segunda-feira, 30 de março de 2009

AO FINAL SOBRAM APENAS RESTOS CHEIOS DE SIGNIFICADOS...

Minha vida nunca foi cheia de coisas e agora estou perdendo lenta e gradativamente tudo o que eu achei que tivesse! Mas sobram restos cheios de significados: aquela última rosa desabrochando, última lua cheia impactante, último debate de idéias caloroso, última canção ao violão, última cachaça, último presente... não mais aconteceu (e acho que não mais acontecerá), mas seus significados estão comigo e sempre estarão... uma pena eu não ter vivido esses momentos finais, uma pena.
Enquanto isso, vou me escondendo atrás de um escudo de mil palavras vazias, ininterruptas e enfadonhas (porque não possuem mais paixão nenhuma)... e me pergunto: Para quê continuar viva, então?
Perguntar não ofende, né?
Leiamos Bandeira e sua coleção de elementos ausentes, mas cheios de significados:

Canção do Vento e da Minha Vida- Manuel Bandeira

O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres

O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.

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