sábado, 3 de março de 2012

A morte da mula sem cabeça


"Na porta de seu Chaves, o farmaceutico, tinha uma lâmpada na varanda e eu e minha mãe descemos e a esposa dele - ó me esqueço o nome dela - falou "Helena..." e minha mãe "Mas que iluminação linda, que lâmpada linda", "Helena venha ver", ai eu entre com minha mãe e ... criança não fala, né, ai minha mãe e ela começaram a falar e eu olhando aquela luz faiscante, porque uma lâmpada, naquele tempo não tinha nenhum abajour , era simplesmente a lâmpada nua, ninguém tinha ainda pensado em abajour, então eu fiquei olhando aquela coisa faiscante, aquela luz absolutamente irrepreensível na varanda toda, que ia pro quintal, ia pra rua ai eu tive uma intuição, da metafísica, do folclore, sei lá e disse assim "nossa, morreu a mula sem cabeça, morreu o lobisomen, acabaram as histórias de medo, porque o medo precisa do escuro."

Tom Zé. DVD Prirulito da ciência

Nas páginas 4-5 do livro Tom Zé tropicalista lenta luta, há uma foto da Praça do Comércio em Irará, esquina da venda de seu Naziazeno, que pertence ao acervo pessoal de Tom Zé. Olhem e digam se não lembra essa anedota? Reparem na Luz:


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