quinta-feira, 16 de outubro de 2025

"Drive my car" , o filme

 



















Entre 15 e 16 de outubro de 2025 enfrentei o medo de me decepcionar com adaptações cinematográficas de textos que amo ou de passar três horas assistindo e encarei o filme.
Melhor coisa que fiz. Queria e quero ver de novo e de novo ... Que filme lindo! 






Na verdade ele é quase uma adaptação do livro "Homens sem mulheres",pois mesmo centrado no conto "Drive my car", cita outros contos Kino e Sherazade: sublime 💞
Quando acabei escrevi o depoimento: 

DRIVE MY CAR — ACABEI DE ASSISTIR! 😵😱😵‍💫😪🤐😓😨

Uma história sobre incomunicabilidade e sobre as possibilidades  diversas de comunicação,  um tema profundamente japonês.

Não vou falar do conto de Murakami, que já explorei à exaustão, mas quero destacar algumas camadas deste filme lindo:
Concordo com Isabela Boscov: a cena final da peça "Tio Vânia" de Tchecov, filmada não em palavras, mas em gestos, é uma das coisas mais belas que já vi no cinema! Me emocionei tanto!

A conversa reveladora entre Kafuku, o dono do carro, e Takatsuki,  o ator jovem que foi amante de sua esposa, é tão carregada de emoção que parece quase transbordar da tela.

E a jovem Misaki Watari, a motorista: Que personagem! Ela, que  é desde o início a lembrança da filha perdida de Kafuku,que também teria vinte e três anos e atua como ponto central da narrativa. Sou suspeita pra falar, pois já expus mil vezes minha leitura dessa história, mas no filme ela se confirma: a motorista assume o papel de uma jovem analista. 
Ela ouve  Kafuku;  as pessoas falando com Kafuku; a peça de Tchekhov,  gravada na fita K7 do carro,  e sabe que é a partir daquele texto que Kafuku  tenta simbolizar sua própria história .
No fim, ela pergunta : 
"Kafuku San, sobre a esposa morta Oto San,  seria difícil pra você aceitar ela, tudo sobre ela,como sendo verdadeiro? Talvez não houvesse nada de misterioso nela. É difícil pra você pensar que ela só era assim? Ela te amava do fundo do coração e ia atrás de outros homens o tempo todo. Pra mim não parece ter nada de falso ou contraditório nisso. Isso é estranho? Me desculpa..." Que forma amistosa e delicada de lidar com sentimentos alheios, culminando num abraço de acolhimento ,quase o gesto final de uma sessão de terapia: Estamos juntos!
Ainda preciso deixar o filme amadurecer em mim, mas por ora posso dizer, sem dúvida: QUE FILMAÇO! 🎬💔

Algumas imagens sobre o filme