segunda-feira, 20 de maio de 2024

Virada cultural 2024, fraqueza ainda e livros

 


No dia 19 de maio de 2024 eu sai de casa sozinha pela  primeira vez após dengue e cirurgia. Já tinha treinado uma semana, mas meu abdominal não estava tão bom ainda. Fui ao Sesc Pompéia, trocar os livros na biblioteca, devolver os de maio que eu nem tinha conseguido ler e emprestar novos para junho. 

espero retomar ...
                                         

Novamente trouxe um de literatura Negro Brasileira, Contos crespos, do Cuti, um japonês, na verdade uma japonesa, a Hiro Arikawa e seu Relatos de um gato viajante, e um da Lygia, 8 contos de amor
Espero, verdadeiramente, poder voltar a me concentrar nas leituras... vejamos!
na fé que vou concluir a leitura de 
pelo menos um desses livros

                                                    
Sai da Biblioteca e passei na loja Sesc e vi, pela primeira vez, o CD do Berço do Samba de São Matheus em promoção. Quis me dar esse presente e dei!

                                                 

No encarte temos os seguintes textos de Nei Lopes e Danilo Santos de Miranda, sobre história do samba de São Paulo:

 O BERÇO DO SAMBA DE SÃO MATHEUS

Os círculos que discutem o samba se acostumaram, há muito tempo, a um certo tipo de pergunta recorrente : “ O de São Paulo é diferente do carioca?”. “E dá para fazer comparação?”, perguntam os ingênuos.


A questão chegou a ganhar contornos dramáticos com a, tristemente, célebre frase de “túmulo do samba”, atribuída a Vinícius de Moraes e dita, se é que foi mesmo, certamente de brincadeirinha, em busca ou por conta de um efeito. Porque a consolidação do samba urbano, no rádio e nas escolas, foi certamente um fenômeno sincrônico, ocorrido em várias capitais brasileiras e, principalmente, no eixo Rio-São Paulo. Assim, já na década de 1930, os paulistanos criavam suas primeiras apresentações como o Vai-Vai e o Lavapés. E, na passagem para a década seguinte, o rádio via surgir figuras de intérpretes autores e intérpretes do gênero, como Risadinha, Vassourinha, Isaurinha Garcia, Demônios da Garoa, Denis Brean, etc. Acrescenta-se a isso, o intercâmbio que desde sempre aconteceu entre sambistas das duas capitais como, por exemplo, entre o saudoso Pedrinho da Mangueira e seu “compadre” Germano Mathias.


Vejamos também que uma das iniciativas mais sérias do movimento popular nacional – a frente Negra Brasileira, fundada em São Paulo em 1931 – mantinha, pouca gente sabe, um “conjunto regional”, com violões, cavaquinhos e pandeiros, tocando e cantando em programas das rádios Tupi e Cultura. Por outro lado, veremos que depois em sua cidade a uma exibição do legendário Paulo da Portela, em 1940, foi que Seu Nenê da Vila Matilde teve a ideia de fundar a escola com a qual até hoje é confundido. E que, dois anos depois, o mesmo Paulo rompia com a direção de sua escola, exatamente após uma apresentação em São Paulom juntamente com Cartola e Heitor dos Prazeres.


São apenas três exemplos entre muitos a serem citados. Mas, são provas inequívocas do que queremos demonstrar e que este CD da rapaziada de São Matheus corrobora. Nele, sem sombra de sotaques e unindo gerações, a tradição do samba se mantém viva, seja nos “sambas de primeira”, com a segunda parte mais ou menos improvisada, como o Partido da Vila Formosa (faixa 3); seja nos de poética lírico ecológica, como o belíssimo “À Noite” (faixa 10); ou mesmo naquele estilo marcadamente “velha guardista”, como “Farinha do mesmo saco” (faixa 11); ou nos meta sambas, autorreferentes, como “Eterno Brasão” (faixa 08); ou ainda nos sambas de rebuscada melodia, como “Amigos e parceiros” (faixa 14) e, naqueles arrasta povo, como “Vem pra Vera Cruz” (faixa 16), que encerra o disco.


