Ia ler meu primeiro Dostoiévski. Talvez muito tarde, pois já estou na fase em que muito dificilmente encaro um romance tijolão clássico... Então escolhi o menor volume dele para experimentar, Noites brancas- Romance sentimental das recordações de um sonhador.
O subtítulo indicava o que eu iria encontrar...
A foto de qd emprestei: Altas expectativas |
Tinha trazido um Murakami também, mas escolhi começar pelo mais curto e estava até gostando (como de costume),nunca foi má vontade:
NOITES BRANCAS: Nunca tinha lido nada desse autor clássico, pois imaginava que ele era tipo um grande escritor do século XIX com dois pés na realidade, tipo Machado de Assis e isso não me interessava. Mas era bobagem, pois como ele poderia ter passado em vão pelo realismo fantástico russo do XIX q eu tanto amo? Comecei a ler essa novela e amei ver que, pelo menos nesse livro, o ambiente fantasmagórico determina tudo. O livro fala de quatro noites claras de verão de São Petersburgo (onde o sol não se põe ) e uma manhã, vividas pelo protagonista SONHADOR. Só li a primeira, que conta a vida desse solitário,amigo das casas,que encontra uma morena e esse encontro é marcante:
"perdoe-me se digo outra vez ...Mas veja, não posso deixar de vir aqui amanhã. Sou um sonhador; tenho tão pouca vida real que momentos assim, como este, né são tão raros que não posso deixar de reproduzi-los em meus devaneios. Vou sonhar com a senhorita a noite inteira, a semana inteira, o ano todo. Virei aqui amanhã sem falta, exatamente aqui, a estética mesmo lugar, a esta mesma hora , e ficarei feliz ao recordar o dia de hoje Este lugar já é belo para mim..." (P.23)
Terminei a segunda noite e, mesmo sabendo que não devo julgar com olhos atuais, só penso : que boy mala esse Sonhador,pobre Nastienka que tem que aturar aquela história sem fim kkkkkkEu não ando nada romântica
Claro que os protagonistas, o Sonhador e a Nastienka são muito emocionados e idealizados, como bons personagens românticos, mas o Sonhador é um leitor solitário, antissocial, melodramático, verborrágico, chatíssimo. Há quem diga que ele é cheio de camadas, e complexo, pode até ser, mas eu o achei tão chato, que nem consegui perceber. Já ela, sua amada, é uns dez anos mais jovem que ele, ouve todo seu discurso sem entender nada e só ri, mesmo sabendo que é escrava da avó idosa (algo que compreendo tão bem) como boa mulher do século XIX, tem poucas oportunidades de decidir sobre sua vida que não sejam ligadas a algum homem;. Naquele tempo, ela não teria como ter a noção da roubada que o Sonhador era, como tempos hoje.