domingo, 28 de julho de 2019

Experimentando o Samba do Bule

SAMBA DO BULE é muito legal,  tocam bem, se divertem tocando um repertório autoral e também de sambas tradicionais, agradando todo mundo. Mas apesar deles estarem "em casa", pois são aqui do Bom Retiro, o ambiente do Sesc e até o público não ajudaram muito a esquentar. Só imaginei se tivesse sido na choperia do Pompéia, onde assisti o Samba da Vela uma vez e foi muito mais divertido. Agora sei que num ambiente mais "sambista", na Luz ou na Sé... pega fogo. Pelo menos conheci, e aprovei, o som deles....para mais um domingo sem Caldeiras, até que foi bacana! Vejamos algumas fotos :

o bule do samba


Músicos tocando

Eu, vestida para o samba


Foto final
Agora um vídeo, como aperitivo 

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Os homens e o amor difícil em “Pela Ternura”, de Alice Diop

Cartas original do filme


Depois do resumo rápido dos curtas que assisti na Mostra de Cinemas africanos, quero me deter mais aprofundadamente e sobre um dos filmes. Foto de Pela Ternura"[Vers la Tenderesse] , dirigido pela francesa  Alice Diop.
O belo documentário trata da relação entre os homens da periferia de Paris com o amor e o universo afetivo. Grande parte desses homens é imigrante africano e é muito interessante ouvi-los falar até sobre o conflito cultural que vivem.
Cena do cotidiano, os depoimentos são falados em off

Para abordar esta questão, Diop diz que o filme é uma "mise-en-sciéne da voz off". Realmente, o filme mostra os personagens na vida, muitas vezes em perfil, ou caminhando, conversando no bar,  enquanto ouvimos suas vozes ao fundo, Nunca uma imagem deles falando, dando aquelas declarações. Isso é importante destacar, em termos de linguagem. 
No geral todos os homens do documentário mostram dificuldade em lidar com afeto, mas os africanos mais ainda! Eles falam sobre como essas ideias de relacionamento, afeto, amor ou mesmo ternura, para eles é algo que está muito longe da sua realidade. eles observam as mulheres, mas ai tem a divisão entre aquelas que poderiam ser suas esposas e as outras, que os amigos chamam d “putas”.  Não tem espaço para gostar de mulheres, nem delas gostarem deles. As mulheres que aparecem no filme estão  expostas em vitrines, na maioria das vezem em trajes íntimos e estão agindo sensualmente, mas sempre protegidas por uma parede de vidro. Em off, os rapazes falam como elas estão distantes
Uma mulher negra, sentada, que parece quebrar o vídro da vitrine

Relações interpessoais eles mantém mais facilmente com os amigos homens, que perseguem e discriminam qualquer atitude no sentido de buscar mais afeto em relação às mulheres, isso é visto como sinal de fraqueza. Uma solidão profunda
  e infinita.
Belo imigrante africano na França, que não aprendeu amar

Este belo rapaz da foto acima  explica claramente que para os imigrantes africanos, surpreende ver que os brancos, na França, aprenderam aquela narrativa romântica desde sempre, sabem desde a infância onde devem se colocar no contexto geral, etc.  
O jovem gay do filme

Ainda que os contatos “permitidos” sejam com os amigos homens, o depoimento do jovem acima, que é gay,  nos mostra que nem para eles o acesso ao afeto é fácil: ele, em uma das falas mais agressivas do filme, comenta que, na maioria das vezes, um homem procura outro homem para fazer sexo. Nem beijo costumam trocar, para evitar envolvimento.
O amor no filme

Interessante observar que o único rapaz que tem um relacionamento afetivo do filme, é branco e tem uma namorada negra. É muito bonito vê-los juntos, se tratam com alegria  e carinho, e o rapaz é romântico, ainda que tenha vergonha de mostrar isso aos amigos. Talvez ele seja o que está mais feliz no momento, afinal ele conseguiu expressar seus sentimentos e trocar isso com outra pessoa.  
Precisamos tanto de amor nessa vida, não é mesmo?

terça-feira, 16 de julho de 2019

Mostra de Cinemas Africanos 2019 : Alguns curtas metragens - Domingo, 14 de julho

