 7 de janeiro de 2018

Cores de Van Gogh

Noite de versão - Sol com pontilhado , 1888 - Vincent van Gogh

Muito antes das cores de Almodóvar - lindamente cantada em prosa em verso - o ser humano viu as extasiantes cores de Van Gogh, que "descobriu" sua importância, estudou suas relações e explorou tudo isso em suas telas, para nosso deleite.Especialmente o meu, que sou doutora em cores (minha tese se chama "Escrevendo a lápis de cor", lembram?). Na bio de Vicente me chamou a atenção esse trecho :


"Um dia , o pastor Theodorus (pai de Vicent) lhe escreveu palavras que ficaram gravadas no seu espírito, e ele retoma numa carta (ao irmão Théo) de outubro de 1875: 'Papai me escreveu um dia: Mas não esqueça a aventura de Ícaro, que quis voar até o sol e, tendo atingido certa altura, perdeu as asas e caiu no mar'.Espantosa persistência do pastor ou conhecimento da personalidade do filho, a menos que se suponha da parte deste uma conduta inconsciente tendendo a se conformar a um destino anunciado. Vicente Van Gogh é ícaro; ele de fato se elevará nas asas da pintura até o amarelo, até o ouro absoluto do final do verão de 1888, reencontrará a figura brutal do pai que quis ver em Gauguin, para então, após a queda através das formas rodopiantes de Saint-Rémy, se abismar nos azuis de Auvers-sur-Oise.
David Haziot. "Van Gogh". Trad. Paulo Neves. Porto Alegre: L&PM, 2010, P. 52

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

A bio de Van Gogh

Comecei a ler ontem, estou amando, o livro é muito bem escrito. Logo no começo uma coisa me chamou a atenção, Van Gogh, ou apenas Vicent (como eles padronizaram chamar na bio), nasceu em 1853 num contexto muito estranho para nós que somos tão individualistas no século XXI: nasceu um ano depois de Vincent Willem van Gogh, que era seu irmão mais velho natimorto. 
O autor da bio tenta nos "acalmar" sobre isso dizendo  que isso era mais ou menos comum na época, quando mortes na infância eram muito comuns,mas certamente o fato dele ter lido uma lápide com seu nome logo que aprendeu a ler, não deve ter passado em branco para a sensibilidade do artista. Mas individualidade não era a especialidade dos Van Gogh, já que existiam pelo menos uns quatro Vicente Van Gogh na família de nosso gênio, que para nós é estranho e essa estranheza pontua uma sutil mudança de sensibilidade nas percepções. Resumindo: Já estou pirando

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Sobre a humanidade!



No dia primeiro dia do ano de 2018, que também é o dia mundial da paz, leio  esta entrevista da pensadora Agnes Heller ao El País, que me emocionou muito pois me lembra os belos ideais humanistas de Pedro Bloch e de Guimarães Rosa (um judeu ucraniano que ainda criança veio ao Rio de Janeiro  refugiado no final da década de 1910, fugindo das perseguições históricas ao seu povo  e um cônsul do Brasil em Hamburgo em 1941, quando se operava o massacre dos seres humanos em escala industrial, do qye a humanidade pode se envergonhar) , que na parte final do terrível século XX ousaram acreditar na capacidade criativa  humana em reagir a partir de  outras lógicas, nao tão comuns e racionais (como o Humor, por exemplo) e de alguma forma salvar a humanidade!
Isso é lindo. Isso  é o que eu pesquisei muitos anos. Isso é História, sim. É História das ideias. E não vou abandonar essa "causa" maravilhosa.
Que 2018 abra meus caminhos para repensar essas questões tão importantes, sempre! Feliz ano novo!