sábado, 14 de março de 2009

MINHA DEFESA DE MESTRADO OU O LANCE DOS ESQUEMAS

ESTOU TRABALHANDO DURO NA REVISÃO DO TEXTO DA MINHA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO, MAS NÃO QUERO DEIXAR DE FALAR DA DEFESA, AINDA TENHO COISAS A DIZER, COMO NÃO ESTÁ DANDO TEMPO, EU POSTO AQUI O TEXTO QUE EU FALEI NO COMEÇO DO EVENTO, PARA QUE QUEM NÃO LEU O TEXTO INTEGRAL(MAIORIA) SOUBESSE UM POUCO DO QUE EU ESTAVA FALANDO. AGORA TODOS MEUS LEITORES PODERÃO SABER:

"A dissertação procura encontrar um lugar legítimo para a história em Tutaméia, livro que Guimarães Rosa publicou em 1967

NA INTRODUÇÃO que chamei Mãos vazias e pássaros voando – Começo contando a anedota da desativação da Estrada de Ferro Bahia Minas, em 1966, que foi tema de muitos discursos artísticos e memorialísticos, nenhum historiográfico. Eu li essa narrativa como a do contexto imediato de escrita e publicação de Tutaméia. Aqui explico o título do trabalho, que é uma desconstrução do dito popular "melhor um pássaro na mão do que dois voando", que foi usado no texto de Rosa para comentar tentativas de anulação da dificuldade em sobreviver quando pouca ou nenhuma oportunidade é ofertada e as pessoas acabam sobrevivendo com "mãos vazias", mas os pássaros da imaginação continuam voando.
NO CAPÍTULO 1 que chamei A História nas Estórias - insiro os dois temas centrais do trabalho: as relações entre História e Literatura em Guimarães Rosa e o objeto de estudo que é o livro Tutaméia. Isso foi abordado a partir do que encontrei nos cerca de 101 textos de recepção do volume ainda nos anos 60 - que estão disponíveis no Fundo Guimarães Rosa no IEB USP - e também no que encontrei sobre História na Fortuna Crítica rosiana em geral. Também falei das idéias de alguns teóricos que se debruçaram sobre o tema da relação entre os diversos tipos de narrativa (como a historiografia e a anedota) e apontei a temática lúdica e infantil que observei em Tutaméia.
NO CAPÍTULO 2 que chamei A Hora da palavra – me debrucei sobre a linguagem de três estórias escolhidas, em dois momentos para cada uma– no primeiro momento fiz uma paráfrase explicativa para que no segundo momento pudesse apresentar minha interpretação. Para Lá, nas campinas interpreto a partir da temática da memória; para Os três homens e o boi dos três homens que inventaram um boi interpreto a partir da temática da invenção; para Palhaço da boca verde interpreto a partir da temática da temática da não-história. Correlata a essas análises, indiquei relações com outras formas interpretativas do texto rosiano, como a música. Ao final, apontei a necessidade de abordar detalhadamente as formas representativas ficcionais usadas por Guimarães Rosa para entender as relações entre a história e a ficção nessa obra.
NO CAPÍTULO 3: que chamei As mãos vazias: Estórias da história do sertão –tratei mais profundamente dos discursos sobre o sertão rosiano, que, na época da escrita de Rosa , já estava em fase de desgaste de todas as suas expressões tradicionais. Considerei igualmente os processos de esvaziamento registrados: anulações ecológicas, históricas e culturais, que fizeram com que as personagens optassem pela migração para garantir sua sobrevivência. Para abordar esse tema, parti das representações das tradições sertanejas e depois tratei das recriações ficcionais das modificações ou mesmo anulações que nelas foram sentidas.
NO CAPÍTULO 4: que chamei Pássaros voando - Por que e como ainda narrar estórias? - retorno a um dos temas abordados no primeiro capítulo: a importância de narrar e as dificuldades de executar este exercício. Tratei de algumas idéias de pensadores importantes sobre o tema do declínio da legitimidade da história no século XX, sobre a filosofia da linguagem, bem como das suas possíveis relações com o texto de Tutaméia e com a temática do humor.
NA CONCLUSÃO que chamei Nem mãos vazias, nem pássaros voando: invariáveis projetos? – voltei a tratar da anedota da desativação da Estrada de Ferro Bahia- Minas e as dificuldades de representação e vivência no sertão mineiro, tema da na introdução destacando a opção constante de projetar saídas definitivas para o cenário de privações que identificamos em meu recorte nas estórias de Tutaméia. "

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