No domingo, dia 14 de julho, fui para assistir 2 filmes, mas acabei vendo também mais três, num recorte sobre a temática do Afro futurismo: muito impactantes!
"As Espadas"[Kasaki Ya Suda] (França), dir. Cédric Ido, 2011
As Espadas foi meu filme favorito na mostra, num futuro distópico, por volta de 2100, o aquecimento global causo terríveis secas, levando a escassez de comida e lutas, que são abordadas centralmente no filme. No filme, as lutas unem tradições ancestrais africanas à tradição dos samurais em cenas inesquecíveis. Que filme sensacional!
"O Africano Que Queria Voar" [The African Who Wanted to Fly] (Gabão/França/Bélgica/China), dir Samantha Biffot,2007
O africano que queria voar é um documentário sobre a vida de Luc, um gabonês apaixonado por Kung Fu  desde criança , que chegou a ir a China, ganhar prêmios, ser reconhecido. é  a história de um africano de sucesso.

Na segunda parte de exibições, vi mais três filmes
"Afronautas" [Afronauts] (Estados Unidos), dir Nuotama Bosomo, 2014
Afronautas é um filme rápido, inspirado em uma história real, sobre o desejo africano de   ganhar o espaço e as tentativas frustradas que quase ninguém conhece, nem mesmo na África.
"Gagarine" (França), dir Fanny Liatard e Jéremy Trouilh, 2015
 Gagarine  é mais um filme sobre o imaginário espacial para os imigrantes africanos na França, contando a história de um deles, Youri  de 20 anos,  que mora num condomínio construído por Yuri Gagarin, que visitou o local na década de 1960 e que seria demolido no primeiro semestre de 2019, demolindo as memórias de sua infância, pois já não há nave espacial salvadora. 
"Pumzi" (Quênia), dir Wanuri Kahiu, 2009
Pumzi é o filme mais poético que vi na mostra, mostrando um cenário futurista, mas  pós apocalíptico  onde os recursos são escassos e nada parece funciona, porém o filme insiste em deixar um feixo de esperança no espectador.

Assim foi minha passagem pela mostra, sai tão feliz e satisfeita, como faz tempo que ficava!
Eu feliz, com o catálogo da mostra




Mostra de Cinemas Africanos 2019 : Alguns curtas metragens - Sábado, 13 de julho


No fim de semana etre 13 e 14 de julho eu sssisti 8 filmes cuta metragens na Mostra de Cinemas Africanos. No sábado dia 13 foram 3 filmes :
"Koka, o Açougueiro"[Koka, the butcher] (Egito/Alemanha), dir. Bence Máté 2018
Koka é um filme inédito no Brasil, mostra o subúrbio do Cairo, a chamada "cidade do lixo", uma cidade grande, populosa e suja. Para nós é ao mesmo tempo estranho e familiar, pois é tão igual à algumas periferias de São Paulo, com suas casas sem acabamento, animais vivendo sem proteção, etc. No filme acompanhamos três anos da vida de Koka, um colecionador de pombos e o filme tem o mérito de mostrar, pela primeira vez, as competições de corridas de pombo.

"O Rei do Mercado"[Soko, Soko] (Quênia/Estados Unidos), dir. Ekwa Msangi , 2016

O Rei do mercado é um filme engraçado, contando a história de quando a mãe cai doente e resta ao pai a missão de acompanhar a filha em uma feira de cabelos para que ela trance os cabelos para o primeiro dia de aula, no dia seguinte. Muitos contratempos nos fazem rir muito das personagens e muitas vezes parece que estamos vendo alguma série americana como Eu, a patroa e as crianças, porém no final um recado forte é mandando pelos personagens: não devem brigar entre eles, pois nunca podem esquecer que aquele Quênia que estavam construindo só ficaria de pé, se todos se unissem. 
Este foi o filme mais comemorado pelo público, as pessoas pareciam felizes em ver aquele filme, entenderam como ele é importante para o Quênia.
Pela Ternura"[Vers la Tenderesse] (Quênia/ France) ,dir. Alice Diop

Pela Ternura é um filme lindo sobre o universo masculino  no subúrbio de Paris , habitado em sua maioria por imigrantes africanos, para os quais as mulheres ou homens pelos quais poderiam ter afeto são figuras distantes, pois a própria ideia de ternura não lhes é familiar. 
Mais belo