Eis aqui, então, o sumo extraído de uma roda de samba existente há mais de 15 anos no bairro de São Matheus, zona leste de São Paulo. Reduto esse que já deu ao cenário artístico nacional frutos como o “Quinteto em Branco e Preto” e o conjunto “Filhos de São Matheus”. E que contempla, com o nome “Berço do samba”, um projeto social em que a música é o fio condutor, e do qual nasceu a “Orquestra do Choro de São Matheus”, também em parte presente neste CD.


Com exceção dos dois ilustres convidados, Almir Guineto e Beth Carvalho, todos os cerca de 40 artistas participantes do disco, são presença assíduas na roda. Entre eles,além dos já internacionais integrantes do “Quinteto”, destacamos a estreia em disco da voz portentosa de Luiz Lira (faixas 8, 14 e 16) e a presença autoral de Rubão , veterano campeão de sambas-enredo em várias escolas , presenças essas que, ao lado de todas as outras, reforçam a filosofia de união comunitária que sempre norteou os núcleos do samba em todos os seus locais de origem.


É claro, pois, que São Matheus, na zona leste paulistana, não é “o” berço do samba. Mas, para nós, não resta dúvida de que o presente registro representa fielmente o “Berço do samba de São Matheus” e muito do que se faz de melhor no samba de todo o Brasil.


(Nei Lopes -Rio, junho 2007)  




e essa pérola : 


 O PRIVILÉGIO DO SAMBA

O samba, na realidade, não vem do morro

Nem da cidade...


Privilégio de todos, resistência de alguns, o samba é um laço que enreda as desilusões e as alegrias do cotidiano.


De trajetos híbridos, o samba paulista veio, no dizer de Mario de Andrade, do “samba rural”, das festas de Bom Jesus do Pirapora onde, na década de 30, grupos de diversas regiões do Estado e da Capital se reuniam para tocar os batuques das colheitas de café e de cana.


Hoje, o bumbo urbano, travestido de surdo, permanece atento, seja na tradição da história do samba paulista de Geraldo Filme, Hélio Bagunça, China da Vai-Vai, Nenê da Vila Matilde, Zeca da Casa Verde, Toniquinho Batuqueiro, Germano Mathias e Oswaldinho da Cuíca entre tantos: seja nas rodas de samba da Barra Funda, da Bela Vista ou Bexiga, perto da Baixada do Glicério ou em São Matheus, na zona leste de São Paulo.


São Matheus, o bairro que se quer cidade, teve sua origem na Fazenda São Matheus, de propriedade de Mateo Bei, que a loteou em 1948. A região, desde então, acalentou sambistas que preservaram não só o gênero musical limitado ao interregno do carnaval, mas o samba enquanto manifestação cultural, fruto dos hábitos e experiências da comunidade.


Nas suas rodas de samba, músicos como Rubens Paulista da Silva, o Rubão, Luiz Lira, o Quinteto em Branco e Preto e a Orquestra de Choro de São Matheus , cantam, tocam e contam as histórias dessa tradição musical, renovada pelos jovens integrantes do projeto social “Berço do samba”. Reunidos ao CD “Berço do samba de São Matheus”, com participações especiais de Beth Carvalho e Almir Guineto, esta iniciativa reafirma o compromisso do SESCSP em apoiar ações voltadas para a educação e para a diversidade da cultura brasileira, proporcionando o prazer para quem, como na letra e melodia de Noel Rosa e Vadico , sentirá que o samba então, nasce do coração.


(Danilo Santos de Miranda- Diretor Regional do SESCSP)

 

Estava rolando ainda, desde o dia anterior, a Virada Cultural e eu acabei conseguindo acompanhar a apresentação de jovens bailarinos do grupo Favela Dance, dançando funk. Se eu estivesse normal e sem o peso dos livros, também teria dançado, pois é contagiante e muito legal, gravei,  transmiti ao vivo e tudo mais...





Eu estava feliz, mas sem muita confiança na força do meu corpo, ainda :






Tudo vai se acertar, tenho fé que ainda em Maio estarei  quase 100%