terça-feira, 31 de julho de 2012

terça-feira, 24 de julho de 2012

A Era do gelo 4


Consegui ver "A Era do Gelo 4 em 3D" antes de sair de cartaz com o fim das férias : claro que é divertidíssimo pela agilidade da animação e pela proximidade do 3D... mas fica meio piegas quando A QUARTA continuação dá uma de Disney e aposta no discurso "família" (de mamutes!). Se houver uma quinta continuação (bem capaz) ele devem inserir trilha sonora melosa com Phil Collins... para uma animação que começou tão divertida e inovadora, considero um pessimo sinal . Mas foi muito legal ver as crianças curtindo os óculos...

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Suspiro assim, como quem morre ou de quem nasce...


"...Não esperaria Blimunda que, ouvindo a música, o peito lhe dilatasse tanto, um suspiro assim, como quem morre ou de quem nasce, debruçou-se Baltasar para ela, temendo que ali se acabasse quem afinal estava retornando. Nessa noite Domenico Scarlatti ficou na quinta, tocando horas e horas, até de madrugada, já Blimunda estava de olhos abertos, corriam-lhe devagar as lágrimas ..."
 (José Saramago . Memorial do Convento. p. 179)

quinta-feira, 12 de julho de 2012

História e ficção na literatura portuguesa



"Como a ficção de Saramago e em particular a que o celebrizou tem como quadro o passado, longíquo, próximo ou mítico, uma certa crítica incluiu-a dentro da categoria do 'romance histórico' de romântica memória ou no círculo de um revivalismo, hoje muito comum, dessa famosa corrente. A inscrição do seu imaginário no 'passado' não é um simples caprichoou uma característica sem significado na sua ficção. Assinala-a logo como 'não realista', mas de uma maneira diferente da do romance histórico para quem 'o passado' deveria ser evocado como presente no Passado. A óptica de Saramago é inversa : é o Passado que é Presente. Mesmo quando retoma as cores de "romance histórico", como no Memorial (do Convento), a sua ficção é sempre em segundo grau, o de uma narrativa sobre a História, não uma fictícia ressureição dela (...) A sua ficção nasce de um propósito de reescrever uma história que já está escrita, e que como tal se vive ou é vivida enquanto 'verdade' de uma época ou de um mundo, ou da humanidade quando ela é a sua ficção não inocente. A realidade - no passado ou no presente - não é nunca acessível na sua opacidade ou transcendência, é sempre e já uma narrativa e é essa narrativa que devemos revisitar, recriar para ter acesso birtual ao "eterno presente" do sentido dela para nós, o centro fora do tempo onde tudo conflui, de onde tudo reflui. Só que tal centro não é um lugar, nem uma substâcia, realidade que possa ser circunscrita de uma vez por todas, mas a própria invenção dela, o seu sonho, em suma, a sua ficção. Como os peixes do Lago de Tiberíades esperam que o homem chamado Jesus lance sua rede, como só ele a podia lançar, a realidade, a do mundo da experiência comum ou da História, espera que o olhar que a ficciona repare nela para que o milagre de uma outra pesca que nos torna criadores aconteça. (...) dela O fim da sua (de Saramago) ficção, o fim de toda ficção é voar, elevar-se sobrevoando, não céus inexistentes nem realidades mágicas, mas descolar da sua própria realidade humana, pesada, obscura, opaca para ver melhor ou de outra maneira a luz que ela oculta, a claridade original de cada ser humano ofuscada pelo peso do mundo que pode ser apenas o de nossa própria treva. Dessa poética - que é o eco natural da poesia que em nós habita -se encontra no Memorial (do Convento) a expressão ficcional, mas também artesanal, aquela que na arte de Scarlatti e na de Bartolomeu Lourenço se configuram. Duas faces do mesmo milagre da criação, uma como se nem o criador necessitasse como o da música e outra verbo a música - e às vezes mais - terá condão de nos restituir à nossa condição natural de seres destinados a voar, quer dizer, a escapar ao tempo e à morte. (Saramago um teólogo no fio da navalha. In: O Canto do Signo - existência e literatura 1957 1993). p. 186-7)

terça-feira, 10 de julho de 2012

É CENOURA?!

Outro dia eu estava comendo um saquinho destes no ponto de ônibus em frente ao Departamento de  História na FFLCH, quando uma mulher me abordou com muito estranhamento e certa cara de nojo:
 "Nossa, pensei que ISSO que você está comendo era salgadinho, mas É CENOURORA?" KKKKKKK achei bizarro demais! Parecia que eu estava chupando limão! kkkk

Eu ainda disse: "Sim, é cenoura, é lanchinho de criança, bem docinha", mas não convenci a mulher, que continuou me olhando como se eu fosse marciana! rs

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Keep calm and Believe in history