Numa cena longa o perfil de um garoto toma a tela inteira, ele  talvez seja o mais belo  que vi naquele dia na mostra, explica textualmente que, ao contrário dos brancos na França , ele nunca aprendeu a ser terno! Tenso.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

A salvação pela música de João Gilberto

João Gilberto tocando No Rancho Fundo na década de 1980

Nos conta Renata Andrade Chamilet,no Facebook,  que nos anos 80, Jards Macalé desistiu de viver, saiu ligando pros amigos. Quando ligou pro João Gilberto, ele respondeu "vem aqui em casa". Quando chegou, João Gilberto deitou-o no quarto, pegou o violão e começou a tocar "No Rancho Fundo" 
Prólogo de Pavões Misteriosos, do Barcinski.
Ouçamos o mestre tocar a canção milagrosa, quem sabe ela também  não nos tira dessamelancolia de 2019!

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Caetano lê poema Logun Edé, de Eduardo Brechó

Logun Edé
Nos contam os mitos, e uma canção de Caetano, que  Logun Edé é o "menino Deus de corpo azul dourado", 
filho de Oxum Ipondá e Oxóssi Inlè ou Érinle.
No vídeo Cae lê poema de Eduardo Brechó, um poeta negro,
cuja obra cultua os orixás, membro da banda Aláfia.
Neste poema ele trata de Logun Edé: 



COISA MAIS LINDA! 

sábado, 6 de julho de 2019

Morre João Gilberto!


Gênios não morrem. Apenas o corpo de João Gilberto descansou em paz, livrou-se das brigas pelo seu espólio, descansou.
O legado imenso fica para quem sabe ouvir, pois, nas palavras de um de seus maiores admiradores, Caetano Veloso:

"Melhor do que o silêncio, só João"
Dai Cae se manifestou, primeiro ao saber da notícia : 

Depois, refletindo melhor, mas mantendo a dor incomensurável da perda: 
VIVA JOÃO GILBERTO!

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Santiago Itália: Moretti faltou ao encontro, mas a História compareceu

cartaz


Eu gosto do  Nanni Moretti, seja como ator ou diretor de cinema, posso dizer que seus filmes pontuam momentos fortes da minha vida, a ele associo narrativas leves.  

Apenas inspirada nesse histórico, fui assistir ao seu novo filme como uma naufraga que precisa sobreviver. Eu queria uma  uma narrativa ficcional para não morrer de excesso de realidade, como a personagem Cecilia de  A Rosa Púrpura do Cairo , de Woody Allen. A esse encontro, Moretti não veio, mas a História compareceu.

 Logo no início do filme, percebi que se tratava de um  documentário. E era um tradicional, composto quase que exclusivamente por depoimentos de ex presos políticos na ditadura chilena na década de 1974, sem muitos diálogos com o diretor, como tão bem fazia Eduardo Coutinho, ao qual mal comparo com seu Edifico Master, cujo tema e cenário era um prédio e o conteúdo centrava-se nos depoimentos de deus habitantes.
No caso do filme de Moretti, o tema e também personagem principal da película, é a embaixada italiana durante a ditadura chilena. Moretti parece querer extrair dos seus depoentes falas sobre como aquela instituição foi importante para que conseguissem passar por aquela realidade autoritária extrema, porque, ao contrário do que nos contam os noticiários atuais, nem sempre a Itália foi hostil aos refugiados.
Pensando na História do mundo,  esse filme é muito importante, pois discute um tema atualíssimo. Analisando como brasileira, ele também tocou fundo, não tanto pela dureza de seu conteúdo, pois, como historiadora, conheço muitos depoimentos de antigos presos políticos que foram torturados na ditadura civil militar brasileira muito mais duros e intragáveis, inclusive colhidos pela Comissão Nacional da Verdade,  mas no filme italiano,  a História do golpe de Estado no Chile, os primeiros momentos, as dinâmicas da população e reações relembradas se parecem tanto com algumas coisas que vimos acontecer aqui no Brasil, não mais na ditadura, mas agora, desde 2016. Lamentável e preocupante.     


Enfim, recomendo que assistam a esse filme. e assistam agora, porque é do momento atual que ele está tratando.