segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A crítica de "A música segundo Tom Jobim "

Claro que eu fui assistir ao documentário " A Música segundo Tom Jobim" logo no dia seguinte à estréia afinal eu, como a maioria dos meus contatos, adoro Tom Jobim! Claro que o filme é lindo; que coloca uma proposta de inovação no gênero documentário e isso tem sido percebido pelo público (às vezes com decepção, às vezes com revolta); claro que a ausência do João Gilberto foi doidamente sentida por mim (mas sei que ele mesmo foi quem não concedeu as imagens, uma pena), claro que o filme me entediou um pouco no começo pelo excesso de Bossa Nova (mil vezes as mesmas canções , em mil gravações mundo afora, em mil línguas), mas que isso foi resolvido logo, quando se passou a mostrar um pouco (bem pouco se comparado ao número de interpretações de Garota de Ipanema) do Tom Jobim pós Bossa Nova que eu adoro, destacando o magnífico disco Matita Perê. Podiam ter aprofundado um pouco nisso, mas de qualquer forma valeram demais os 90 minutos de exibição.
Só que eu queria neste texto falar da crítica ao filme pois, mesmo que "a linguagem musical baste", sempre é preciso selecionar, inclusive as músicas. Trata-se, sim, de um belo e imperdível filme, mas nada é perfeito, seus senãos, que deveriam aparecer nos textos críticos sobre o documentário, mas não aparecem. Os poucos que li não brincam de exercer a crítica, não. É tudo divino e maravilhoso maravilhoso no filme, "uma exaltação da cultura do país", essas coisas! No filme não temos, propositalmente, um acumulado de informações extra musicais, é uma overdse de Jobim que, confesso, beira o delicioso em alguns momentos... mas as músicas, só elas, da maneira conforme foram selecionadas, também acabam passando de algum jeito as informações , tão desejadas pelos admirdores de documentários. Aos meus olhos de expectadora (não de crítica de cinema), ai está um de seus problemas: para levantar a bandeira de um Tom que beire a perfeição, era preciso mostrar uma imagem de aplausos no festival da canção em 1968, no qual a canção Sabiá de Tom e Chico Buarque, na verdade, foi vaiada(todo mundo que sabe um pouco de história da música conhece esse episódio)? Não é possível registar nenhum possível tropeço na homenagem? Então o "documentário pós moderno", que não se presta a ser didático, também se permite passar informações possivelmente erradas?
Claro que estou colocando isso de "entrona", afinal não existe propriamente o certou ou o errado, mas alguma coloção mais crítica que apronte momentos como este deveria aparecer nos comentários críticos que, até onde vi, de crítica muito pouco tem e parecem engrossar o coro dos exaltadores da cultura nacional.
Se mesmo os "críticos" não exercitam a visão crítica, onde iremos chegar?

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