terça-feira, 17 de março de 2009

DEIXANDO AS MARCAS DO PROCESSO...

Ainda sobre a revisão da minha dissertação de mestrado, assistindo ao vídeo da defesa e lendo as considerações à margem da cópia da professora Susana, percebi que eu não defendi uma idéia maravilhosa que eu tentei exercitar, mas não me ocorreu explicar no dia. Vejamos do que eu estou falando:
A professora dizia que eu levantava muitas questões, mas não me aprofundava em nenhuma delas! Isso eu esperava que alguém dissesse e tinha a resposta pronta na língua : Uma dissertação de mestrado tem como objetivo indicar portas possíveis para a continuidade nas pesquisas sobre o tema e não entrar em alguma delas para aprofundamento, até pelo pouco tempo disponível. Desenvolver as hipóteses ficaria para outos trabalhos, meus (ao que tudo indica meu doutorado vai ser o desenvolvimento de uma das possibilidades levantadas em meu mestrado), mas também podem ser idéias para o trabalho de outras pessoas, eis a pesquisa científica. Certo, ela compreendeu.
Mas uma coisa que ela perguntou e eu achei tão surpreendente que nem respondi direito foi: "Você escolheu as três estórias de tutaméia sobre as quais se debruçar porque elas tratam do tema da migração?"
Eu respondi que não, e não mesmo eu só fui descobrir que elas três tratavam da migração depois de longo caminho de tradução e interpretação do texto de Rosa, inicialmente os meus motivos foram outros... Aí, como eu vejo no vídeo, expliquei porque tinha escolhido aquelas estórias e o assunto foi para outro lado, então acabei deixando de responder algo legal: O que aconteceu foi uma coisa que seria esperada de uma historiadora ginzburginiana (como um dia eu irei ser): Não parti com idéias previamente definidas (tipo escolher os textos porque sei que eles apresentam determinado elemento...) , fui descobrindo seus elementos e estabelendo conexões ou rupturas ao longo da pesquisa. Claro, como boa aprendiz de Ginzburg, não apaguei essas marcas no meu texto. A idéia era que não restasse dúvida nenhuma sobre o fato daquilo ser uma narrativa produzida em um determinado momento de uma pesquisa na área de história, por isso comento abertamente as dificuldades encontradas, as perguntas que não foram respondidas ainda e a narrativa não é propriamente linear, com começo meio e fim concebidos previamente e com ligações previamente demarcadas...como ela é um texto científico, suas conclusões são sempre passíveis de questionamentos ou mesmo de superação.
É por isso que algumas recomendações feitas pela professora eu não acatei (como a indicação de algums obras que, no momento em que pesquisa estava sendo feita eu não tomei contato e seria leviano da minha parte indicá-las como se eu as tivesse estudado e considerado que não eram passíveis de comentários maiores...
Como estamos vivos para que possamos formular nossas narrativas pessoais, bastente singulares, que também chamamos História, esta dissertação deve ser precisamente um retrato da Camila, a moça que entre os anos de 2000 e 2009 estudou História e Tutaméia e ninguém mais a faria como eu a fiz, com os mesmo momentos brilhantes e rasos, com a mesma paixão ou indignação.
Tenho dito.

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