Esse tipo de colocação de Calvin, que questiona algumas noções teóricas da histórias, é clara ao historiador que, como eu, se preocupa com a percepção do tempo e das narrativas construídas a partir dele desde a infância, que é o período onde a percepção temporal humana ainda esté em formação e todas as noções teóricas de tempo as quais nos habituamos como sendo naturais (como direção, fluxo, ritmo, etc) estão em fase de formação e qualquer cristalização é arbitrária: para a criança o tempo ainda não é uma linha progressiva. Eu penso que a história tem sim seu teor de ficção como construção (afinal acaba sendo face de uma confecção de narrativa), mas não é só isso. A outra parte é a que me faz persistir em pesquisar história: a narrativa é o resultado de todo um trabalho de pesquisa e de reflexão (ofício do historiador) em busca de possíveis verdades sobre o vivido, o sentido e o pensado pelo ser humano no tempo, o que eu acho legítimo e interessante, especialmente se esta busca for feita por alguém que tem noção destas duas faces e por isso experimenta expressar na narrativa os questionamentos teóricos percebidos na pesquisa. Isso é MUITO DÍFICIL DE SE FAZER, tanto que só alguns historiadores tentaram e (na minha opinião) muito poucos conseguiram bom resultado nisso. Mas quando isso acontece temos acesso a uma narrativa de história mais honesta e complexa. Ai acontece aquela virada da qual falava Maria Odila Silva Dias : “Historia sugira como disciplina destinada a reforçar projetos culturais hegemônicos- da igreja, do Estado-Nação – mas depois viria a ser um dos principais esteios das frentes criticas do pensamento contemporaneo” (Dias, 1998)

Em todos os contextos, mas especialmente nos que vivemos  hoje no mundo, quando o ódio e a ignorância dominam, quem nos salva é a História, em seu sentido mais mais trivial mesmo (o se se constituir como narrativa de vida, de vidas) : conhecer a história, como bem diz uma amiga minha professora de História, nos salva porque nos possibilita ter respostas ou compreender melhor o mundo louco no qual vivemos, bem como saber o que somos e termos foça para tomarmos nossas decisões. História não nos dá ordem ou  direção mesmo, Calvin, mas ela (talvez só ela) possa nos oferecer várias diretações e ordenaçãos em seus movimentos initerruptos. É preciso esclarecer isso, apesar de tudo.

domingo, 8 de julho de 2012

Alice e o Pavão misterioso


Já estava ficando tarde, Alice estava cansada e tentando achar o caminho da saída do país das Maravilhas. Foi um dia divertido, mas agora ela queria voltar para casa e tomar um lanche.
A estrada terminava num bosque. Ela ficou em dúvida se deveria entrar, com medo de se perder mais ainda. Além de tudo, logo escureceria. Mas voltar seria muito mais difícil.
Alice decidiu entrar no bosque e procurar a saída. De repente, ela viu um gramado, ao redor de um lago. Correu para lá e deu com a criatura mais bonita que já havia visto na vida.
- Uau! Que lindo! Quem é você?
- Sou o Pavão Misterioso. Quem é você?
- Eu sou a Alice. Muito prazer em conhecê-lo. Você é tão bonito. Podemos ser amigos?
- Claro que sim. Mas eu não existo.
- Como assim? Eu estou vendo você, então você existe.
- Só quem acredita em mim consegue me ver.
-O que? Você é uma pessoa tão encantadora, aposto que todo mundo gostaria de te conhecer.
- Eu sou uma lenda. Só quem acredita em mim me vê.
-O que é uma lenda?
- É como eu. Algo que pode ser bonito, mas que só existe se você acreditar que existe.
- Você mora aqui?
-Eu moro aqui e em toda parte onde alguém acredita em mim.
-E o que você faz?
-Eu atravesso as pessoas entre os mundos. Eu elevo as gentes do mundo da Terra para o mundo do céu e desço as que vivem no céu para a Terra. Posso levar as pessoas a rever os dias que já foram e a conhecer os dias que ainda serão. Você quer viajar comigo?
- Oh não, obrigada. Já é tarde, estou com fome e preciso voltar para casa. Você não me arranjaria um lanchinho e um jeito de sair daqui?
-Não, isso não me cabe. Mas se você acreditar, você certamente consegue.
-Como?
Nisso ouviram um barulhão. Era o Rei chegando com seus cavaleiros e montes de cães.
-Ei, menina! Nós estamos caçando pavões, você viu algum?
Alice ficou surpresa com a pergunta, porque ele estava ali ao seu lado. Ela lembrou então que só quem acredita vê o Pavão Misterioso.
- Vi, sim, respondeu ela – Ele estava tentando conseguir um lanche.
- Menina, eu vou te dar o lanche real para que você o atraia. Dou também um apito. Assim que ele chegar, você sopra e nós voltamos correndo para pegá-lo.
-Ah, é claro.
Eles se foram, Alice comeu todo o lanche e soprou o apito. Quando o rei chegou com os cavaleiros, ela disse:
- Ele comeu tudo e foi na direção da saída. Me levem com vocês para lá e vamos ver se ainda o encontramos.
Foi assim que Alice voltou para casa. Quando olhou pela janela, ela viu o Pavão voando, belo e suave, em direção ao por do sol.

(SEVCENKO, Nicolau. Alice e o pavão misterioso. Folhinha, Folha de São Paulo, 16 de julho de 2005. p.F6.)


sábado, 7 de julho de 2012

Os Cadernos de Saramago ainda emocionam...


José Saramago manteve um blog, O Caderno de Saramago, que deixou de funcionar em 2007 "por falta de tempo para atualizar". Mas a  Fundação José Saramago ainda mantém ativo um blog com textos do autor: Outros Cadernos de Saramago . Ok, mas hoje, por curiosidade, entrei no link daquele antigo blog  e vi que ele está apenas "quase desativado". Junto a uma foto do autor,  consta ainda ,no alto da página, uma citação do meu amado livro Memorial do Convento (que é o que eu tenho autografado pelo Nobel!):

"Mas não subiu para as estrelas, se à terra pertencia. José Saramago 1922-2010".

Me emocionou muito, ainda mais agora que soubemos da situação de saúde do Gabo...não podemos deixar de lembrar dos autores dos anos 1980, que foram muito muito bons!