quinta-feira, 28 de março de 2013

João, o menino Rosa e a Coleção Brasileirinhos

 
João Guimarães Rosa foi uma das figuras da cultura nacional escolhida para ser personagens de um dos livros paradidáticos da Coleção Brasileirinhos, destinada a apresentar às crianças e jovens biografias de personalidades consideradas "do bem".
Jakson Ferreira de Alencar, organizador da coleção, explica AOS EDUCADORES, não aos leitores: 

“Vivemos uma grande carência de paradigmas éticos. As tão propaladas ‘celebridades’ dos nossos dias, em grande parte, não tem muitos méritos, nem artísticos, nem éticos (entendendo-se por ética não um conjunto de regrinhas, mas uma maneira de bem orientar a vida, individualmente e em relação com os outros e com os valores humanos). Reina uma mentalidade forte segundo a qual o que vale é a fama e o dinheiro a qualquer custo. Com isso ficam ocultadas as verdadeiras celebridades, as grandes personalidades que não quiseram fama e dinheiro a qualquer custo, mas que se dedicaram a edificar um mundo melhor e a elevar o nível da humanidade, pessoas que verdadeiramente ‘fizeram a diferença’ no mundo, seja na arte, na educação, na espiritualidade, no trabalho ou na cultura em geral. Por isso a Coleção Brasileirirnhos apresenta algumas dessas personalidades paradigmáticas de nosso país , as quais podem servir de inspiração para nossas crianças construírem seu futuro. A vida de cada uma delas é apresentada desde a infância, mostrando elementos que contribuíram para que fossem o que foram. A intenção não é apresentar modelos a serem seguidos, pois ninguém repete ninguém, e cada um segue o seu caminho, mas realmente apresentar inspirações.Os textos não são pedantes nem chatos, nem moralistas; pelo contrário, foram escritos de maneira literária, poética, gostosa de ler, como se fossem narrativas poéticas mesmo. Acreditamos que os leitores apreciarão muito saborear esses livros."

Partindo das propostas da coleção, acho difícil que os livros não sejam lidos como moralizantes. Sinto, de leve, um tom de preconceito cultural nesta proposta - coisa com a qual Rosa jamais concordaria -, mas o que importa é edificar a imagem de mais um vulto nacional. Em pleno século XXI acho no mínimo digno de nota.

 

 

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