COM LICENÇA ÍTALO CALVINO - O seu "Porque ler os clássicos" é mesmo estupendo, mas eu apostaria numa definição mais enxuta: Ler um clássico é ter com quem contar na vida. Na hora que vida se apresenta inteira pra gente, que exige que a gente se mostre como a gente é , que a gente fica "bêbado de eu" etemos que nos posicionar e nunca estamos prontos... é dele que a gente lembra, que nos ajuda. É na hora que o demo (nos crespos do Homem) não queria existir, não vem, mas a gente sente que ele nos ouviu, a hora que a gente vai passar de um rio calmo para o São Francismo e não sabe nadar, mas carece de ter coragem... é assim!
"PALAVRAS-CANTIGAS"- Em geral, minha leitura de Guimarães Rosa (seja das obras, seja dos manuscritos), tudo está centrado no lúdico , no ouvir e no cantar, ou como diz um personagem de "Cara de Bronze"(novela toda rendada de cantigas sertanejas), a viagem da obra rosiana é para "buscar palavras-cantigas" . Desde sempre Rosa foi para mim como uma cantiga de ninar, até mais que o escritor eruditismo por quem me apaixonei depois, ainda muito nova ele já era Joãozito, que "cantava" comigo. Pesquiso, independentemente, a escrita de Rosa desde 2001, quando assisti meu primeiro curso sobre na USP, por isso ainda antes de entrar no mestrado em 2005, eu já tinha ministrado uma oficina sobre ele para crianças na Escola Lumiar, na qual a ideia era justamente a de "brincar" com Rosa. Ideia que aquelas crianças (iletradas ou em fase de alfabetização) aceitaram de cara. Quando eu mostrei o Léxico de Guimarães Rosa uma delas perguntou : "Como ele pôde criar tantas palavras? Deixaram ele fazer isso?" rs
Eu espero mesmo que, depois, quando Rosa aparecer como obrigação em suas vidas escolares, elas pelo menos se lembrem que brincávamos com ele nas tardes de quarta feira entre 2004 e 2005.
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