sexta-feira, 17 de junho de 2016

História das Mulheres no Brasil


Por que cabe escrever uma História das meninas? Silvia Fávero Arend, lembrando o óbvio mas que fica ocultado pelos 'DONOS DA NARRATIVA : "a experiência de 'ser menina' muda ao longo dos séculos no Brasil " (p. 65-6)

Silvia F. Arend atribui a mudança do "ser menina no Brasil" às desigualdades socioeconômicas ... ok,,, mas eu, uma historiadora da cultura. não acho que seja apenas isso, claro... com diferentes abordagens que não se excluem a gente vai contando a História das meninas do Brasil.

Silvia  lembra que, devidos aos manuais de educação infantil publicados da primeira metade do século XX, 

"as brincadeiras saudáveis eram as que não colocavam em risco o corpo da menina. Para elas, agora, era apenas as bonecas (NOTA: "ao longo do século XX, a indústria paulatinamente transformaria os brinquedos e as outras diversões infantis em mercadorias. As bonecas - seja as em formato de bebê, nos anos 1940 e 1950, seja as com aparência de uma jovem [a Suzi e, posteriormente, a Barbie] a partir da década de 1960 até os anos 2000 - seriam grandes sucessos de vendas no Brasil.) as panelinhas, os ferros de passar, as imitações de tanques de lavar roupas; e, para os meninos, os carrinhos, os barcos, as ferrovias, as bolas e as raquetes". (p. 71)


Acho ótima e verdadeira essa síntese, eu mesma fui uma menina que colecionou bonecas (em formato de bebês e de jovens), porque era fenômeno de vendas, sim... mas, para mim, elas foram, sobretudo, objetos de resinificação, encenei e articulei as realidades com elas porque, como sempre acontece com as crianças, eu reatribui significados aos objetos que me foram ofertados. Outro trecho :

"Para além da socialização para  o exercício de papéis no interior da família, as referidas brincadeiras e diversões contribuíam no processo de educação dos indivíduos de acordo com o que se espera de mulheres e homens na idade adulta. Docilidade, meiguice, serenidade e resignação eram características consideradas femininas ao passo que as esperadas dos varões eram a coragem, opoder de decisão e a competitividade - valores e práticas que também seriam aprendidos na escola, agora entendida  como local por excelência para a educação formal das crianças e jovens de ambos os sexos." P.71

Lembrar que o modelo de criança a partir do Brasil república era o menino, varão, escoteiro ,,, e as meninas de Rosa vêm romper, em certa medida, um pouco essa noção na década de 1960.

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