Assisti "Babygirl" (Direção Halina Reijn) sozinha, numa manhã tranquila, e gostei. Tive aquela sensação agradável de ter visto um filme realmente bom , coisa que nem sempre acontece. Como alguém disse na internet, digamos que é um “filme nota 7”.
A história gira em torno de Romy (Nicole Kidman, deslumbrante), uma CEO poderosa e inacessível que vive um casamento “perfeito” com Jacob (Antonio Banderas, no papel do marido romântico). No entanto, ela mantém um caso com o jovem Samuel, seu estagiário,com quem se permite descobrir e experimentar seus desejos sexuais mais profundos que o marido nunca acompanhou e por isso estavam reprimidos: o de ser dominada, obedecer, servir.
Romy, até então a imagem da mulher que comanda e dá as ordens, revela sua camada submissa na intimidade. Só isso já seria um bom tema, mas o filme não é assim tão raso: essa entrega a um garoto só é possível e prazerosa para ambos , porque é consensual. Eis a chave do tesouro na história de Romy e Samuel.
Trata-se de uma história de adultério, não é uma história romântica no sentido tradicional, mesmo assim eu diria que é uma história de amor. Uma “anedota”, no sentido de narrativa curta, que vem para balançar estruturas, redimensionar a vida de Romy e proporcionar experiências transformadoras.
Como é um thriller sexual, é claro que muita gente (para não dizer a maioria) não vai gostar. Há uma grande rejeição aos filmes “sérios” com temática sexual, como se o ser humano não fizesse sexo. Em geral, não tenho esse estranhamento, mas lembro que não consegui terminar de assistir "Anora", porque a forma como o sexo é mostrado ali me pareceu ofensiva e cansativa. Em certo momento, perguntei: “Esse filme não tem roteiro?” — e larguei a sessão.
Este não é ,de forma alguma, o caso de Babygirl. Ali o sexo é o fio condutor de um roteiro sólido e atual, aparecendo em cenas de bom gosto inegável, muito provavelmente com a intenção de revelar camadas das personagens. O caso entre uma mulher mais velha, bem-sucedida e casada, e seu jovem estagiário traz à tona temas envolvendo sexo e poder em suas múltiplas manifestações.
Gostei bastante, embora ache que o uso constante de gemidos bem audíveis ao fundo tenha sido um pouco desnecessário. A sexualidade já estava expressa de muitas formas mais interessantes, e o som pode acabar reduzindo Romy à imagem de “uma mulher no cio” — o que definitivamente não corresponde à profundidade da personagem.
Para encerrar, destaco a trilha sonora — não apenas a incidental como acabei de comentar, que traz canções marcantes que embalam o filme: "Never Tear Us Apart", do INXS, e "Father Figure" , de George Michael: É puro suco da melhor música dos anos 1980, década em que eu era criança, mas já via a ascensão de atores como Banderas e Kidman, que atuam no filme com brilhantismo.
No Spotify, esse lugar que uso para repercutir os filmes e livros por meio das trilhas sonoras, eu encontrei uma playlist sobre Babygirl e sexualidade feminina que é puro sucesso. Como não gostar de um filme que desperta tudo isso?


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