quarta-feira, 31 de julho de 2024

Noites Brancas, de Dostoiévski

 

Ia ler meu primeiro Dostoiévski. Talvez muito tarde, pois já estou na fase em que muito dificilmente encaro um romance tijolão clássico... Então escolhi o menor volume dele para experimentar, Noites brancas- Romance sentimental das recordações de um sonhador.

O subtítulo indicava o que eu iria encontrar...

A foto de qd emprestei:
Altas expectativas 

Tinha trazido um Murakami também, mas escolhi começar pelo mais curto e estava até gostando (como de costume),nunca foi má vontade:


NOITES BRANCAS: Nunca tinha lido nada desse autor clássico, pois imaginava que ele era tipo um grande escritor do século XIX com  dois pés na realidade, tipo Machado de Assis e isso não me interessava. Mas era bobagem, pois como ele poderia ter passado em vão  pelo realismo fantástico russo do XIX q eu tanto amo?  Comecei a ler essa novela e amei ver que, pelo menos nesse livro, o ambiente fantasmagórico determina tudo.  O livro fala de quatro noites claras de verão de São Petersburgo (onde o sol não se põe ) e uma manhã,  vividas pelo protagonista SONHADOR. Só  li a primeira, que conta a vida desse solitário,amigo das casas,que encontra uma morena  e esse encontro é marcante:

 

"perdoe-me se digo outra vez ...Mas veja, não posso deixar de vir aqui amanhã. Sou um sonhador; tenho tão pouca vida real que momentos assim, como este, né são tão raros que não posso deixar de reproduzi-los em meus devaneios. Vou sonhar com a senhorita a noite inteira, a semana inteira, o ano todo. Virei aqui amanhã sem falta, exatamente aqui, a estética mesmo lugar, a esta mesma hora , e ficarei feliz ao recordar o dia de hoje  Este lugar já é belo para mim..." (P.23)

Logo em seguida o caldo começou a desandar : 
 

Terminei a segunda noite e, mesmo sabendo que não devo julgar com olhos atuais, só penso : que boy mala esse Sonhador,pobre Nastienka que tem que aturar aquela história sem fim kkkkkk
Eu não ando nada romântica


Claro que os protagonistas, o Sonhador e a Nastienka são muito emocionados e idealizados, como bons personagens românticos, mas o Sonhador é um leitor solitário, antissocial, melodramático, verborrágico, chatíssimo. Há quem diga que ele é cheio de camadas, e complexo, pode até ser, mas eu o achei tão chato, que nem consegui perceber. Já ela, sua amada, é uns dez anos mais jovem que ele, ouve todo seu discurso sem entender nada e só ri, mesmo sabendo que é escrava da avó idosa (algo que compreendo tão bem)  como boa mulher do século XIX, tem poucas oportunidades de decidir sobre sua vida que não sejam ligadas a algum homem;. Naquele tempo, ela não teria como ter a noção da roubada que o Sonhador era, como tempos hoje.


E por fim uma conclusão um pouco indigesta:


O livro é irritantemente romântico, em todos os sentidos, algo que jamais imaginei encontrar nesse autor! Gostei do belo tom fantasmagórico, a cidade e até das noites brancas, muito claras, em contraste com a história sombria de solidão, impotência e despreparo. Nesse contexto, achei a coisa mais bonita de se ler aquela figuração de São Petersburgo, que ao longo da novela vai se esvaziando,pois todos vão para o campo, fugindo do calor.

Claro que ia escrever sobre os pontos interessantes e tal, mas minha primeira impressão foi a mesma desse booktuber:



Hahahaha , honestamente é isso aí. 
O boy é um mala, se a mocinha tinha poucas saídas a não ser dar corda, como era comum na época, no século XXI, hoje já não precisamos mais dar papo pra esses TIPOS.

Reflexão posterior : 



Foi uma experiência Dostoievskisna, que venham outras melhores 😍